Custo de vida baixo atrai pesquisadores brasileiros para Lisboa
Há 2935 estudantes brasileiros em Portugal com bolsas federais Economia 27/05/2013 08h13Por José Rivaldo Soares
A musicista Ariana Perazzo (Foto 2) é professora de Viola, do Departamento de Música da Universidade Federal da Paraíba e afastou-se das suas atividades acadêmicas para cursar o doutorado na Universidade Nova de Lisboa. “A minha pesquisa vai tratar da influência da música ibérica na música brasileira, especificamente, em Pernambuco. Aqui darei continuidade à pesquisa iniciada no mestrado”.
Perazzo teve algumas barreiras iniciais junto à sua instituição de origem para conseguir viajar. “Não tinha professor substituto na época do afastamento de sala de aula. Depois de um tempo, o impasse foi solucionado e consegui apenas uma licença remunerada, sem bolsa de estudos”, conta. Neste momento, está tentando conseguir uma, junto a outros órgãos brasileiros como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)”.
O custo de vida baixo em Portugal foi um dos motivos para Ariana continuar sua investigação em Lisboa, mesmo sem bolsa de estudos. O sergipano João Antônio Nascimento veio para Lisboa pelo mesmo motivo. “Tendo o curso em mente e a vontade de viver fora, num local que não fosse muito grande e gastando o mesmo que se gastaria em um grande centro no Brasil, resolvi tentar o mestrado aqui em Lisboa”, argumenta.
João Antônio é mestrando em Gestão do Território, especializado em Detecção Remota e Sistemas de Informação Geográfica, e não tem planos de voltar para o Brasil tão cedo. O plano agora é candidatar-se a um estágio não remunerado, já que as empresas que trabalham com Sistemas de Informação Geográfica estão demitindo os seus funcionários ou os perdendo para o exterior. “Vou trabalhar sem receber remuneração, foi assim que ganhei experiência no Brasil”, pontua.
Devido ao fato de ter contas para serem pagas e de não receber auxílio de forma nenhuma, o estágio não remunerado só é possível porque João trabalha à noite em uma companhia telefônica e tem como se manter. “Estou fazendo horas extras para tentar ter dinheiro para um possível doutorado em Geografia, ou mesmo me candidatar a uma nova graduação em Geologia aqui”.
Ariana e João são apenas dois dos milhares de estudantes que todos os anos atravessam o Atlântico à procura de formação em Portugal. E, com o programa Ciências Sem Fronteiras do Governo Federal, a procura pelo país lusitano tem aumentado. O estudante de medicina Anderson Monteiro se inscreveu no programa de última hora e não teria tempo suficiente para realizar os testes de proficiência necessários para outros países. Restou apenas Portugal e Espanha, que não exigiam tais testes. Optou por Portugal pelo domínio do idioma.
Segundo Anderson, sem o programa do governo federal não teria condições de vir para Portugal, sequer a passeio. No Brasil, estudava em uma universidade particular com uma das mensalidades de medicina mais caras do país, porém lá é bolsista do Programa Universidade para todos.
Anderson vem de uma família sem muitas condições financeiras. Natural de São Francisco de Paula, na serra gaúcha, vivia em Canoas para estudar. Está no quarto ano de Medicina na Universidade Luterana do Brasil.
Em Portugal, é intercambista na Universidade Nova de Lisboa. Para reduzir as despesas mensais, Monteiro divide apartamento com outros brasileiros, na zona da Saldanha. “Escolhi pela proximidade com linhas de metro, hospitais que tenho aula e com minha própria faculdade.” Segundo ele, sua rotina não é muito diferente aqui do que era lá, seu dia-a-dia resume-se ao mesmo: estudos, faculdade, casa, cinema. “O que diferencia são alguns programas turísticos e as oportunidades de viajar que tenho aqui”.
O jovem acadêmico anseia concluir o curso de medicina, conseguir um bom emprego que lhe dê oportunidade de ajudar a família e ao mesmo tempo continuar os estudos para entrar numa especialização.
Diferente de João Antônio, Anderson não pretende continuar em Portugal. “O programa é bem claro em relação a termos de voltar ao Brasil para concluir nosso curso. E mesmo que assim não fosse, eu voltaria, pois as perspectivas de trabalho na minha área são muito melhores no Brasil do que aqui”.
Outros Programas
Apesar das estatísticas divulgadas pelo Programa Ciências Sem Fronteiras (CsF), é difícil mensurar o valor preciso de brasileiros que estudam em Portugal. Além do CsF, existem outros programas independentes do governo.
Segundo Teresa Lino, responsável pela recepção de alunos estrangeiros na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (Foto 3) da Universidade Nova de Lisboa, neste ano letivo, a faculdade recebeu apenas cinco alunos do Ciências Sem Fronteiras.
“Este ano recebemos nove alunos das bolsas luso-brasileiras Santander e 26 de outros protocolos independentes, assinados entre a nossa faculdade e universidades brasileiras”, explica Teresa. Segundo ela, o número de brasileiros estudando nesta Faculdade tem mantido a média dos anos anteriores.
*Em colaboração para o F5 News
Foto de Ariana Perozzo: arquivo pessoal
Foto 1: Teatro Nacional de São Carlos
Fotos: José Rivaldo Soares
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