Cuidado ao emprestar o nome para terceiros fazerem compras
15 milhões de consumidores ficaram inadimplentes por dívidas de outros Economia 21/04/2015 10h46Por Will Rodrigues*
Já emprestou o seu cartão de crédito ou um cheque para um parente ou amigo? Provavelmente. Até aí, nenhum problema, mas quando a pessoa que tomou emprestado não paga a dívida contraída, começam as dores de cabeça. Essa situação é mais comum do que se imagina.
Um estudo realizado recentemente pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revelou que 15 milhões de consumidores ficaram - ou ainda estão - com o nome sujo por essa razão, principalmente por emprestar o cartão de crédito (74%) e o cartão de loja (64%).
A enfermeira Rosa Angélica Sampaio já passou por essa situação e não tem boas recordações. “Eu emprestei em nome da amizade e porque percebi que a pessoa estava precisando bastante. A pessoa até pagou as primeiras prestações, mas a partir do terceiro mês começou a atrasar, até parar de pagar. Me chateou o fato de não ter me dado nenhuma explicação. Acredito que faltou consideração”, lamenta.
Rosa precisou renegociar a dívida para conseguir limpar o seu nome. Hoje, ela diz que não sabe se emprestaria o nome novamente. “A gente fica com receio porque se esforça para ser honesto e não quer ter o nome sujo por terceiro”, diz.
A Pesquisa do SPC mostrou ainda que o processo de quitação da dívida feita por terceiros é longo: 53% dos atuais inadimplentes estão nessa situação há mais de três anos.
De acordo com os dados, menos da metade dos entrevistados (39%) sabia o valor da compra ou empréstimo feito por outros em seu nome, e o seu valor médio chega a quase quatro mil reais, sendo que quase 5 parcelas deixaram de ser pagas.
No momento que descobriram estar com o nome sujo, quatro em cada dez consumidores (38%) disseram não ter tomado nenhuma atitude – número que aumenta para 56% entre quem ainda está inadimplente.
O presidente do SPC Brasil Roque Pellizzaro salienta que “O consumidor que ficou inadimplente acha que a dívida não é dele, e muitas vezes adia ou renega o pagamento”, contudo, ele faz um alerta. “Mas, ainda que ele não tenha de fato contraído a dívida, tem responsabilidade em ter emprestado o nome e a única maneira de sair dessa situação pode ser ele mesmo pagando o valor”, explica.
E é justamente isso que a maioria dos entrevistados fazem. Segundo a pesquisa mais da metade (52%) dos consumidores se responsabilizam pelo problema que os deixaram com nome sujo e afirmam terem pagado ou que irão pagar ao menos parte dela, ainda que a dívida seja de outra pessoa.
Segundo a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, esse número é alto pelos impactos que o endividamento e nome sujo causam no dia a dia de quem emprestou o nome. “A pessoa que fica inadimplente quer sair logo dessa situação. Por isso, toma algumas atitudes a fim de pagar a dívida que não foi contraída por ela”, explica.
Entre as medidas adotadas, a principal é o corte de gastos (67%), mas há quem opte por deixar de suas próprias contas (37%) ou utilizam parte de suas reservas financeiras (27%) para limpar o nome. A pesquisa identificou que, em média, quem emprestou o nome pagou R$ 2.168,00 em dívidas de terceiros.
“Emprestar o nome para amigos ou conhecidos é uma atitude solidária, mas pode estragar planos importantes de médio e longo prazo, como comprar uma casa, um carro, investir na educação e saúde, etc. Ao tentar ajudar uma pessoa próxima, é preciso pensar bastante antes.” analisa Kawauti.
“Os resultados indicam que, frequentemente, quem emprestou o nome acaba se responsabilizando por uma dívida que não fez. O consumidor, portanto, deve refletir e entender se está mesmo preparado para assumir esse compromisso, antevendo as consequências, caso o responsável pela dívida não consiga cumprir sua parte”, conclui a economista.
*Com informações do SPC Brasil
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