Agente penitenciário: Profissão perigo | F5 News - Sergipe Atualizado

Agente penitenciário: Profissão perigo
Líder sindical denuncia irregularidades
Cotidiano 11/04/2012 15h01


Por Márcio Rocha

O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Sergipe, Iran Alves, denuncia que os trabalhadores dos presídios estão sofrendo muitas dificuldades para o desempenho de suas funções. Segundo ele, os agentes não têm condições de trabalhar em segurança, colocando suas vidas em risco a todo momento.

O presidente afirmou ao F5 News que apenas dois agentes penitenciários realizam o monitoramento de um pavilhão inteiro, no Complexo Penitenciário Carvalho Neto (Copencan), tomando conta de mais de 400 presos em cada unidade. Várias são as situações em que os agentes se expõem aos perigos de serem vítimas de violência dos presos.

“A situação é perigosíssima. Estamos trabalhando em um verdadeiro barril de pólvora! O presídio tem quase mil internos e, para cuidar de um pavilhão, são colocados apenas 2 agentes. Os trabalhadores são ameaçados pelos presos e a qualquer momento pode eclodir uma rebelião dos detentos, pois não temos força suficiente para controlar e monitorar o comportamento dos presos”, disse Iran Alves.

Situações de risco não fazem parte da rotina dos agentes penitenciários, apenas. Presos também sofrem com ações de violência. Um preso foi estuprado no início do mês, tendo inclusive, um pedaço de madeira introduzido em seu corpo, após o abuso sexual. O detento foi socorrido pelos agentes, após muita insistência. A vítima foi levada para o Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE), sendo internado em estado grave.

“Se tivéssemos um número maior de agentes para cuidar dos presos, cenas como essa não aconteceriam. Depois de muito trabalho, os dois agentes conseguiram socorrer o preso que foi estuprado na ala A. Os colegas expõem suas vidas a risco e vivem sob perigo constante. E esse tipo de ocorrência acontece com mais frequência que se pensa”, reclamou Iran.

O sistema prisional foi relegado a um segundo plano, sendo colocado em detrimento das penitenciárias terceirizadas. O custo por preso de uma unidade estatizada chega a cerca de R$ 1.500, enquanto, na unidade terceirizada, o preço ultrapassa o dobro do valor.

Drogas, artefatos perfurocortantes e celulares são encontrados constantemente dentro das celas, movimento teoricamente a ser impedido pelos agentes. Entretanto, com o número pequeno de trabalhadores, a ação não pode ser mais eficaz.

Dois homens foram presos na manhã desta terça-feira (10), pela Polícia Rodoviária Federal, com dezenas de aparelhos de telefone celular enrolados em espumas. Segundo Iran, os telefones entram no presídio de várias maneiras. Sendo a maioria, arremessados pelos muros da cadeia.

“Esses telefones que foram apreendidos com os dois homens presos ontem iriam pra dentro do presídio. Como as guaritas de segurança não funcionam, pois nos oferecemos para trabalhar e não quiseram, os celulares são jogados de fora pra dentro por quem quiser. Além disso, drogas também são jogadas na cadeia por cima dos muros e cercas”, denunciou o sindicalista.

O diretor do Departamento do Sistema Penitenciário (Desipe), Manoel Lúcio, afirmou desconhecer a entrada de telefones celulares e drogas por cima dos muros do Copencan, destacou que as guaritas de segurança não estão ativas apenas no Carvalho Neto, mas que nos outros presídios elas estão em funcionamento. Sobre o número de agentes penitenciários, Manoel Lúcio reconhece o déficit de cerca de 600 agentes, mas que este quadro poderá ser preenchido por meio de contratação via concurso público, a ser elaborado pelo Governo do Estado.

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