Descarte indevido do lixo expõe garis a riscos
Mais de 100 profissionais estão expostos a doenças todos dias Cotidiano 07/10/2011 17h06Por Eliene Andrade
O lixo doméstico descartado sem a devida separação e cuidado pode trazer consequências irreparáveis para os agentes coletores do lixo, conhecidos popularmente como garis. Os materiais perfurocortantes, encontrados nos lixos, servem de vetor para a contaminação de doenças como HIV e hepatites B e C. O alerta foi feito pelo coordenador do Programa Municipal de DST/AIDS e Hepatites Virais, Andrey Lemos.
Andrey realiza, também, trabalhos de conscientização para os funcionários da empresa que faz as coletas de lixos na Capital sergipana. Para ele, o descarte indevido do lixo pode trazer danos se o profissional que o recolher se machucar. Ele alerta ainda, que nos lixos podem conter agulhas e outros materiais infectados. “O HIV só sobrevive 24h em contato com o oxigênio, mas o vírus da hepatite pode durar até 7 dias, o que deixa os profissionais que recolhem o lixo ainda mais exposto ao risco de contaminação”, explicou o coordenador.
Segundo Andrey, todo serviço de saúde já têm conhecimento das normas de segurança para o descarte do lixo infectado. Ele explicou que as pessoas que utilizam seringas em casa devem procurar qualquer unidade de saúde para fazer o descarte correto do material. “O ideal é que as pessoas que usam seringas em casa descartem o objeto nas unidades de saúde que já são preparadas para fazê-lo. Realizamos diversas campanhas de educação e prevenção em escolas e empresas contra a prevenção da hepatite inclusive para os profissionais que trabalham com o recolhimento do lixo”, lembra.
Torre
De acordo com o gerente de contratos da empresa, José Carlos Dias da Silva, o quadro de colaboradores é de 110 agentes, atendendo Aracaju, os municípios da Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro, Laranjeiras e Itabaiana. “São agentes que estão expostos ao risco de acidentes por perfurocortantes. Alguns até já se acidentaram”, explicou o gerente.
Carlos salientou ainda que o lixo doméstico mal acondicionado é a grande causa dos acidentes. "Algumas unidades de saúde e farmácias, para não pagar a coleta especializada nesse tipo de resíduo, misturam o lixo hospitalar ao comum o que expõe o agente coletor, que não é especializado nesse tipo de coleta, ao risco."
Para conter os acidentes são obrigatórios equipamentos de proteção individual (EPIs) e na vestimenta a composição de fardas, luvas, calçados de segurança e bonés. Já as bermudas foram substituídas por calça. “Todos os colaboradores são treinados para o uso adequado dos EPIs, todos sabem a importância do uso de tais equipamentos”, salientou o gerente.
Agentes
José Antônio dos Santos (41) trabalha como gari há mais de 15 anos. Ele conta que já viveu inúmeras experiências, dentre elas a de se machucar ao tentar levantar um saco de lixo que continha objetos pesados. Para ele a profissão ajuda no sustento da casa, mas é também de alto risco. “Eu já pensei em mudar de profissão, mas isso é o que eu sei fazer. Os acidentes acontecem todos os dias e a gente aprende a se defender. Além disso, somos capacitados para evitar casos graves.”, relatou.
Já Cícero Pacífico (42), que está na profissão há mais de 10 anos, disse gostar do que faz. Para ele, há perigos na coleta do lixo, mas procura evitar os acidentes. “As pessoas não entendem que é preciso separar o lixo. Eu gosto do que faço, mas tenho medo de pegar alguma doença se me ferir com objetos cortantes, pois nós temos famílias que dependem do nosso salário”, diz.
Dicas para descarte seguro do lixo
O engenheiro Gilson Neri, que é mestre em meio ambiente e especializado em engenharia sanitária e ambiental, deu dicas de como descartar o lixo doméstico. Para ele, a Prefeitura deveria desenvolver uma lei que obrigasse as residências e edifícios a separar o lixo devidamente. Neri ainda destacou que materiais como vidro e peças de metal podem ser destinados à reciclagem por meio de cooperativas.
1 – Para descartar o lixo devidamente, o correto é separar inicialmente o lixo úmido do lixo seco. São considerados como lixo úmido, os restos de comida e lixo de banheiro. Já as embalagens de vidro, metal e madeira são lixo seco. O primeiro pode ser descartado normalmente.
2 - Os materiais de vidro e metal devem retornar à cadeia produtiva, segundo o princípio de logística reversa, entregando-os à reciclagem ou devolvendo aos locais de produção.
3 - Se o descarte de materiais como lâmpadas, copos, louças e embalagens de vidro forem feito no lixo comum, o correto sejam envolvidos com bastante jornal ou papelão.
4 – Já os perfurantes como parafusos, arames e lascas de madeira devem ser colocados em latas, embalagens plásticas ou embrulhados em grande volume de jornal. A serrilha das tampas das latas devem ser dobradas para dentro.
5 – As lâmpadas fluorescentes, que são poluentes, devem ser devolvidas aos fornecedores ou depositadas em locais apropriados. A mesma destinação deve ser dada a pilhas, baterias e a eletroeletrônicos. O ideal é entregar para quem produziu ou vendeu.
Emsurb
A Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb) elaborou um estudo, que está em fase de conclusão, o qual levantou que existem na capital cerca de 300 pontos de descarte irregular de lixo. Segundo a assessoria, o estudo será divulgado assim que for concluído.
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