Confira alguns filmes que retratam a luta da população negra
F5 News sugere produções cujos olhares sobre a temática são de pessoas negras Entretenimento | Por Ana Carolina Alves 13/05/2023 13h00A abolição da escravatura ocorreu no Brasil no dia 13 de maio de 1888. Após isso, se perpetua a luta por ocupar espaços sociais e profissionais, como mostra reportagem de F5 News publicada hoje.
Existem diversas produções cinematográficas que trazem a luta negra como tema principal, mas muitas vezes protagonizadas e/ou produzidas por pessoas brancas, dessa forma deixando de lado o elemento experiência no assunto, e usurpando uma oportunidade de reconhecimento ou visibilidade.
Um exemplo está no filme Amistad (1998) que até a respeito das atuações apenas o coadjuvante branco, interpretado por Anthony Hopkins, teve destaque nas premiações, recebendo uma indicação ao Oscar. O filme ainda é dirigido por Steven Spielberg, e roteirizado por David Franzoni, ambos caucasianos. Contudo, o longa não deixa de ter relevância, sobretudo histórica, ao adaptar o caso real dos eventos ocorridos no navio La Amistad, da Espanha, que era utilizado para tráfico negreiro.
Mas a controvérsia ganhou espaço com "Django Livre" (2013), quando o cineasta Spike Lee criticou o idealizador do filme, Quentin Tarantino, e chamou o filme de “desrespeitoso”. "...A escravidão nos Estados Unidos não foi um western spaghetti de Sérgio Leone, mas um holocausto. Meus ancestrais foram escravos, roubados da África. Eu os honrarei", disse em entrevista à Vibe Magazine na época. Por trazer um escravo com um histórico brutal com seus ex-senhores, o filme acaba reforçando estereótipos de que pessoas negras são “agressivas”.
No Brasil, a polêmica ganhou uma versão com o filme “Vazante” (2017), duramente criticado pelos espectadores negros, pois trazia um retrato da escravidão através do olhar de uma menina branca de 12 anos.
Para trazer uma valorização do trabalho feito à frente e por trás das telas, o F5 News sugere alguns filmes que retratam a luta de pessoas negras, sob os olhares de diretores, roteiristas e produtores também negros.
Temporada (2020)Juliana (Grace Passô) se muda após passar em um concurso público. Ela é agente de saúde no combate à dengue e por isso passa seus dias visitando residências de bairros menos favorecidos de Contagem. Sua vida começa a ter mudanças inesperadas e, ao mesmo tempo, ela precisa enfrentar as dificuldades em seu relacionamento.
O drama dirigido e roteirizado André Novais Oliveira, que é conhecido por um estilo mais caseiro e poético, venceu em 2018 a 51ª edição do Festival de Brasília, onde conquistou cinco prêmios.
Onde assistir?
O longa pode ser encontrado na Netflix.
Correndo Atrás (2018)
Esta comédia brasileira é uma das poucas com elenco e produção quase que totalmente formado por negros. Conta a história de Ventania (Aílton Graça), um trabalhador que busca mudar de vida. Ele faz vários bicos até que decide tentar a sorte como empresário de futebol. Andando pelos subúrbios do Rio de Janeiro, encontra Glanderson (Juan Paiva) e reconhece seu talento para o esporte, apesar do garoto portar uma deficiência física.O lançamento mundial aconteceu em fevereiro de 2018 no Pan African Film Festival, em Los Angeles, evento considerado o maior festival de cinema negro das Américas.
Onde assistir?
Telecine e no Apple TV.
AmarElo (2020)
Um documentário nesse perfil - de temática negra sobre o prisma negro - é AmarElo, do rapper Emicida, o paulistano Leandro Roque de Oliveira, lançado em dezembro de 2020. O longa perpassa o legado da cultura negra brasileira, em meio aos bastidores do show de lançamento do álbum de mesmo nome do cantor, no Theatro Municipal de São Paulo (foto).Emicida faz um resgate da memória de ícones da história afro-brasileira, como o arquiteto escravizado Tebas da São Paulo do século 18, e a Frente Negra Brasileira, primeira organização de ativismo negro do país, ainda na década de 1930, entre outras pessoas e entidades.
No cenário internacional, produções com temática negra e conduzida por seus representantes ganharam muita visibilidade. Confira algumas sugestões.
12 anos de escravidão (2014)O roteiro do drama é uma adaptação do livro de 1853, cujo autor, Solomon Northup - interpretado no filme por Chiwetel Ejiofor - traz relatos pessoais da escravidão. Ele é um negro nascido livre que, após aceitar um trabalho em outra cidade, é sequestrado e feito de escravo por 12 anos. Nesse tempo, Solomon enfrenta diversas humilhações, violência física e emocional.
Onde assistir?
Star +
Faça a coisa Certa (1989)
Neste longa, o cineasta ganhador do Oscar, Spike Lee, demonstra do que é capaz e assina o protagonismo, a produção, a direção e o roteiro.
Sal (Danny Aiello) é dono de uma pizzaria no Brooklyn, mas ao decorar seu estabelecimento com fotografias de ídolos ítalo-americanos dos esportes e do cinema, desagrada a freguesia e sua vizinhança. Ao fazer uma visita, um dos moradores do bairro, questiona se o estabelecimento não deveria apresentar nomes de ídolos afrodescendentes, já que a comunidade do bairro é predominantemente negra. Spike Lee interpreta Mookie, um dos ajudantes da pizzaria.O filme, que experimenta tensões raciais que culmina em tragédia, é uma obra crítica e reflexiva que traz debates ainda muito atuais.
Considerado como uma das melhores obras de todos os tempos, o filme foi considerado "cultural, histórico e esteticamente significativo" pela Biblioteca do Congresso, sendo selecionado para preservação pela National Film Registry. Muito bem recebido pelas críticas, recebeu indicações ao Oscar de Melhor Ator para Spike Lee, Roteiro Original e Melhor Ator Coadjuvante para Danny Aiello.
Mas é preciso registrar que qualquer filme de Spike Lee poderia estar na lista, já que ele é bastante engajado em sua cinematografia, vale mencionar Malcolm X (1992) e Infiltrado na Klan (2018).
Onde assistir?
Amazon Prime Video, Telecine e Apple TV.
Judas e o Messias Negro (2021)O drama é baseado na história real de Fred Hampton (Daniel Kaluuya), líder dos Panteras Negras.
E acompanha William O'Neal (LaKeith Stanfield), que após um acordo judicial com o FBI, se infiltra nos Panteras Negras para reunir informações sobre Fred.
O filme dirigido por Shaka King foi indicado a 6 Oscars. Rendendo de Melhor Ator Coadjuvante para Daniel Kaluuya e Canção Original para "Fight For You" da H.E.R.
Aclamado pela crítica, foi o primeiro filme produzido apenas por negros a receber indicação ao Oscar de Melhor Filme de acordo com o Entertainment Weekly.
Onde assistir?
Amazon Prime Video, HBO Max e Apple TV.
Harriet: O Caminho para Liberdade (2019)Harriet Tubman (Cynthia Erivo) consegue escapar da escravidão e decide ajudar centenas de escravizados a fugir do sul dos Estados Unidos durante a Guerra de Secessão norte-americana.
Por causa disso, ela torna-se uma ativista e uma das maiores heroínas do país.
É inspirado na história real de um símbolo da luta negra nos Estados Unidos. Harriet foi a primeira mulher a liderar um ataque militar armado e serviu na guerra como espiã e enfermeira.
O filme foi bem recebido pela crítica, acumulando uma nota de 74% por cento no Rotten Tomatoes, e 6,7/10 no IMDB.
Vale mencionar que sua diretora é uma mulher negra, Kasi Lemmons, que além de cineasta também é atriz.
Onde assistir?
Amazon Prime Video e Apple TV.
Preciosa: Uma História de Esperança (2009)O filme acompanha Claireece "Preciosa" Jones (Mo´Nique), de 16 anos, de Nova York, que foi submetida a abusos físicos, mentais e sexuais, praticados e permitidos por sua mãe e seu pai. Quando ela fica grávida de sua segunda filha, fruto de um estupro praticado por seu pai, a diretora de sua escola providencia para ela uma escola alternativa. Essa mudança vai mudar sua relação com traumas e autoconfiança para sempre.
O diretor do filme, Lee Daniels, contou que se sentiu atraído pelo romance baseado num sentimento "cru e honesto".
Em 2010, o longa foi premiado com 2 Oscars: Melhor atriz coadjuvante (Mo’Nique) e Melhor Roteiro Adaptado (Geoffrey Fletcher).
Vale mencionar também a recente obra de Lee Daniels Estados Unidos vs Billie Holiday (2021).
Onde assistir?
Amazon Prime Video.
Corra! (2017)
Não é baseado em uma história real, mas é um filme super divertido e assustador que traz críticas raciais. O thriller, roteirizado e dirigido por Jordan Peele, deu o que falar na época de seu lançamento, virando até um meme sobre relacionamentos.
Corra é uma demonstração exemplar de como equilibrar comédia, terror e crítica social.
Chris (Daniel Kaluuya) é um fotógrafo que está numa relação interracial com Rose (Allison Williams). Quando finalmente visita a mansão dos pais dela para conhecê-los, percebe que há algo de muito errado acontecendo.
Na época de seu lançamento, foi um dos filmes que mais recebeu indicações ao Oscar, sendo premiado com Melhor Roteiro Original (Jordan Peele).
Onde assistir?
Netflix, Amazon Prime Video, Star +, Globo Play, Apple TV e Paramount +.
Estagiária sob supervisão da jornalista Monica Pinto