Pesquisas avaliam impactos da ação humana nos rios de Sergipe | F5 News - Sergipe Atualizado

Meio Ambiente
Pesquisas avaliam impactos da ação humana nos rios de Sergipe
Estudos avaliam qualidade da água e presença de poluentes
Cotidiano 28/04/2024 07h00 - Atualizado em 28/04/2024 09h23


Uma das principais preocupações relacionadas ao meio ambiente é quanto ao estado de preservação dos rios e afluentes, que formam as bacias hidrográficas. O estado de Sergipe possui um total de oito bacias, sendo duas costeiras e seis formadas a partir de grandes rios. Destas, três estão integralmente no território sergipano: Japaratuba, Sapucaia e Caueira-Abaís. As outras cinco estão ligadas a rios que nascem em outros estados e desaguam aqui: São Francisco, Sergipe, Vaza-Barris, Piauí e Real. Um relatório de conjuntura de recursos hídricos feito em 2023 pela Agência Nacional de Águas (ANA) afirma que a qualidade da água dos mananciais de água superficial de Sergipe varia de boa a regular, dentro de uma escala que vai da ótima à péssima.

No entanto, ainda não existem outros documentos ou levantamentos mais abrangentes sobre a situação atual dos rios e afluentes de Sergipe, no que diz respeito à preservação. “É necessário analisar as bacias em sua totalidade, considerando tanto os rios principais quanto os afluentes. Certamente, encontraremos áreas dos rios impactadas pela ação humana, assim como áreas que permanecem preservadas”, diz a professora e pesquisadora Maria Nogueira Marques, do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PSA) da Universidade Tiradentes (Unit). 

Ela acrescenta que, nas áreas impactadas, há problemas causados por alguns problemas causados pela ação humana. Um deles é o lançamento de esgotamento sanitário doméstico e industrial sem tratamento adequado, juntamente com o escoamento de fertilizantes e agrotóxicos pela água da chuva, que acaba contaminando as águas desses mananciais com substâncias prejudiciais à saúde, tanto do ecossistema quanto dos seres humanos. “Entre essas substâncias, podemos citar hormônios, plastificantes, antibióticos e agrotóxicos, as quais não são completamente removidas no processo de tratamento convencional da água destinada ao consumo humano”, detalha Nogueira.

Outro problema é a ausência de matas ciliares, presentes nas regiões que margeiam os rios, que previnem o assoreamento e a erosão das margens, além de evitar o carreamento de água da chuva para os rios. De acordo com a pesquisadora, a falta desse tipo de vegetação contribui para a degradação do ambiente aquático, afetando diretamente a fauna local e impactando negativamente as comunidades ribeirinhas. Tais impactos se refletem em prejuízos para o abastecimento de água potável, a pesca, a irrigação e outras atividades.  

Estudos em andamento

Alguns desses impactos nos rios e afluentes de Sergipe vêm sendo estudados em pesquisas, teses e dissertações desenvolvidas pelo PSA da Unit, em conjunto com o Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP). A professora Maria Marques, que também atua junto ao ITP, direciona sua linha de pesquisa para a avaliação dos recursos hídricos, com o objetivo de gerar informações que contribuam para a gestão dos recursos hídricos e o serviço de abastecimento público de água. Uma delas, publicada em 2021, apontou a presença de microplásticos e micropoluentes em praias próximas ao estuário do rio São Francisco, entre as cidades de Brejo Grande (SE) e Piaçabuçu (AL). 

Atualmente, a principal pesquisa em andamento no PSA investiga o descarte inadequado de resíduos plásticos nas praias de Aracaju. Ele conta com a participação de alunos de iniciação científica do curso de graduação em Farmácia da Unit e do Ensino Médio do Colégio Estadual Tobias Barreto. Outro projeto, em fase inicial, do pesquisador Anderson Ezequiel Silva, vai estudar a degradação do polímero poli (tereftalato de etileno) - PET com ação enzimática. 

Políticas e prevenção

Para além do diagnóstico, faz-se importante a aplicação efetiva de políticas públicas para a preservação e a recuperação dos rios e afluentes, garantidas através de leis como o Código Florestal (Lei 12.651/2012), as Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico (Lei 11.445/2007) e a padronização do lançamento de efluentes (Resolução 430/2011 do Conama). Para isso, existem os comitês de bacias hidrográficas, espaços consultivos de discussão e deliberação sobre a gestão dos recursos hídricos de uma determinada região. 

Estes comitês também são conhecidos como “Parlamentos das Águas”, pois são compostos por representantes do poder público, de usuários dos recursos hídricos e da sociedade civil. “Eles enfrentam o desafio de lidar com visões e interesses diversos, buscando encontrar soluções que atendam às necessidades de todos os envolvidos. Assim, o trabalho realizado pelos comitês é fundamental para garantir uma gestão sustentável dos recursos hídricos, promovendo o uso racional e a preservação dos mananciais, em benefício de toda a comunidade e do meio ambiente”, explica Maria Nogueira, que também representa a Unit no Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Conerh) e nos comitês de bacias hidrográficas do rio Sergipe e do rio Japaratuba. 

Ainda de acordo com a pesquisadora, a própria população pode contribuir com a preservação dos rios, evitando desperdício de água potável e separando do lixo reciclável dos resíduos orgânicos. Deve-se ainda descartar medicamentos vencidos e embalagens nos pontos de coleta das farmácias, além de usar com consciência os produtos de limpeza considerados poluentes, como xampus, sabonetes líquidos e detergentes. A mesma moderação deve ser adotada para os agrotóxicos, que devem seguir a dosagem adequada prescrita por um engenheiro agrônomo, e com a irrigação, que deve seguir métodos que minimizem e otimizem o consumo de água


Fonte: Asscom Unit

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