Por Sílvio Oliveira

Rosinaldo Araújo Almeida, pai do jovem desaparecido Jonathan Carvalho dos Anjos (16), realizou nesta sexta-feira( 23) um protesto em frente à Secretaria de Segurança Pública, a fim de que o Governo de Sergipe apresente os policiais que realizaram a operação que vitimou os jovens Anderson de Jesus Oliveira, Ricardo André Carvalho Pimentel, o ‘Fofo’, e Eraldo Santos de Jesus, conhecido como ‘Mago’, supostos envolvidos na morte do policial militar Elder Freitas, morto no dia 1º de março, no bairro Santa Maria.

Em tom de revolta e comoção, Araújo Almeida disse que os três corpos foram apresentados pela Segurança Pública, mas o filho dele, por ser menor de idade e não ter nada a ver com a situação, continuou desaparecido. “Peço que as autoridades tomem providências e apresentem os policiais da 9º delegacia (bairro Santa Maria), que participaram da operação, da chacina. Eles sabem onde meu filho está”, desabafou.

No protesto, Araújo, por vezes, teve que parar de clamar ao microfone por força da emoção. Os familiares presentes também tiveram que ser retirados do local, tamanha comoção. Também participaram da mobilização os colegas de Jonathan Carvalho da escola estadual Hamilton Alves Rocha.

Na tarde desta quinta-feira, 22, Rosinaldo Araújo sobrevoou o município de Japoatã com o Grupamento de Tático Aéreo (GTA), onde supostamente tinha ocorrido o tiroteio. Araújo também procurou os Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil/ SE e o Ministério Público Estadual.

Versão do pai

De acordo com o pai do jovem, são 11 dias de angústia para a família e amigos, até porque, segundo ele, não houve tiroteio, como afirmou a cúpula da Secretaria de Segurança Pública. “Como houve tiroteio se os corpos foram encontrados com tiro à queima roupa? Com perfurações, nariz quebrado, coronhadas, costela quebrada. O Eraldo tinha 15 marcas de tiro. Disseram que o carro estava perfurado de balas. Por que não apresentaram as armas e o carro? No domingo descobri o carro na 9º

delegacia, no fundo, como se estivesse escondido. Fotografei as laterais, à frente o fundo sem nenhum tipo de bala”, questionou.

Segundo relata o pai do adolescente desaparecido, o filho dele foi chamado por dois primos – Anderson de Jesus e Ricardo Pimentel – para ir à casa de um outro amigo na cidade de Neópolis. Os três teriam encontrado uma quarta pessoa chamada Eraldo, supostamente o jovem que matou o PM Elder Freitas, na cidade de Japoatã.

Os quatro deixaram Japoatã em direção a Aracaju e foram abordados por policiais na estrada. Segundo ele, os três corpos foram executados à queima roupa, já que um deles tinha resquícios de pólvora na cabeça. A interrogação é onde está o filho dele. “A esposa de Heraldo confirma que saíram os quatro de Japoatã. Eles caíram numa emboscado e não aconteceu tiroteio, mas uma chacina. Só queria que mostrassem onde está meu filho. Eles viram que fizeram uma besteira. matando um menor de idade, que não tinha nada a ver. Onde desovaram meu filho?”, perguntou.

Direitos Humanos

O secretário de estado dos Direitos Humanos Luiz Eduardo Oliva (foto maior) esteve no protesto e disse que o Governo de Sergipe e a sociedade querem reposta para este desaparecimento.  “Na segunda-feira (26) deverei me reunir com o secretário de Segurança Pública, João Eloy, e com o Ouvidor Geral do Estado, Elito Vasconcelos”, confirmou.

Segundo ele, a intenção do Governo de Sergipe é que tudo seja esclarecido e que os culpados sejam punidos, como mandam os direitos humanos. “A intenção do Governo do Estado é que haja todo o esclarecimento possível para que não reste a menor dúvida. A intenção é que se localize o jovem e, dentro do que ocorreu, que se punam os culpados, que os direitos humanos sejam cumpridos”, afirmou o secretário.

Emoção dos familiares e presença do Secretário de Estado dos Direitos Humanos