Temer deu pra trás e vai criar novo imposto sindical laboral
Blogs e Colunas | Marcio Rocha 01/06/2017 13h56Sabem o que mais levou as centrais sindicais a promoverem esses movimentos com passeatas pela rua, arrebanhando milhares de pessoas em alguns casos e poucos gatos pingados em outros? Não foi a derrubada da ex-presidente Dilma, não são as acusações contra Lula de compra Tríplex, sítio, suposta corrupção, nem nada do tipo. Muito menos a reforma da previdência e a trabalhista. Os subterfúgios eram esses, obviamente. Contudo, a finalidade era outra: pressionar o presidente Michel Temer a voltar atrás à respeito do fim da cobrança do famigerado imposto sindical.
Sem a principal fatia do financiamento sindical, principalmente laboral, com o fim do imposto, as centrais sindicais perderiam o poder de arregimentação e barganha política, enfraquecendo-se a cada dia. Pois bem, a pressão nas ruas foi tanta, que o presidente deu pra trás, baixando a cabeça e cedendo aos esperneios dos sindicatos. Não quer ver sua cabeça na guilhotina, mesmo andando ao redor do cadafalso da cassação.
Somente a CUT e a Força Sindical amealharam somadas, cerca de 90 milhões de reais em 2016. Essa arrecadação é feita com os recursos oriundos de um dia de trabalho por ano de cada um dos 41 milhões de brasileiros empregados com carteira assinada. Essa grana retirada contra a vontade dos trabalhadores sustenta 15.315 sindicatos no Brasil.
Ah, os sindicatos ficarão sem condição de sustentabilidade! Bem, os sindicatos “de gaveta”, como diversos existentes, sim. Estes não sobreviveriam à bancarrota causada pela falta de financiamento. Contudo, sindicatos com capacidade de prestação de serviços conseguiriam se manter tranquilamente. A manutenção dos sindicatos laborais não pode ser obrigatória. Sindicatos que atuam, aí coloco o exemplo do meu próprio, o dos Jornalistas, garantiriam sua sobrevida sem nenhum problema. Tenho um sindicato atuante, defensor das causas da categoria e que pode sim, ser mantido com a arrecadação da contribuição mensal, que somada ao ano, na maioria dos casos, alcança dois dias de salário dos colegas aqui em Sergipe, e que vale a contribuição que é feita por cada profissional do jornalismo. Todavia, o que mais existe no Brasil é sindicato que arrecada e não influi em nada para a melhoria das condições do trabalhador.
Em reunião no Palácio do Planalto, o presidente chegou a um acordo com as centrais sindicais. Ué, mas quem pede a saída dele não são elas mesmas? Olha o jogo de interesse, meu chapa! E no jogo de interesses, será criado um imposto sindical reformulado, com negociação livre para as centrais e categorias específicas. Com isso, Temer garante a diminuição da perseguição contra ele nas ruas por parte das centrais e partidos mantidos pelos recursos do financiamento sindical e as entidades poderão continuar arrecadando. Ou seja, o presidente salva a sua pele, mas coloca o trabalhador para voltar a perder receita, num momento de crise econômica na qual todo centavo é valioso.
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Marcio Rocha é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 23 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa.
E-mail: jornalistamarciorocha@live.com
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