Zé Peixe é homenageado antes do sepultamento
Marinha faz honras ao seu mais famoso prático Cotidiano 27/04/2012 17h17Por Sílvio Oliveira
Enquanto familiares e amigos se despediam do prático José Martins Ribeiro Nunes (85), o Zé Peixe, a bandeira da Marinha do Brasil era colocada em cima do caixão, cercado de oficiais da Capitania dos Portos de Sergipe. As homenagens continuaram quando o apito final soprou a “Volta ao Detalhe Especial para o Mar”, entoado apenas para o adeus aos práticos. Foi retirada a bandeira de “Prático a Bordo”, apenas permanecendo a meio palmo a bandeira do Brasil.
O cortejo fúnebre transportou o corpo de Zé Peixe em carro aberto do Corpo de Bombeiros, ao som das palmas dos que foram fazer suas últimas homenagens. Em solo, o cortejo percorreu os postos de continência e, em água, embarcações fizeram um buzinaço para saudar Zé Peixe.
O carro do Corpo de Bombeiros percorreu todo o trajeto da Ivo do Prado sendo aplaudido por onde passou. O corpo de Zé Peixe foi sepultado no final da tarde desta sexta-feira (27), no Cemitério Santa Izabel, em Aracaju (SE), num clima de muita comoção e dor de familiares, autoridades e amigos.
Para o ex-deputado federal José Carlos Machado, Zé Peixe se tornou um exemplo de homem íntegro, humano, humilde e profissional. “Ele escreveu uma página importante na história de Sergipe. Pode-se dizer que um dos sergipanos mais conhecidos e respeitados”, afirmou.
O capitão de Fragata Eron Gantois disse que a Capitania dos Portos perdeu mais do que um profissional, mas um amigo, já que nos 157 anos de Capitania em Sergipe, ele esteve presente metade dos anos, ou seja, desde criança, quando frequentava o órgão com o pai dele. “Ele era mais do que um militar, mais do que um colega de trabalho. A Marinha perde um amigo e nada mais justo do que abrirmos a porta para que os amigos prestem homenagem a ele”, ressaltou.
Morte aos 85 anos
Zé Peixe faleceu na tarde desta quinta-feira (26), a caminho do hospital São Lucas ao passar mal depois do almoço em sua residência. Ele não deixou filhos, mas a família era apaixonada pelo homem de 1,60m, franzino, que tinha hábitos completamente distintos da maioria. Quando passou mal, o sobrinho, Robert Shunk, estava em sua companhia e tentou socorrê-lo, levando-o ao hospital São Lucas. A causa-morte foi insuficiência cardíaco-respiratória.
Homem peixe
Zé Peixe era uma figura legendária de Sergipe e ficou conhecido ao conduzir embarcações na saída e entrada da barra do rio Sergipe, considerada uma das mais perigosas do país. O mais inusitado é que ele não precisava de embarcação de apoio. Fazia a travessia e o guiamento de navios a nado, detalhando a profundidade das águas, das correntezas e direção dos ventos.
Protagonistas de inúmeras matérias em meios de comunicação do país, não era difícil os sergipanos de passagem pela avenida Ivo do Prado - onde ele residia - encontrarem o “Pequeno Notável” (apelido que ganhou por seus 53 Kg distribuidos em 1,60m de altura) em seu habitual nado nas águas do rio Sergipe. Também era conhecido por sempre andar de pés descalços e poucas vezes usar sapatos.
Contam os mais próximos que ele, por muito tempo, não se banhava de água doce, somente de água salgada, além de ter um estilo de vida marcado por hábitos saudáveis, como nunca ter fumado, nem consumido bebidas alcoólicas, comer bastante frutas, dormir às 20h e acordar sempre às 06h.
Zé Peixe nunca deixou seu estado natal, sempre residiu no mesmo lugar: a casa da Ivo do Prado, herdada dos pais.
Homenagem
Por sua bravura em salvar velejadores e tripulantes em perigo, bem como pela praticagem, foi agraciado com vários prêmios e medalhas: pelo salvamento da iole potiguar (barco a vela) recebeu a medalha ao mérito em ouro do Rio Grande do Norte; por seus dedicados anos de trabalho recebeu a Medalha Almirante Tamandaré (criada em 1957, homenageia instituições e pessoas que tenham prestado importante serviço na divulgação ou no fortalecimento das tradições da Marinha do Brasil); homenageado com a Medalha de Ordem do Mérito Serigy, mais alta condecoração do Município de Aracaju e eleito o Cidadão Sergipano do Século XX.
Em 2009, com 82 anos e já enfermo, solicitou junto à Marinha seu afastamento definitivo da praticagem (Portaria N 141/DPC, 13/10/2009). Atualmente aposentado, se afastou do mar, pois sofria do Mal de Alzheimer, o que o deixou limitado e restrito à sua casa onde era assistido pela família. O rio Sergipe e a Marinha do Brasil perdem um dos mais brilhantes sergipanos.
Fotos: Sílvio Oliveira
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