Aniversário do Batistão: histórias e tradições que unem famílias | F5 News - Sergipe Atualizado

Futebol
Aniversário do Batistão: histórias e tradições que unem famílias
Neste domingo (9), o principal palco do futebol sergipano completa 54 anos
Esporte | Por Emerson Esteves 09/07/2023 14h00


Um estádio de futebol objetivamente consiste no espaço, no território de disputa de partidas. Nele estão as arquibancadas, os torcedores, o campo e seu gramado e, claro, os jogadores. 

A relação desse espaço com os torcedores pode ir muito além, chegando a uma intimidade quase ritualística que propicia novos significados à palavra "estádio", por sediar vivências variadas e tantas vezes marcantes. 

Um exemplo está na família Mendonça, que desenvolve há décadas e por gerações, essa relação com o Estádio Estadual Lourival Baptista, ou como é popularmente conhecido, a Arena Batistão. 

“Faz tanto tempo que não lembro”, responde o patriarca da família, Henrique Mendonça, quando perguntado sobre seu primeiro jogo no Batistão. 

O administrador de 52 anos afirmou ao F5 News que herdou do pai a paixão pelo Sergipe. Segundo ele, os dois costumavam sentar sempre no mesmo lugar da arquibancada vermelha, bem próximo às cadeiras. 

Sobre estar no estádio apoiando seu time do coração, ele é enfático: “Sentimento de compartilhar os momentos da partida com outros torcedores, que a TV não traz quando você está no campo, torcendo. É importante estar presente para incentivar o futebol sergipano”. 

O Batistão, que comemora 54 anos neste domingo (9), também tornou-se a segunda casa de seus filhos. Quis o destino que, assim como no estádio, cada lado fosse representado por um time. Em um, nas cadeiras vermelhas, Henrique e sua filha Letícia costumam vibrar nos jogos do Gipão. Do outro, nas cadeiras azuis, fica Hector que, embora tenha começado a frequentar o estádio com seu pai para ver os jogos do Sergipe, tornou-se torcedor do Confiança. 

“Fui assistir o primeiro clássico do ano (Sergipe x Confiança), foi a primeira vez que assisti um jogo ao vivo. Lembro perfeitamente de arrepiar meu corpo todo ao ouvir a torcida cantando junto, a fumaça vermelha subindo, todo mundo torcendo junto. Eu sempre me disse torcedora do Sergipe, mas depois de me emocionar no Batistão, eu tive mais do que certeza que aquele seria meu time do coração”, contou Letícia ao F5 News, sobre sua primeira vivência no estádio. 

O Batistão tem viabilizado oportunidades de estar com a própria família e de conhecê-la a partir de memórias construídas em conjunto e das que ainda virão. “Eu vou em todos os jogos com meu pai, já virou algo nosso e para mim é super especial. O meu avô, que era o pai do meu pai, nas primeiras vezes que fomos ao Batistão, meu pai inclusive me mostrou o setor que meu avô ficava e até a cadeira . Hoje eu e meu pai ficamos sempre no mesmo setor, e sinto como se fosse uma tradição sendo passada, sabe?”, disse ainda Letícia ao portal. 

Embora a rivalidade em campo às vezes impeça Hector de ver os jogos com o restante da família, ele desenvolveu outras formas de torcer. E uma delas é com sua fiel escudeira e namorada, a jornalista Gabriella Ferreira. 

“Costumo ir com minha namorada e o tio e primo dela. Nos tornamos aqueles torcedores de ir todo jogo e ter o lugarzinho preferido já. Desde que nos tornamos sócio torcedores é difícil perder um jogo do Confiança no Batistão”, relatou Hector ao portal. Assim como seu avô, seu pai e sua irmã, ele manteve a tradição de sempre tentar se sentar no mesmo lugar.

“A emoção do estádio é muito maior, sentir a energia da torcida, ver as jogadas ali, ao vivo, perceber as diversas reações que não estão enquadradas na câmera da TV, realmente não tem comparação. Claro que não temos privilégios como replays e as informações dos repórteres, mas assistir um jogo no estádio, para mim, é mais emocionante”, declara. 

Sua namorada torcedora azulina também tem uma relação especial com o Batistão. “Eu gosto muito do ritual de ir pro estádio, ouvir os comentários das pessoas, é tudo mais intenso. Acho que o primeiro jogo de volta, na pandemia, foi especial. Mesmo com o sentimento de medo, parecia que eu estava reencontrando um amigo, sabe? Foi um sentimento diferente”, disse Gabriella ao F5 News

Um primo dela, Neto Brito, que já trabalhou para o Confiança, foi homenageado em uma partida no Batistão, pois falecera alguns dias antes. Essa é considerada por Gabriella sua experiência mais marcante com o estádio. “Esse primo meu sempre ia aos jogos e já trabalhou no clube. Os jogadores estenderam uma faixa antes do jogo e não só meu irmão estava presente, como quase toda minha família, tias, primos, primas, em homenagem a ele. Foi bem emocionante e especial”, lembra.

A capacidade do Batistão, de 15.558 pessoas, superior à população de cidades no interior sergipano, é um potencial para construir grandes histórias. A narrativa da tradição, do espetinho antes do jogo, e do ato de sempre escolher a mesma cadeira para sentar revela que o estádio pode ser também uma casa, uma mãe, que abraça, acolhe, às vezes reclama, mas que sempre vai estar ali. 

Jogo mais marcante no Batistão:

Henrique: “Não tenho como relatar um específico. Memorável foi o time que dominou a década de 1990 e chegou ao hexacampeonato”.

Letícia: “Tem dois: o primeiro foi quando o Sergipe foi campeão ano passado, foi muita emoção! Foi próximo do meu aniversário e na data de falecimento do meu avô, que era torcedor do Sergipe também, infelizmente não consegui assistir nenhum jogo com ele. Eu saí do Batistão dizendo que era uma homenagem pra ele e um presente pra mim, foi realmente uma emoção indescritível. E o segundo foi o jogo do Sergipe x Botafogo, mas esse é memorável de tristeza, nunca imaginei sentir tanta raiva por causa do futebol, chorei muito, xinguei muito e até usei minhas redes sociais para falar sobre, foi realmente muito triste a injustiça sofrida pelo Sergipe”.

Hector: “Em relação ao Confiança tem o jogo em casa contra o Ypiranga em que ganhamos de 1x0 em 2019, já deixando encaminhado o nosso acesso (que veio) para a Série B no jogo de ida”.

Gabriella: “Meu primeiro jogo. Lembro que fui assistir Confiança x São Cristóvão, provavelmente em 2008/2009. Tenho algumas fotos desse dia e lembro de conversar no Msn com uma amiga falando como foi a experiência. Lembro de ter ficado encantada”.
 

Edição de texto: Monica Pinto
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