Economista sergipano analisa impactos do recuo sobre monitoramento do PIX
Márcio Rocha destaca que a medida era uma "evolução necessária" e critica falhas na comunicação que alimentaram desinformação Economia | Por Gabriel Ribeiro 17/01/2025 07h00O governo federal decidiu, na última quarta-feira (15), revogar a ampliação do monitoramento sobre transações financeiras, que incluía o PIX. A medida foi tomada após uma onda de desinformação nas redes sociais e pressão popular. Em entrevista ao F5 News, o jornalista e economista sergipano Márcio Rocha analisou os impactos econômicos e sociais dessa decisão.
Para Rocha, a revogação não afeta diretamente a arrecadação fiscal, pois o PIX não seria taxado, e a medida visava apenas aprimorar a fiscalização de movimentações financeiras. “O recuo do governo não muda absolutamente nada na arrecadação. O objetivo era monitorar fraudes e sonegações, e não prejudicar pequenos comerciantes ou usuários comuns”, afirmou.
Ele destacou que os limites anteriormente estabelecidos — R$ 2 mil para pessoas físicas e R$ 6 mil para jurídicas — já eram eficazes para identificar movimentações suspeitas. O aumento para R$ 5 mil seria apenas uma atualização para alinhar o PIX a outros meios de pagamento.
O economista criticou a estratégia de comunicação do governo federal. “Desde o início dessa gestão, a comunicação tem sido um ponto fraco. Falta clareza e acessibilidade na explicação de medidas importantes, o que abre espaço para desinformação”, pontuou Rocha.
Segundo ele, o recuo demonstra a incapacidade do governo de lidar com a pressão popular e as fake news, prejudicando a credibilidade em futuras iniciativas. “Criou-se um desgaste desnecessário para a imagem institucional, o que reflete a fragilidade na comunicação estratégica do governo”, considera.
Rocha classificou a inclusão do PIX no monitoramento de transações como uma evolução estratégica. “O PIX cresceu exponencialmente e se tornou essencial no sistema financeiro. Monitorar transações dessa natureza é fundamental para combater fraudes e lavagem de dinheiro”, analisou.
No entanto, ele reconheceu que a redução dos limites fragiliza as medidas de controle e pode favorecer práticas ilícitas. “A eficácia de outras estratégias será crucial para minimizar os riscos de sonegação e atividades ilegais”, defende.
Para Rocha, o governo precisa investir em tecnologias de análise de big data e inteligência artificial, além de priorizar campanhas de comunicação claras e pedagógicas. “É possível manter a gratuidade do PIX e garantir o controle fiscal com transparência e inovação. A confusão gerada foi mais um reflexo de falhas estruturais de comunicação do que de problemas na proposta em si.”, aponta.
O economista finalizou ressaltando a importância de educar a população para evitar que desinformações se espalhem. “Temos uma sociedade que se informa apenas por títulos e mensagens de WhatsApp. É necessário combater isso com mais educação e campanhas informativas consistentes.”
Enquanto o governo tenta conter os danos à sua imagem, especialistas como Márcio Rocha defendem que o monitoramento do PIX é uma necessidade, desde que implementado com cuidado e bem comunicado à sociedade.