Desigualdade racial: um abismo que exige ação urgente
Blogs e Colunas | Marcio Rocha 11/05/2024 08h48A realidade das jovens negras no Brasil é um retrato cruel da desigualdade racial que persiste em nosso país. Segundo dados da Ação Educativa, em 2023, a taxa de desemprego entre jovens negras de 18 a 29 anos era três vezes maior que a dos homens brancos da mesma faixa etária. E quando conseguem um emprego, suas chances de receber um salário justo são ainda menores: a renda das jovens negras é 47% inferior à média nacional e quase três vezes menor que a dos homens brancos.
Para além do mercado de trabalho, a sobrecarga de trabalho doméstico também é um fator que limita as oportunidades para as mulheres negras. Elas dedicam quase o dobro de horas aos afazeres domésticos do que os homens negros e brancos, comprometendo tempo que poderia ser dedicado à educação, ao trabalho ou ao lazer.
Essa disparidade gritante exige ações urgentes e abrangentes para combater o racismo estrutural e construir uma sociedade mais justa e igualitária. No campo educacional, é fundamental investir em políticas públicas que garantam o acesso à educação de qualidade para todas as crianças e jovens, com foco na valorização da cultura afro-brasileira e no combate ao racismo nas escolas.
No mercado de trabalho, medidas como cotas em universidades e empresas, programas de treinamento e capacitação profissional específicos para a população negra, além de leis que combatam a discriminação racial na hora da contratação e promoções, são essenciais para garantir oportunidades igualitárias.
É crucial também investir em políticas públicas que promovam a autonomia econômica das mulheres negras, como o microcrédito, a criação de cooperativas e o apoio ao empreendedorismo negro.
Combater a desigualdade racial é um desafio que exige o compromisso de toda a sociedade. Governo, empresas, instituições de ensino e a comunidade em geral precisam se unir para construir um futuro mais justo e igualitário para todas as pessoas, independentemente de sua cor de pele. Existem medidas que sendo tomadas, podem promover a redução da desigualdade e estimular uma sociedade que cresça economicamente de maneira mais justa.
Para isso, é necessário ampliar o investimento em educação infantil de qualidade, com foco na primeira infância, para garantir o desenvolvimento cognitivo e social das crianças negras desde cedo. Também é importante implementar o ensino da história e da cultura afro-brasileira de forma transversal em todo o currículo escolar, pois a história e cultura ensinados são totalmente derivativos de influências brancas, católicas de origem europeia. Fazer os investimentos na formação de professores para que estejam aptos a lidar com as questões raciais em sala de aula e promover um ambiente escolar inclusivo e acolhedor para todos os alunos também é necessário.
A criação de programas de treinamento e capacitação profissional específicos para a população negra, visando aumentar suas qualificações e chances de recolocação no mercado de trabalho é um meio de fazer justiça com a maior parcela da população e a mais esquecida pelo poder público. Para isso, é necessário fortalecer as leis que combatem a discriminação racial na hora da contratação, promoção e demissão, além de incentivar a contratação de pessoas negras por meio de benefícios fiscais e outros incentivos para as empresas.
No caminho do empreendedorismo, principalmente o de comunidades, precisam-se estudar meios que possam ampliar o acesso ao microcrédito para mulheres negras, com taxas de juros acessíveis e acompanhamento técnico. Apoiar a criação de cooperativas e outros modelos de negócios colaborativos liderados por mulheres negras. Fomentar o empreendedorismo negro por meio de programas de incubação, mentoria e acesso a capital também é importante. Assim como implementar campanhas de conscientização sobre o racismo estrutural e seus impactos na vida das pessoas negras. Apoiar iniciativas que promovam a diversidade e a inclusão racial em todos os setores da sociedade. Investir em pesquisas sobre as causas e consequências do racismo, para subsidiar políticas públicas mais eficazes.
A construção de uma sociedade mais justa e igualitária é um processo contínuo que exige o engajamento de todos. Ao unirmos forças e implementarmos ações concretas, podemos começar a desmantelar o racismo estrutural e garantir que todas as pessoas, independentemente da cor de sua pele, tenham as mesmas oportunidades de alcançar seus sonhos e construir uma vida melhor.
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Marcio Rocha é jornalista formado pela UNIT, radialista formado pela UFS e economista formado pela Estácio, especialista em jornalismo econômico e empresarial, especialista em Empreendedorismo pela Universitat de Barcelona, MBA em Assessoria Executiva pela Uninter, com experiência de 23 anos na comunicação sergipana, em rádio, impresso, televisão, online e assessoria de imprensa.
E-mail: jornalistamarciorocha@live.com
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