3 perguntas para a pedagoga Adrielle Munique sobre estímulo ao hábito de ler
Também psicóloga, ela lembra importância do envolvimento das famílias nesse processo Cotidiano | Por Monica Pinto 14/09/2024 17h05 - Atualizado em 14/09/2024 17h08Recentemente, o jornal Folha de São Paulo fez uma enquete em suas redes sociais, mobilizada pela declaração do influenciador Felipe Neto que, palestrante na Bienal do Livro na capital paulista, criticou o ensino de literatura com clássicos do Século 19. “Para você, qual é a melhor forma de introduzir o hábito da leitura nas escolas”, perguntou o jornal, ao que se seguia o link para um formulário.
F5 News fez a mesma pergunta – e outras duas – à psicóloga e pedagoga aracajuana Adrielle Munique Souza de Santana, 39, que foi professora de Educação e Ensino Fundamental por mais de 15 anos. Ela é também pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional e pós-graduanda em Psicopatologia. Confira.
F5 News - Qual a melhor forma de introduzir o hábito da leitura nas escolas?
Adrielle Munique Souza de Santana - O hábito da leitura inicia-se, geralmente, com os pais ou com outros membros da família. Ele pode até não ser comum em muitas famílias, entretanto, elas exercem um papel crucial na modelagem do comportamento de ler e incentivam o despertar pelos livros. Para isso, é preciso que as famílias se cerquem de estratégias na busca do hábito pela leitura como: realizar leituras compartilhadas, oferecer variedades de livros, uso de livros digitais, proporcionar ambientes confortáveis, criar desafios de leitura, estabelecer metas e recompensas, praticar grupos de leitura com discussões de temas, promover passeios que envolvam livrarias ou bibliotecas, entre outras.A escola – a segunda casa para muitas crianças – tem um papel fundamental no desenvolvimento do gosto pela leitura. Para isso, é essencial buscar estratégias eficazes para promover a leitura nas escolas como: leitura diária em ambientes confortáveis, oferecer uma diversidade de gêneros literários e materiais (revistas, jornais, gibis, livros, entre outros) e, acima de tudo, despertar o envolvimento da família nesse processo de leitura, por meio de atividades prazerosas.
F5 News - Como adequar a compreensão dos conteúdos às faixas etárias dos estudantes?
Adrielle - Para que haja prazer e envolvimento na leitura, é preciso que os níveis de leitura e do material oferecido sejam adequados para cada faixa etária, respeitando-se o desenvolvimento cognitivo. Em crianças de 0 a 5 anos, o foco deve ser nas leituras interativas e visuais com bastante exploração sensorial. Já nas crianças entre 6 e 11 anos deve-se iniciar o desenvolvimento de leituras mais avançadas, com histórias que propiciem a curiosidade e a imaginação. Por último, os jovens de 12 a 17 anos, já possuem um pensamento crítico mais elaborado. Então, as leituras podem trazer conceitos mais elaborados para promover discussões mais complexas e desafiadoras.
F5 News - Ser obrigado(a) a ler um clássico do Século XIX precocemente não pode ter o efeito de afastar a criança dos livros?
Adrielle - Acredito que a obrigatoriedade de um clássico do Século XIX poderá, sim, ocasionar um afastamento da leitura e ser desestimulante. Afinal, trata-se de um tipo de leitura que requer o conhecimento prévio, muitas vezes, de uma linguagem rebuscada. Sendo assim, é necessário oferecer opções adaptadas e equilibradas às faixas etárias para que não se percam o engajamento e afeto pela leitura.