Vegano até que ponto? Saiba como identificar e diferenciar produtos
Conter selo de 'vegano' ou 'cruelty free' na embalagem não é garantia para consumidores, diz nutricionista Blogs e Colunas | Consciência Limpa 11/01/2022 12h21 - Atualizado em 11/01/2022 14h08Hoje em dia, é muito comum encontrar nas prateleiras de supermercados produtos que contém no rótulo a identificação de vegano ou ‘cruelty free’. Em alguns estabelecimentos existem seções específicas para esse tipo de item, no entanto, a verdade é que eles já estão tomando conta de todas as áreas das lojas. Mas, até que ponto esse selo está sendo utilizado da maneira correta? Será mesmo que o consumidor está comprando um item sem ingredientes de origem animal ou sem crueldade animal realmente? Eis a questão.
A verdade é que nem sempre a informação que consta na embalagem é verdadeira, e muitos clientes estão sendo enganados pelas empresas. Em outros casos, o cliente não tem conhecimento sobre determinados ingredientes, e acaba caindo em ‘ciladas’.
De acordo com a nutricionista especializada em vegetarianismo e veganismo, Angie Marques, a atenção deve ser direcionada não para o rótulo ou selo que a embalagem do produto possui, mas sim para a lista de ingredientes que compõem o item.
“Vou dar um exemplo muito comum que são as gelatinas. Muita gente não sabe que é um produto de origem animal. Se possui gelatina na composição, o item não é vegano como diz em algumas embalagens. Assim como, muitos não sabem exatamente o que é a lactose. Às vezes não entende que lactose só tem do leite de origem animal, e acabam comprando produtos zero lactose achando que estão livres”, explica a profissional.
Segundo Angie, uma situação pior tem ocorrido com frequência: empresas estão utilizando o selo de ‘vegano’ em alguns produtos, por não conter ingrediente de origem animal de forma direta, no entanto, se tratam de instituições que não são pautadas pelo movimento. Pelo contrário, em alguns casos, fazem testes em animais para outros produtos da marca.
“São empresas que até lidam com a parte industrial animal, de reprodução animal inclusive, e que trabalham com abatimento de carnes em geral. Essas empresas estão fazendo esses outros produtos e usando o selo de vegano para poder atingir mais um público e continuar faturando cada vez mais. Mas, esse debate é uma questão de decisão de cada pessoa, já que veganismo e vegetarianismo é um movimento e tem suas esferas de discussão”, explica a nutricionista.
“Se consumir o produto vegano de uma empresa que explora animal é certo ou errado, isso depende muito da pessoa. Porque tem pessoas que são estritas, no caso dos veganos só relacionados à alimentação, e para elas não tem problema nenhum em comer. Mas tem os veganos que, além da alimentação, também não utilizam quaisquer produtos que contenham ingredientes de origem animal. Eu acredito que seja muito pessoal essa decisão. Mas, é preciso estar atento”, acrescenta.
A blogueira vegana Ariane Ficher já atinge a marca de 177 mil seguidores no Instagram, onde ela compartilha empresas que comercializam produtos com o selo ‘cruelty free’, mas que não são verdadeiramente veganas. Na rede social, Ariane dá dicas de empresas que realmente respeitam as regras do selo e atuam de maneira correta. Segundo ela, existem empresas que simplesmente usam nomes e símbolos quaisquer com alusão ao veganismo ou à ausência de testes em animais de forma arbitrária, como se fosse um selo.
No Brasil existem alguns selos ‘veganos’, sendo os dois mais presentes os da ‘Organização Veganismo Brasil’ e ‘The Vegan Society Trademark’. “O “Certificado Vegano” da “Organização Veganismo Brasil” trabalha nos mesmos padrões do selo original inglês “The Vegan Society Trademark“, organização que criou e registrou o termo VEGANISMO em Birmingham, Reino Unido.
Produtos recebem o selo se não forem testados em animais direta ou indiretamente (terceirizados) e se forem livres de quaisquer ingredientes de origem animal. Todos os produtos e serviços que não utilizam animais e testes animais podem obter tais selos”, explica a blogueira em uma publicação.
Lais Oliveira de Melo, jornalista diplomada, pós-graduanda de MBA em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, atualmente repórter do Jornal da Cidade e blogueira em Consciência Limpa. Premiada em 2018 no Prêmio Setransp com a terceira melhor reportagem de veículo impresso. Trabalhou por cinco anos no marketing digital de uma empresa de turismo e participou de um programa de estágio no F5 News.
E-mail: demelo.lais@gmail.com
O conteúdo e opiniões expressas neste espaço são de responsabilidade exclusiva do seu autor e não representam a opinião deste site.