Deputados ressaltam crítica do geógrafo Milton Santos à globalização
Avaliação foi feita durante sessão solene em homenagem ao intelectual baiano morto em 2001 Brasil e Mundo 28/06/2011 15h07Deputados ressaltaram nesta terça-feira a postura crítica do geógrafo Milton Santos ao modelo exclusivamente econômico de globalização. A avaliação foi feita durante sessão solene, solicitada pelo deputado Luiz Alberto (PT-BA), em homenagem ao intelectual baiano, morto em 2001.
Para o autor do requerimento, Santos foi um crítico feroz da visão apenas financeira do mundo. “Milton Santos transformou a geografia e se preocupava principalmente com as cidades desiguais. Ele criticou fortemente a globalização excludente.” Na opinião de Luiz Alberto, o intelectual permanece um “farol” para os que combatem as desigualdades.
O presidente da Câmara, Marco Maia, em carta lida pelo deputado Mauro Benevides (PMDB-CE), ressaltou a originalidade da crítica de Milton Santos. “Ele dissecou a globalização muitos antes desse conceito ser discutido”, afirmou.
Segundo o deputado Edson Silva (PSB-CE), o geógrafo foi pioneiro na análise crítica da globalização e das suas consequências desiguais em grande parcela da população.
O deputado Amauri Teixeira (PT-BA) lembrou que o geógrafo, “maior crítico da globalização”, morreu no auge desse processo. “A globalização era apenas financeira e não favorecia a maioria dos povos, principalmente os mais pobres e oprimidos”, disse.
Intelectual negro
A ministra Luiza Bairros, secretária de Promoção de Políticas de Igualdade Racial, exaltou a importância de Milton Santos na superação do preconceito e por ter se destacado como intelectual em todo o mundo. Ela criticou o preconceito de quem ainda considera a expressão “intelectual negro” como uma contradição.
“A importância de Milton Santos ultrapassou fronteiras, construiu uma trajetória ímpar entre os netos de africanos escravizados no Brasil”, afirmou ainda o deputado Luiz Alberto.
Prêmio mundial
Milton Santos recebeu o Prêmio Vautrin Lud, conferido por universidades de 50 países e considerado a principal premiação mundial no campo da geografia. Ele viveu exilado de 1964 a 1977, período em que lecionou em universidades da Europa, África, América Latina e Estados Unidos.
Apesar de ter se graduado em direito, Milton destacou-se por seus trabalhos em diversas áreas da geografia, em especial nos estudos de urbanização do Terceiro Mundo. Sua obra “O espaço dividido”, de 1979, desenvolve uma teoria sobre o desenvolvimento urbano nos países subdesenvolvidos e é considerado um clássico mundial. Recebeu 18 títulos de doutor honoris causa e teve mais de 40 livros publicados.
Por Tiago Miranda da Agência Câmara de Notícias
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