Médicos do SUS paralisam atividades por 24 horas
Cotidiano 25/10/2011 11h42Por Fernanda Araujo
Depois de comemorar Dia do Médico, no último dia 18 de outubro, o Sindicato dos Médicos de Sergipe (Sindimed) realizou, na manhã desta terça-feira (25), uma manifestação no calçadão da Rua João Pessoa, centro da capital. Na pauta, melhores salários, atendimento e o Plano de Carreira do Estado para os médicos do Sistema Único de Saúde (SUS). A categoria paralisou seus trabalhos por 24h.
Mesmo com a aplicação de R$ 300 milhões para a saúde no estado, a diretora do sindicato e conselheira federal de medicina, Glória Tereza, avalia que há uma precarização nos hospitais de Sergipe. “Nós não estamos vendo o fruto dessa aplicação, nós estamos vendo que está pior do que antes. Os profissionais estão sem condições de continuar prestando serviço ao público, estão pedindo demissão e reduzindo suas cargas horárias. Os hospitais sem aparelhamento e sem infra-estrutura, os pacientes levam seis meses para conseguir fazer um eletrocardiograma e pra conseguir um cardiologista, então, a população está desassistida”, denunciou.
Com a adesão de 60% a 70% de médicos também concursados em Sergipe, o presidente do sindicato, João Augusto, declarou que a manifestação é com o objetivo de alertar a população sobre a situação da saúde no país e principalmente no estado.
“Estamos fazendo essa mobilização para chamar a atenção da população em relação aos problemas do SUS. Hoje não é um movimento apenas dos médicos, mas de toda a sociedade. Nesse mês de outubro o SUS faz 23 anos de idade. E o SUS não conseguiu nascer efetivamente. Tanto é que o governo criou em 1988, regulamentou uma parte em 1990 e o restante em 2011. Esperamos que o governo tenha o compromisso de fazer o SUS realmente sair do papel de forma efetiva”, criticou.
João Augusto argumentou ainda que o Plano de Carreira é importante para dinamizar o atendimento aos pacientes. “Estamos solicitando a carreira de estado. Assim o governo vai promover um atrativo aos médicos. A população vai ter uma qualidade de atendimento melhorada. Porque tanto o governo, quanto a população, vai poder cobrar desse médico, por ele ter um vínculo de responsabilidade e estar recebendo para isso”.
Em crítica ao governo, os sindicalistas afirmam que a propaganda da saúde do governo é enganosa e ressaltam sobre a privatização de hospitais no estado.
“O governo faz uma propaganda linda na televisão, mas todo mundo queria morar na propaganda, porque a propaganda é diferente da realidade. Eu acho que o governo não está querendo promover o SUS conforme ele foi criado. Estão querendo fazer uma nova fórmula de ofertar o serviço de saúde, privatizando em alguns estados e a gente já está começando a ver em hospitais de Aracaju. Quem precisa desse serviço está vendo que piorou. A pergunta é: será que a privatização resolve? O que resolve é o governo deixar de usar a saúde como eleição e os políticos se unirem em prol do SUS”, salientou João.
A paralisação em Sergipe segue por 24h, mas os serviços de urgência e emergência estão funcionando normalmente, apenas os procedimentos de baixo risco e os atendimentos agendados previamente foram desmarcados e reagendados.
Paralisação Nacional
De cunho nacional, aderiram à paralisação em torno de 60% a 70% dos trabalhadores do SUS. Ocorre em 22 estados do país por cerca de 24h. No Piauí, os médicos paralisarão por 72 horas. Já nos demais oito estados, as manifestações são pontuais de duas ou três horas.
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