Famílias do Motu sobrevivem invadindo e sendo expulsas de terras
“Nós não podemos pagar aluguel, não temos condição de ir para lugar nenhum”, diz morador Cotidiano 29/08/2011 16h59Por Márcio Rocha
Crianças brincam inocentemente pelas areias tomadas pelas fezes de animais e pessoas, correm em direção a uma lagoa formada pelas águas das chuvas, que serve para beber, cozinhar, tomar banho, lavar as roupas e como um alento de refresco nestes dias de intenso calor. Adultos desempregados ou trabalhando em subempregos que mal pagam o suficiente para se alimentar. Dormir sem saber por que irão acordar, sem saber para onde vão, sem saber o que terão na mesa - quando se tem uma mesa. Esta é a realidade das famílias que foram o Movimento dos Trabalhadores Urbanos (Motu), que vivem como invasores de um terreno pertencente ao Sindicato dos Radialistas de Sergipe, localizado na entrada do conjunto Marcos Freire II, em Nossa Senhora do Socorro.
Barracos feitos de pedaços de madeira, lonas de plástico e papelão misturam-se com areia, pedras, um matagal que toma conta de grande parte do terreno e com pessoas que lá estão ocupando espaço de propriedade privada, que não teve sua construção iniciada. A esperança em viver dias melhores alimenta os sonhos das famílias que lá estão de forma nômade, vivendo de invasão em invasão, por áreas que estejam desabitadas e possam servir de abrigo temporário.
As famílias, há nove meses, seguem de um lugar para outro na cidade de Nossa Senhora do Socorro, onde ocuparam um galpão abandonado, de onde foram removidos, um terreno às margens da “Rodovia da Indústria”, onde permaneceram até as últimas semanas, quando, para chamar a atenção das autoridades, invadiram o terreno do sindicato.
De acordo com o pedreiro João Marcos, chamar a atenção para seu problema é encaminhar a solução: “fizemos isso para poder fazer o prefeito e o governo do Estado olharem para a gente. Vivo com quatro filhos nessa invasão e venho de outra, antes vivíamos de aluguel, sem poder pagar, tive que entrar no movimento. Queremos uma casa para viver com dignidade para mim e minha família. Não há esperança, mas acreditamos que teremos nossas casas”, disse o ocupante.
“A prefeitura não nos ajudou em nada e não temos sequer o que comer, não temos assistência e vivemos no perigo aqui. Tem um terreno com uma construção abandonada ao lado, onde vivem traficantes, usuários de drogas e serve também como motel. Temos crianças aqui e elas ficam expostas a essas coisas. Temos medo”, disse Maria dos Santos, diarista.
Uma liminar de reintegração de posse foi expedida em favor do Sindicato dos Radialistas, dono do terreno, que fora doado em 2009 por um acordo entre Governo do Estado e Prefeitura de Socorro. Os invasores tem 72 horas para desocupar o terreno, assim que forem notificados da decisão.
“Para onde iremos? Nós não podemos pagar aluguel, não temos condição de ir para lugar nenhum. Saindo daqui, vamos para outro terreno e ocupar até sermos contemplados com as casas que nos foram prometidas. Monta, desmonta e assim vamos vivendo de um lugar para outro”, diz João Marcos.
Os moradores reclamam da falta de atenção e assistência por parte da prefeitura de Socorro. Dizem que não tem direito a atendimento médico, nem estão sendo convocados para ter algum posicionamento do programa “Minha casa, minha vida”, parceria da prefeitura com a Caixa Econômica Federal.
O secretário de comunicação de Nossa Senhora do Socorro, o jornalista Henrique Matos, informou a redação do F5 News, que a prefeitura presta os serviços de saúde e assistência social para os membros do Motu em qualquer unidade de saúde do município. Também está disponível o atendimento no CRAS, em se tratando de ação social para os acampados. Matos informou que a questão de ocupação e atenção para o cadastramento das famílias para receber casas é do Governo do Estado. Também disse que o programa “Minha casa, minha vida” de Socorro está com a parte de responsabilidade da prefeitura cumprida, que é o cadastramento das famílias candidatas aos imóveis, que devem ser construídos pela Caixa Econômica Federal, financiadora dos empreendimentos.
O Subsecretário de Articulação com Movimentos Sociais e Sindicais, Chico Buchinho, declarou para o F5 News que qualquer coisa pertinente ao solo urbano é responsabilidade da prefeitura de Socorro. Portanto, a prefeitura que deve resolver essa questão. Destacou que as pessoas que compõem o Motu, em sua maioria, estão cadastradas na Secretaria Municipal de Assistência Social de Aracaju, como pretendentes para receber imóveis de conjuntos habitacionais que estão nos planos para construção ainda nesta administração, como foi feito com o Bairro 17 de Março, com a totalidade dos imóveis entregues a famílias cadastradas pela Semasc.
Rodrigo de Freitas assume a presidência e destaca a importância da entidade
Um dos trabalhadores ficou em estado grave e foi levado ao HUSE
Celebrações acontecem de 1º a 10 de novembro com o tema “Maria, mulher de oração”
Sete itinerários levarão estudantes a locais de prova, incluindo a UFS e a UNIT
Mais de seis mil estudantes da rede estadual se reúnem no evento pré-enem