Santo Antônio: fiéis comemoram retorno de procissões e trezenas presenciais
As celebrações tinham sido suspensas desde o início da pandemia de Covid-19 Cotidiano | Por Ana Luísa Andrade 13/06/2022 21h21 - Atualizado em 14/06/2022 08h30Em 13 de junho, comemora-se o dia de um dos dos santos mais populares da tradição católica: Santo Antônio.
Ainda em vida, o então missionário se tornou famoso por praticar milagres dos mais diversos tipos, o que culminou na rápida canonização após sua morte. Já como Santo Antônio, ele ficou conhecido, principalmente, como o protetor das coisas perdidas e dos casamentos.
Em Sergipe, assim como em muitos outros lugares do Brasil, são realizadas trezenas - 13 dias de celebração - em homenagem ao Santo. O Frei Marconi Lins de Araújo, responsável pela Paróquia de Santo Antônio em Aracaju, conta como se deu o surgimento da tradição:
“Como Santo Antônio morreu num dia 13 de junho, seus devotos celebram, desde tempos idos, treze dias de orações, celebrações e festividades. Daí o nome Trezena”, explica o Frei.
Segundo o Frei Marconi, os fiéis se reúnem nessas celebrações para agradecer a Deus pela vida do seu santo padroeiro, além de pedir por saúde, paz, graças e outras necessidades, como emprego ou melhorias de vida.
A Paróquia de Santo Antônio, no bairro homônimo, zona norte da capital sergipana, além de carregar o nome do homenageado, é sede de uma dessas trezenas. Desde 2020, por conta da pandemia de Covid-19, a celebração havia sido suspensa. Este ano, os fiéis comemoram o retorno presencial do evento, que se inicou no primeiro dia deste mês.
Uma dessas pessoas é Nilda Silva Araújo, 79 anos. Atual ministra da eucaristia da Paróquia de Santo Antônio, a devota conta que sua relação com o Santo Casamenteiro começou ainda em sua adolescência, quando ela tinha o costume de ir à colina do bairro para “paquerar”. Desde então, ela sempre participa das trezenas e tem o hábito de rezar pedindo a proteção do santo.
Ela compartilha o sentimento de muita alegria pelo retorno da celebração presencial. “Fico muito satisfeita em poder estar participando da celebração do padroeiro de nossa comunidade, o bairro Santo Antônio”, afirma a fiel, que frequentou todos os 12 dias anteriores da trezena e confirmou sua presença no seu encerramento, que ocorre esta noite.
Além das atividades religiosas, com as celebrações litúrgicas, as trezenas contam com momentos culturais, como música e danças do período junino, venda de comidas típicas e objetos religiosos.
Outro ponto fundamental da trezena é a arrecadação de doações de alimentos não perecíveis para pessoas em necessidade. “A festa deve deixar uma mensagem que fortaleça a fé religiosa do povo e seu compromisso com a construção de uma sociedade mais solidária e fraterna”, afirma o Frei Marconi.
Em Itabaiana, município do agreste sergipano, também ocorre esse tipo de festividade, especialmente pelo fato de Santo Antônio ser o padroeiro da cidade. Lá, o Trezenário de Santo Antônio ocorre entre os dias 31 de maio e 12 de junho, encerrando-se com uma procissão no dia festivo do santo.
Assim como na Paróquia aracajuana, a itabaianense Paróquia Santo Antônio e Almas suspendeu as atividades presenciais do Trezenário durante a pandemia. Entretanto, esse ocorreu de forma virtual, com a transmissão ao vivo pelas redes sociais.
Este ano, com o retorno presencial do evento, a programação contou com celebrações de missas, quermesses, atividades culturais e também com o inédito passeio ciclístico de Santo Antônio, que percorreu povoados do município.
A coordenadora da Pastoral da Comunicação da Paróquia, Moniery Silva, conta que a expectativa para a noite de procissão é muito grande: “Falar do Trezenário é falar da devoção do povo de Itabaiana. Os devotos estão com muitas saudades de poder acompanhar Santo Antônio através da procissão.”, afirma
Fé inata
A itabaianense Gicelma Sacramento de Jesus, 65 anos, se considera devota do Santo desde ainda bebê. Ela explica que sua mãe passou por uma gravidez muito conturbada, em que não pôde contar com o apoio da família. Por isso, no batismo de Gicelma, que ocorreu na Paróquia Santo Antônio e Almas, ela decidiu que seu padrinho seria o próprio Santo Antônio.
“Acho que essa foi a decisão mais sábia que ela teve”, declara a devota, que até hoje guarda o batistério do dia de seu batismo com o nome de seu padrinho: Santo Antônio.
Ela considera que o primeiro milagre que o padrinho lhe concedeu foi a sua adoção, pois sua mãe biológica não pôde assumir sua criação. Coincidência ou não, o processo de adoção se deu justamente no dia 13 de junho.
“Fui adotada por um casal que me criou com todo amor e dignidade que um ser humano necessita. Esse foi o primeiro milagre que meu padrinho Santo Antônio realizou em minha vida”, relata Gicelma.
A ligação da fiel com o santo é tanta que foi também na Paróquia Santo Antônio e Almas que ela se casou, batizou seus três filhos e quatro netos. Ela afirma ainda que não perde o Trezenário por nada. “Nesse período, se alguém me ofertasse uma viagem gratuita para qualquer lugar do mundo, eu recusaria para poder cantar os louvores do meu padrinho Santo Antônio”, conclui a devota.
Santo Antônio Fujão
Também em Itabaiana, conta-se a lenda de Santo Antônio Fujão. Segundo a história, toda noite Santo Antônio fugia do povoado de Igreja Velha para o local onde foi construída a atual Paróquia Matriz, ao redor da qual se desenvolveu a comunidade itabaianense. De acordo com a lenda, a intenção do santo era mostrar o local onde ele queria ser colocado permanentemente.