EDITORIAL: Entre o humor e a grosseria
Brasil e Mundo 15/10/2011 11h45
Humor não se faz atrelado à onda do “politicamente correto”. Essa premissa, contudo, não justifica o festival de disparates evidenciado nos últimos meses.
Um exemplo está em “piada” constante no quadro das personagens Janete e Valéria, no programa Zorra Total. Corretamente, em carta aberta à população de São Paulo, as trabalhadoras do Metrô afirmaram que a atração "banaliza o assédio sexual, problema enfrentado com frequência por mulheres que utilizam o transporte público coletivo".
De fato, é constrangedor que alguém consiga achar graça no “esfrega” de alguns tarados que se aproveitam da superlotação usual em ônibus, metrôs e trens. Pior ainda que a TV transmita, pelo discurso até conivente da personagem, a impressão de que tal prática é encarada pelas vítimas como indicativo do poder de atração feminino.
Mas os piores abusos vêm sendo observados na atuação de Rafinha Bastos, do Custe o que Custar, programa de sucesso na Band. Recentemente, ele disparou em um de seus shows a seguinte afirmação, tão grosseira quanto desumana: "Mulheres feias deveriam agradecer caso fossem estupradas, afinal os estupradores estavam lhes fazendo um favor, uma caridade".
Esse tipo de “humor” inadmissível acaba de render a ele um processo, movido por Wanessa Camargo e o marido, Marcos Buaiz, que pleiteiam R$ 100 mil por danos morais. É o custo potencial da “piada” de Rafinha, ao afirmar, desta vez no programa da Band, que “comeria” a cantora, grávida, e o bebê dela.
Mensagens que tornam triviais crimes como estupro e pedofilia só contribuem para ampliar a barbárie em que a sociedade já se vê imersa. É bom lembrar que Comunicação exige responsabilidade, seja ela para informar, educar ou divertir.
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