Cartões de crédito: O que vai mudar? | Marcio Rocha | F5 News - Sergipe Atualizado

Cartões de crédito: O que vai mudar?
Blogs e Colunas | Marcio Rocha 06/02/2017 15h15 - Atualizado em 06/02/2017 15h16

Os leitores de nossa coluna mandaram vários e-mails questionando como funcionarão os cartões de crédito após a mudança nas regras de utilização. Pediram que explicássemos o que vai acontecer. Como a nossa intenção é descomplicar a economia para que todos possam compreender, na coluna de hoje tentaremos trazer com o máximo de clareza as mudanças nas regras, por meio das perguntas mais recebidas.

 

O cartão de crédito não é dinheiro para usar como quiser?

 

Não. Ele não passa de um dinheiro virtual, que deve ser utilizado em situações realmente necessárias. O limite do cartão não é receita do consumidor, é uma maneira de obter dinheiro para consumo de forma rápida, para uma compra. A dívida do cartão de crédito é o maior reflexo do descontrole financeiro do consumidor brasileiro.

 

Por quê juros de cartões de crédito são tão altos, batendo a casa de quase 500% ao ano?

 

O consumidor paga altas taxas quando não faz a quitação completa da fatura de seu cartão de crédito, rolando a dívida para meses seguintes. Isso chama-se crédito rotativo. Esse crédito pré-aprovado conta com um risco maior de inadimplência, por isso os juros aplicados sobre o valor de “sobra” da fatura para o mês seguinte são maiores. Ou seja, isso multiplica a dívida.

 

Qual é a vantagem disso?

 

A dívida para de aumentar com sua rolagem para pagamentos posteriores, diminuindo o risco de inadimplência. O pagamento é facilitado para o consumidor.

 

Como vai funcionar o parcelamento da dívida do crédito rotativo?

 

O consumidor que não puder pagar a fatura em sua totalidade, atualmente rola a dívida para quando puder pagar. Com as taxas cobradas, o montante cresce com a cobrança de juros simples e juros compulsórios (juros sobre os juros). Isso provoca o efeito “bola de neve”, que só faz crescer a dívida. A partir de 3 de abril, quando entra a nova regra do jogo, os clientes que não pagarem o total da fatura, irão rolar a dívida para o mês seguinte. Se não houver condição de pagar, haverá um parcelamento da dívida que pode ser automático prefixado pelo banco e o consumidor aceitar. Os juros desse parcelamento serão mais baixos.

 

O que muda com o parcelamento automático em relação ao atual?

 

Hoje, o cliente que não pode pagar a dívida, parcela da maneira que fecha no acordo com o callcenter do banco. Só que os juros são mais altos. Com a mudança, os juros serão diminuídos e o usuário terá mais folga com planejamento para pagar o valor restante. Se não quiser parcelar, terá que efetuar o pagamento total em até 30 dias após o vencimento da fatura pendente.

 

Como pagar antes do parcelamento bancário automático?

 

O consumidor pode pagar com uma reserva de dinheiro que tenha, pode pegar um empréstimo consignado, cujas taxas são bem baixas, utilizar de crédito pessoal ou algo do tipo, caso não possa honrar com o compromisso. Se não conseguir, ou não tiver recursos, melhor deixar o parcelamento acontecer e pagar as prestações. De toda forma, o banco irá consultar o consumidor para poder fazer o parcelamento da melhor maneira que lhe aprouver. E não aceite a primeira oferta do banco. Diga o quanto você pode pagar e feche o acordo.

 

Existe alternativa para não usar o cartão de crédito?

 

Sim. Cartões pré-pagos funcionam como uma poupança para compras. Existem vários no mercado, a exemplo do AcessoCard, do qual já falei anteriormente aqui na coluna. O cliente abastece o cartão com seu dinheiro e usa quando for necessário, de fato. Comprar à vista é sempre o melhor negócio. Crédito consignado é a modalidade de auxílio financeiro com os juros mais baixos da atualidade, que não chegam a 30% ao ano. O crédito pessoal tem taxas aproximadas de 130%. O cheque especial já dispara para 330% anuais. Todas elas são melhores que o cartão de crédito que alcançou estratosféricos 484,6% ao ano. Ou seja, uma dívida de R$ 1 mil no cartão de crédito com taxa de 15% ao mês (nunca é isso!), dobra para R$ 2 mil em seis meses. Em um ano, o montante sobe para quase 5 mil reais.

 

Continuo podendo usar o meu cartão, mesmo com o parcelamento da dívida?

 

Sim, o usuário do cartão vai poder utilizá-lo numa boa para os valores não parcelados. Exemplo: o cartão do consumidor tem um limite de R$ 6 mil, mas há uma dívida de 3 mil no rotativo que foi parcelada, o cliente poderá usar o valor remanescente como quiser. O ideal é não usar.

 

Quantos cartões eu devo ter?

 

O ideal é ter apenas um ou dois cartões. Contudo, a ilusão de dinheiro fácil para compras que é vendida pelas financeiras, estimula o consumidor a ter um verdadeiro arco-íris na carteira. É cartão azul, amarelo, roxo, verde, cinza, mas isso significa só dívidas de todas as cores. O ideal é planejar suas compras e o uso dos cartões para que possa pagar sem problemas. Não caia na conversa de cartão A ou B, com vantagens imediatas de consumo. Isso pode ser um grande problema em curto prazo. Use os cartões de forma consciente e sabendo que pode pagar sem passar sufoco.

 

 

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Marcio Rocha é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 23 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa.

E-mail: jornalistamarciorocha@live.com

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