Devoção e estética: conheça o arquiteto aracajuano que coleciona terços
Carlos Rezende comenta sua relação com esses objetos emblemáticos da fé católica Cotidiano | Por Monica Pinto 28/09/2024 17h36Um item essencial nas residências dos católicos praticantes, o terço tem esse nome por representar a terça parte do Rosário – conjunto de orações proposto pelo frade Alan de Rupe em 1470, conforme explicou a doutora em Teologia Clélia Peretti à revista Superinteressante.
“O Rosário, cujo significado é ‘coroa de rosas’, já passou por diversas alterações até atingir sua forma contemporânea. Atualmente, é composto por terços com 50 contas pequenas, simbolizando Ave-Marias, intercaladas por cinco contas grandes, que representam os Pais-Nossos”, informa ainda a publicação.
Esse objeto de devoção e conexão com o mundo espiritual ganhou protagonismo no lar do arquiteto Carlos Roberto Leite de Rezende, que assina Carlos Rezende profissionalmente. Aracajuano de 51 anos, ele guarda ciosamente uma coleção com mais de 30 terços, em geral presenteados, a começar do primeiro. “Ganhei de minha avó. Era de Nossa Senhora das Graças e ela me explicou como usá-lo. Chegou inclusive a escrever a Salve Rainha para que eu pudesse ler e decorar. Isso foi há muito tempo, eu era adolescente”, disse ao F5 News.
“Além desse começo afetivo, senti um apelo estético pelo objeto, um fascínio pela mística envolvida, o fato de o terço ser um jardim de contemplação e repouso por meio da oração. Existe um apelo poético também que é muito ligado à arquitetura como arte de planejar espaços. Enfim, é algo bem subjetivo, pessoal”, prossegue, expondo uma associação entre o desejo de colecionar terços e a profissão que exerce. A conversa com F5 News se deu, inclusive, em meio à correria do arquiteto em torno do ambiente que vai assinar na quarta edição do evento CasaCor Sergipe, cuja abertura é no próximo dia 18.Carlos disse ao portal que reza frequentemente os terços, em geral usando os mais simples, e demonstra especial apreço pelos que adquiriu em Jerusalém. “Gosto também dos que ganhei de presente por saberem que dou valor”, completa.
Os terços ficam guardados, à exceção dos que ele usa mais frequentemente. “Penso que a oração é algo intimo, aliás como orienta o próprio Jesus em Mateus 6:6”, diz, se referindo ao texto bíblico “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento, e fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em oculto; e teu Pai, que vê em oculto, te recompensará publicamente”.
O arquiteto é frequentemente presenteado com terços e diz gostar muito dessas lembranças. “Às vezes pessoas nem tão íntimas, mas que têm também um mesmo senso estético pelo objeto, lembram de mim e trazem um terço de lugares em que eu dificilmente iria. Isso é outra coisa que me atrai neles: as localidades e as variações”, disse ainda ao F5 News.