EDITORIAL: A farra dos supersalários
Brasil e Mundo 04/10/2011 19h51No Brasil de hoje, ainda é cabível a simbologia da "Belíndia", termo cunhado na década de 70 pelo ex-presidente do BNDES, Edmar Bacha, para criticar a política econômica concentradora de renda do regime militar. A mistura entre a pequena e rica Bélgica e a extensa e pobre Índia pode ser adaptada à disparidade nos vencimentos de servidores públicos. Infelizmente, a variação extraordinária não se baseia em uma lógica sujeita à qualidade e ao mérito dos préstimos à sociedade sob encargo das diversas categorias.
O Governo Federal mostra-se propenso a reduzir os exageros ao anunciar que enviará ao Congresso, ainda este ano, um projeto para regulamentar o teto salarial dos servidores públicos nos três Poderes - em tese, no valor de R$ 26,7 mil, o equivalente à remuneração de um ministro do Supremo Tribunal Federal.
Na prática, porém, reportagem da Folha de S.Paulo de ontem demonstrou que atualmente uma série de benefícios deixa de ser classificada como salário, sob o entendimento exclusivo de cada poder. O resultado é que frequentemente extrapola-se o teto, para gáudio de uma elite a embolsar os chamados supersalários. Alguns deles superam os R$ 60 mil mensais, como o quinhão do presidente do Senado, José Sarney, que acumula a remuneração mensal de R$ 26,7 mil e mais duas aposentadorias, uma do Tribunal de Justiça do Maranhão e outra como ex-governador do Estado.
É mais uma farra sugada ao erário e cuja conta quem paga somos nós.
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