Por lei, a segunda parcela do 13º salário deve ser paga até esta quarta-feira (20). O dinheiro a mais impulsiona a economia e ajuda a população a fazer compras, organizar as dívidas e antecipar pagamentos. F5 News ouviu algumas pessoas para saber qual seria o destino desse extra e a preferência foi uma só: organizar as economias para entrar bem em 2024.

E a preocupação não é à toa. Segundo dados do Serasa, no mês de novembro, 71,8 milhões de brasileiros estavam em situação de inadimplência. Não é por acaso que o Desenrola, programa do Governo Federal para o pagamento de dívidas, se tornou uma alternativa de grande adesão, com R$ 29 bilhões em débitos renegociados e 10,7 milhões de pessoas participantes. Na prática, um dinheiro extra facilita demais a organização financeira.

 

Stefhanie Rocha, auxiliar de recursos humanos, diz que o 13º sempre desempenha um papel crucial. Isso porque ela consegue antecipar pagamentos e reduzir ao máximo as dívidas antes do final do ano. "Além disso, também proporciona uma estabilidade financeira que me permite planejar melhor o próximo ano", disse ao F5 News.

A gerente de loja Juliane Machado também partilha dessa filosofia. Com ela, o dinheiro extra ficará guardado para os gastos de início de ano - matrícula de escola das filhas, material escolar e IPTU. "Não costumo usar esse dinheiro para compras de final de ano, pois acabo fazendo esse tipo de compras no cartão de crédito", afirmou ao portal.

Da mesma forma, Mário Souza, fotógrafo, está preferindo separar o "dindin" para as contas de início de ano. Segundo ele, a providência é bastante habitual em sua organização financeira. "Sempre usei para pagar matrícula, para comprar material escolar e, se der ainda, para pagar alguma conta em atraso. É bem comum fazer deste jeito", conta.

Para a secretária Crislaine Cabral, o salário extra tem como destino certo também organizar as contas. "Uso para quitar dívidas, compra de material escolar do filho e as despesas de fim de ano, que sempre acabo fazendo coisas extras", afirma. Segundo ela, investir também seria uma opção, mas ainda não viável.  

"Os economistas dizem para usar esse dinheiro para fazer uma reserva na poupança, investir em algo que dê lucros. Mas só que na verdade o dinheiro é tão pouco que nem sobra pra fazer o que eles aconselham. Quase todos os anos o meu 13º é usado sempre para as mesmas despesas. Acredito que a maioria dos brasileiros usa da mesma forma", disse Crislaine ao portal.

Planejamento é essencial
O economista Rodrigo Rocha orienta que, para endividados em qualquer escala, o ideal é que pelo menos uma grande parte do 13º seja utilizada para quitar débitos pendentes. "Outra parte para se preparar às contas que sempre acontecem no início do ano, como IPTU, IPVA, matrícula e material escolar", recomenda. 

E as comprinhas de final de ano, como é que ficam? Estas devem ser feitas somente após a organização das contas, caso ainda haja disponibilidade de parte do salário extra. Segundo Rocha, esse planejamento é importante para poder iniciar o ano com mais tranquilidade e não arriscar passá-lo com dificuldades financeiras.

"Para quem já está com as contas organizadas e já possui reserva de emergência e investimentos, o ideal é investir pelo menos uma parte do 13º e usar o restante para as compras, confraternizações e até mesmo alguma viagem para comemorar as conquistas do ano e iniciar o novo ano com mais disposição para novas conquistas", disse o economista ao F5 News.

Benefícios para a economia
Rodrigo Rocha analisa que, para a economia, o 13º tem efeitos muito positivos, pois injeta um valor significativo no mercado e boa parte dele se transforma em consumo. A lógica é que, mesmo quem utilizar o dinheiro para pagar dívidas, caso esteja com o nome negativado, poderá voltar a ter crédito e, então, ir às compras novamente. 

"Vale destacar que esse efeito acaba sendo antecipado pelas pessoas, através do uso de cartão de crédito, já contando com o 13º para pagar a fatura. Por isso muitas empresas também se antecipam e já começam as contratações de final de ano entre outubro e novembro, gerando muitas oportunidades de emprego, para poder se preparar para este aumento esperado da demanda no final do ano", completa o economista.