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Destruição provocada pelo mar: Homem é responsável
Fatores climáticos aliados à ação humana provocam revolta das marés
Cotidiano 29/12/2011 08h21


Por Márcio Rocha

Em determinadas épocas do ano, geralmente nos meses de outubro e março, a ação das marés provocam uma onda de destruição em vários pontos do estado. As ondas destruíram várias casas e construções em locais como Atalaia Nova, Coroa do Meio e praias do litoral sul, como Abaís, praia do Saco e Caueira. No ano passado, a orla da praia da Caueira foi destruída pela força do mar, sendo recuperada pelo governo do estado.

Na cidade de Estância, proprietários de casas de veraneio nas praias do Abaís e Saco estão preocupados com seus imóveis, devido à destruição provocada nos últimos dias pelas ondas do mar que invadiu a área urbana levou imóveis abaixo. Não é o primeiro acontecimento de destruição de casas na região. Todos os anos, as marés chegam a ponto alto e provocam ações destrutivas.

De acordo com o meteorologista Overland Amaral, esse acontecimento nas praias do litoral sul poderá se estender para a capital e para o norte de Sergipe, devido às modificações que a hidrografia do estado está sofrendo. As marés sazonais estão se tornando mais frequentes devido a vários fatores. O aquecimento global influencia diretamente no volume de água dos rios e mares, pois o mar está se expandindo. Além das ações humanas bloqueando o curso de canais naturais, com o fim de promover especulação imobiliária.

Segundo Overland, o estado de Sergipe tem uma região costeira baixa, estuário plano, sem a proteção de arrecifes naturais, que quebram as ondas e diminuem a força das marés. Este fator geográfico natural facilita o impacto provocado pelas marés nas áreas construídas. O alerta dado pela natureza foi feito há vários anos, desde que as primeiras casas foram destruídas na praia do Abaís, em 1990. De lá pra cá, muitos loteamentos nas regiões costeiras foram sendo construídos, e com eles, imóveis de valores portentosos sem a menor preocupação com o ecossistema local.

As marés de dezembro são corriqueiramente medidas em sua altura, por volta de dois metros e meio nos dias atuais. Sendo que estas não deveriam estar passando de 2.2 metros. Os ventos têm sido mais fortes na costa sergipana nos últimos dias, principalmente nas direções leste, sudeste e nordeste, o que provocando o atrito na água do mar, levanta ondas de até quatro metros de altura, chegando a sete metros em relação à faixa de maré.

Segundo avaliaçãoes do especialista, os canais naturais que foram desviados do seu curso, principalmente por ação de aterramento para construção de imóveis, estão mudando seu curso para outros locais, provocando ação de refluxo nas marés, gerando assim a temida ressaca, que destruiu e continuará destruindo as construções feitas na faixa de terra que é pertencente ao mar.

Bairros como Coroa do Meio, 13 de julho e a Orla da praia de Atalaia sofrerão com as ações revoltosas do mar, segundo Overland, além da Atalaia Nova, que já passou por uma onda de destruição ao longo de 2011 com efeito de ressaca dos mares. O meteorologista destacou que ao se encontrar pontos de destruição provocada pelas marés, encontram-se vestígios de vegetação de manguezal, tentando sobreviver após o aterramento.

Overland Amaral destaca que as construções estão sendo feitas sem respeitar a natureza. “Não respeitam o limite da linha de praia, que é aquela marca que o mar deixa em sua maré mais alta e chega até a terra. Em uma costa baixa como a sergipana, problemas continuarão acontecendo e mais destruição virá. Pois estão assoreando os rios, mudando os canais naturais e provocando a erosão. Sem respeitar a ordem natural, o clima sofrerá temperos que resultarão em ação destrutiva”, destacou o meteorologista.

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