Chefes da SSP não têm capacidade gerencial, diz Antônio Moraes
São excelentes bacharéis em direito, todavia nada ou coisa nenhuma conhecem de gestão Cotidiano 10/09/2011 16h19Por Márcio Rocha
Antônio Moraes, presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Sergipe, depois de vários anos de luta como dirigente da entidade, foi afastado por decisão judicial e depois reconduzido ao cargo, a partir de uma decisão majoritária da categoria. Quer agora retomar as ações de luta sindical e incluir novas diretrizes para reivindicação da entidade, em prol dos policiais civis. A entrevista do F5 News desta semana tem informações reveladoras e os novos planos do líder sindical.
F5 News - O senhor conseguiu voltar ao comando do sindicato, depois de uma briga judicial. Quais as modificações a serem realizadas no SINPOL Sergipe, após este acontecimento?
Antônio Moraes - Ainda esse ano, iniciaremos a construção de nossa sede. O terreno (12mX30m) fica em área nobre do bairro Coroa do Meio. A tão sonhada sede própria será uma realidade, contará com biblioteca/videoteca, caixa eletrônico do Banese, auditório reversível para salão de festa para o associado, sala de leitura, salão de jogos, gabinetes para diretores, leitos para policiais civis em trânsito, copa e cozinha, lounge no terraço para receber amigos e colegas, enfim, toda estrutura necessária para bem receber os filiados e amigos dos Policiais Civis.
F5 News - Agora, com a sua volta, quais as ações a serem tomadas pelo sindicato, em prol da categoria?
AM - A ação imediata é a retomada das negociações acerca da nova lei orgânica da Polícia Civil. A atual comissão não tem atendido os anseios da categoria, sua composição não é paritária e seu foco é o corporativismo centrado em apenas um grupo de servidores policiais civis. Não existe a preocupação em modernizar a estrutura e as práticas policiais civis. Apenas se quer obter vantagens remuneratórias e status para os mesmo setores retrógrados e descomprometidos com a qualidade e a eficiência do trabalho policial civil.
F5 News - Quais as maiores dificuldades enfrentadas pelos policiais civis de Sergipe?
AM - Nossa maior dificuldade reside na incapacidade gerencial de nossos chefes. São excelentes bacharéis em direito, todavia nada ou coisa nenhuma conhecem de gestão pública. Há um proposital engessamento na estrutura de comando da Polícia Civil. Pela atual legislação, pode entrar e sair governo, serão sempre as mesmas pessoas a ocuparem os postos de comando, os chamados cargos de confiança. Isso desmotiva a todos. Com a falta de capacidade gerencial, os atuais gestores apenas se preocupam em se estabelecer por certo período para poderem "incorporar" a remuneração referente ao exercício do cargo de confiança. Há um rodízio entre esforçados e incompetentes.
Para esconder a total falta de planejamento, faz-se a espetacularização da atividade policial civil; estimula-se o desvio de função, vide GERB (grupo especializado em rondas e blitz); há exposição gratuita e não autorizada de presos provisórios, - aqueles que podem inclusive ser absolvidos - notadamente os menos afortunados. A onda é o policiamento de visibilidade, as operações "Enxuga Gelo".
F5 News - A pauta de reivindicações da entidade tem sido atendida?
AM - Não. Nossa principal reivindicação é o debate paritário, inclusive com a participação da sociedade civil organizada, na elaboração da proposta de lei orgânica para nossa Polícia Civil.
O governador Marcelo Déda, ao deflagrar o processo de reformulação da legislação relativa à Segurança Pública, deu como norte a modernização. Assim, queremos nos somar para que as mudanças ocorram de fato e de direito, trazendo profunda modernização para a atividade policial civil em Sergipe. Nosso Estado tem a oportunidade, mais uma vez, de sair na vanguarda. Precisamos desconcentrar as ações policiais civis sem perder o foco na hierarquia e na disciplina policiais civis.
F5 News - O senhor falou em "refundar a polícia", o que quer dizer com isso?
AM - Em pleno século XXI, nossa instituição policial civil promove práticas do século XIX. Há uma preocupação excessiva em cultuar doutores, em difundir um servilismo surreal e contraproducente. É preciso trazer a atuação policial civil para o modelo proposto pela nossa Constituição Federal. Ainda não se adequou nossa Polícia Civil para o modelo voltado para a qualidade e eficiência proposto pelos legisladores constituintes. Há ainda muito arraigada uma necessidade de reproduzir práticas bacharelescas que nada acrescentam à atividade policial. Parte dos policiais civis, notadamente aqueles que estão em postos de comando, insistem em agir como se não fossem policiais, forçando a barra para que a sociedade lhes enxergue como juristas. É flagrante a nossa baixa autoestima institucional e isso também reflete na má gestão.
F5 News -Qual sua avaliação sobre a segurança pública e o nível crescente de criminalidade?
AM - Nossa segurança pública se sustenta em pilares falsos. Não há administração profissional, preocupam-se apenas em atender interesses corporativos e/ou político-partidários. O real interesse público que é, em relação à Polícia Investigativa, ver punidos os culpados sequer é cogitado.
A população, com razão, não compreende porque, mesmo com o avanço salarial promovido pelo governador Marcelo Déda, os índices de criminalidade não permanecem em patamares estáveis. A resposta é a falta de oxigenação nos postos de comando das instituições policiais, que impede que novas e criativas mentes possam introduzir novas práticas policiais, mesmos letais e com a efetiva participação dos conselhos comunitários de segurança pública.
Por tudo isso, estamos convocando toda a categoria policial civil, filiados ou não ao sindicato, para a Assembleia Geral Extraordinária a ser realizada no próximo dia 15, quinta-feira, a partir das 15h, no auditório da Academia de Polícia Civil - Acadepol.
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