FAO pede que líderes se esforcem para erradicação da fome no mundo
Brasil e Mundo 04/06/2013 21h00O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, apelou hoje (4) aos líderes mundiais para que intensifiquem os esforços para erradicação da desnutrição e da fome. Graziano lembrou que houve avanços, mas que ainda há um “longo caminho pela frente". O apelo foi feito devido à divulgação do relatório O Estado da Alimentação e da Agricultura 2013 (Sofa). Os especialistas advertem que é fundamental associar políticas públicas com incentivos à produção e alimentação adequadas.
O relatório destaca que, embora cerca de 870 milhões de pessoas sofressem de fome crônica no período de 2010 a 2012, o número representa apenas parte das vítimas. De acordo com o estudo, 2 bilhões de pessoas sofrem de uma ou mais deficiências de micronutrientes, enquanto 1,4 bilhão tem excesso de peso, das quais 500 milhões são obesas.
Segundo o relatório, 26% das crianças com menos de 5 anos têm atraso no crescimento e 31% sofrem de carência de vitamina A – responsável pelo crescimento, pela visão e pela proteção a infecções e encontrada em alimentos como o fígado e o rim dos animais, o leite integral, o creme de leite, os queijos, a manteiga, os peixes e a gema de ovos.
Para o representante regional da FAO para as Américas e o Caribe, Raúl Benítez, a região deve melhorar seus sistemas alimentares e converter a nutrição em uma de suas prioridades de desenvolvimento. “A forma em que cultivamos, criamos, processamos, transportamos e distribuímos os alimentos influencia o que comemos”, disse Benítez.
Ele elogiou a forma como os governos do Brasil e do Peru conduzem a questão da política de combate à fome e à pobreza. No relatório, o Brasil aparece em destaque pela adoção de medidas de melhoria da qualidade de vida no país envolvendo 17 ministérios sob comando da presidenta Dilma Rousseff. Também é ressaltado o papel do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).
O relatório destaca que o custo da desnutrição para a economia global em termos de perda de produtividade e de cuidados de saúde é "inaceitavelmente elevado" e poderá representar cerca de US$ 3,5 trilhões – o equivalente a US$ 500 por pessoa. A desnutrição infantil e materna é responsável pela redução da qualidade e da esperança de vida, enquanto os problemas de saúde relacionados com a obesidade, tais como as doenças cardíacas e o diabetes, também causam dificuldades.
Para combater a desnutrição, o estudo propõe que a alimentação saudável e a boa nutrição devem começar no cuidado com os alimentos e a agricultura. Segundo o relatório, a forma como são cultivados, processados e transportados os alimentos influencia na alimentação. No documento, os especialistas recomendam que é fundamental adequar as políticas agrícolas, o investimento e a investigação para aumentar a produtividade, não só de grãos, como o milho, o arroz e o trigo, mas também de legumes, carne, leite, vegetais e frutas, que são ricos em nutrientes.
O relatório sugere mais atenção aos desperdícios alimentares, que correspondem anualmente a um terço dos alimentos produzidos para consumo humano. O documento recomenda a promoção de hortas na África Ocidental, os sistemas mistos de cultivo de vegetais e de criação de animais, assim como a melhoria das culturas base, como a batata-doce, para aumentar o conteúdo de micronutrientes, além da promoção de parcerias público-privadas para enriquecer com nutrientes produtos como o iogurte ou o óleo de cozinha.
Fonte: Agência Brasil
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