Consumidor deve pagar mais caro por eletrodoméstico em agosto
Depois de negociação, varejo prevê aumento de 4% a 8% Brasil e Mundo 29/07/2011 11h23Depois de uma queda de braço que durou quatro meses, o varejo vai finalmente repassar o aumento de preços dos eletrodomésticos a partir de agosto. Desde abril, os fabricantes de linha branca tentam insistentemente entrar em acordo com as redes de varejo para repor o aumento de custos com mão de obra e matérias-primas, como aço e plástico. Mas a desaceleração das vendas no primeiro semestre deu argumento aos varejistas para segurar o repasse durante todo esse tempo. Agora chegou o momento de renovar os estoques. Mas a resposta do consumidor aos novos preços é uma incógnita."No primeiro semestre, não havia qualquer chance de repasse, o consumidor não iria absorver", diz o diretor de uma grande varejista, que deve aumentar entre 5% e 8% o preço dos eletrodomésticos a partir do mês que vem. "Seguramos o máximo que pudemos, assim como todo o mercado".
Grandes e médias redes de varejo ouvidas pelo Valor, assim como fabricantes de fogões, geladeiras, máquinas de lavar e "tanquinhos", concordam que as vendas do primeiro semestre deixaram a desejar (especialmente de abril a junho). Embora o índice tenha crescido no período, ficou abaixo do esperado, o que reduziu a expectativa para o ano todo. Um grande fabricante, por exemplo, previa aumento de pouco mais de 10% nas vendas de 2011 sobre 2010 - mas deve fechar o ano com alta entre 5% e 10%.
"O aumento teve que ser cirúrgico, discutido exaustivamente de varejista a varejista, produto a produto, de acordo com a nossa participação nas vendas de linha branca de cada rede", diz um executivo da indústria. Foi preciso aumentar o preço, sem descuidar do que estava sendo anunciado pelo concorrente em um produto similar. "Não posso cobrar mais e perder "market share"", diz o executivo, que ainda assim amargou perda de volume nos últimos dois meses. "Enquanto estávamos discutindo, o varejo segurou a encomenda e comprou menos", diz ele, que negociou com as redes um aumento entre 3% e 7% para a linha branca, dependendo do produto.
Em maio, o presidente da Whirlpool, dona das marcas Brastemp e Consul, José Drummond, anunciou que o repasse de custos da empresa sobre o preço dos produtos chegaria a 9%. "Eles não conseguiram emplacar", diz uma fonte do setor. Procurada, a Whirlpool não quis se pronunciar sobre o assunto.
As negociações com as maiores varejistas ainda não terminaram. Em outra grande rede, o martelo sobre o repasse de custos nos preços dos eletrodomésticos deve ser batido essa semana. "Mas não há como fugir de um aumento nos próximos meses", diz o executivo responsável por compras de linha branca.
Já uma varejista de médio porte conta que conseguiu até desconto no preço final dos produtos, mas só com indústrias menores. "Elas nos repassaram os ganhos obtidos com produtividade", diz o diretor comercial da rede. Já em relação às maiores fabricantes, Whirlpool e Electrolux, o repasse deve chegar no ponto de venda depois do Dia dos Pais (14 de agosto). O aumento deve ser de, pelo menos, 4%.
"Crescer em cima de um patamar grande é difícil", diz Valdemir Colleone, diretor de relações com mercado das Lojas Cem. Em 2010, as vendas da rede, que conta com cerca de 190 lojas no interior paulista, subiram cerca de 20%. Em 2011, a expansão está em torno de 10% e a projeção é terminar o ano com crescimento entre 5% e 10%. "As medidas econômicas restringem o consumo, mas o crescimento continua".
Embora não seja no mesmo ritmo. "O varejo e a indústria fizeram um planejamento muito otimista para 2011, mas tive que repensá-lo", diz Valdemir Dantas, presidente da Latina, fabricante de lavadoras semiautomáticas ("tanquinhos") e eletroportáteis. No primeiro semestre, o volume de vendas de "tanquinhos" da Latina subiu 2% sobre o mesmo período do ano passado. A empresa, que pretendia crescer entre 8% e 10% em 2011, agora trabalha com uma meta de 3% a 4%. "Não estou pessimista, é a realidade". Para o empresário, o desaquecimento é fruto do maior endividamento e da inadimplência. "Quando a população começa a receber notícias ruins, como a alta da Selic, fica de mau humor".
Lourival Kiçula, presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), concorda. "O consumidor está sentindo, sim", afirma, sobre o aumento da taxa básica de juros. O setor perdeu fôlego no segundo trimestre, com o impacto da alta dos juros e outras medidas do governo para contenção ao crédito. As vendas de produtos da linha branca aumentaram 7% no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2010, segundo a Eletros. A previsão era crescer 10% em 2011, mas o cenário mudou. "Esperamos fechar o ano em 7%".
A consultoria GfK, que mede a demanda por eletrodomésticos nos pontos de venda, previa para a linha branca um crescimento de 8% a 10% em 2011. Mas, de janeiro a maio (período que engloba o Dia das Mães, segunda melhor data para o varejo de linha branca, depois do Natal), o aumento foi de 5,6% no faturamento. Segundo o consultor Oliver Römerscheidt, nos cinco primeiros meses do ano, a venda das duas categorias com maior presença nos lares brasileiros - fogão e geladeira - caíram, respectivamente, 4,2% e 3,1% sobre o mesmo período de 2010. Já as lavadoras deram um salto: 21,9%. "É um mercado com crescimento orgânico. A penetração da lavadora ainda e muito baixa no país, em torno de 45%", diz Römerscheidt.
Em 2010, de acordo com a GfK, a venda de eletrodomésticos amargou queda de mais de 5%. Em um ano de Copa do Mundo, o consumidor privilegiou a compra de eletroeletrônicos, como TVs de tela plana. Se a indústria de linha branca não se reinventar - ou voltar a contar com incentivos fiscais, como IPI menor -, pode passar pelo mesmo problema em 2012, ano da Olimpíada de Londres.
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