EDITORIAL: O perigo de julgar pelas aparências
Cotidiano 09/09/2011 06h00O dito popular segundo o qual “as aparências enganam” traduz à perfeição os riscos que as pessoas assumem ao fazer julgamentos baseados apenas em características físicas do outro. Entretanto, quando são agentes policiais a incorrerem nesse erro, o prejuízo transcende o injustiçado e se espraia pelo conjunto da sociedade.
Nesse sentido, mostra-se repleta de licitude a exortação da deputada estadual Ana Lúcia Menezes, quando denunciou ontem que um estudante foi “revistado de forma bruta” por um cabo da PM, possivelmente movido por uma “visão preconceituosa” – aquela que direciona a maior parte das revistas policiais aos jovens “com características pobres”.
O primeiro ponto vai aqui simplificado: o privilégio de um bolso mais cheio não garante a qualidade do caráter de ninguém. Prova disso está na sociedade assistir rotineiramente, estarrecida, rapazes de classes média e alta envolvidos em toda sorte de contravenções e crimes.
O segundo ponto é mais complexo, haja vista que faz parte da cultura ocidental contemporânea dar excessivo valor às aparências, resguardadas exceções. É preciso, portanto, um investimento constante na preparação dos agentes policiais para que saibam separar o joio do trigo. Pobre não é igual a bandido. Essa equação leviana e preconceituosa precisa ser combatida, sob pena da injustiça imperar, se sobrepondo à proteção.
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