“As pessoas reclamam sem acompanhar a evolução”, diz Samarone
Cotidiano 06/01/2012 13h21Por Lays Millena (Especial para o F5 News)
As questões que envolvem o trânsito quase sempre são motivos de polêmica. Em Aracaju, há alguns anos, o tema vem sendo bastante discutido pelas autoridades e população em geral, em virtude do grande volume de veículos na cidade. O intenso fluxo tem comprometido o trânsito que, até pouco tempo, era tranquilo. Hoje, um trajeto, por menor que seja, pode levar 30 minutos ou quase uma hora e as pessoas, não acostumadas com a demora, aguardam, impacientes, o bendito sinal verde.
Na manhã dessa sexta-feira (6), Antônio Samarone, superintendente da Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) de Aracaju, falou sobre o assunto em entrevista ao Jornal da Manhã, na rádio Jovem Pan, apresentado pelos jornalistas André Barros e Rosalvo Nogueira. Logo no início da entrevista, Samarone destacou a boa impressão que os turistas têm do trânsito em Aracaju.
“Um dos elogios que são feitos é a respeito do trânsito. Os que vêm de Recife, Salvador e Maceió ficam encantados. No entanto, nós estamos saindo de uma cidade pacata, quadriculada, onde se podia sentar na porta para conversar e passamos para uma cidade de região metropolitana que, juntando com Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão, possui cerca de 800 mil habitantes. A mobilidade passa a incomodar. A dificuldade é a transição”, explica.
Segundo o superintendente, a intenção é planejar melhorias para a cidade. “Diante da necessidade de preparar o município para os próximos 20 anos, nós contratamos uma empresa com uma equipe de cinco engenheiros que vão passar a semana aqui para levantar todos os dados. Logo depois encaminharemos à Câmara de Vereadores (CMA) um grande projeto de mobilidade. Porém, precisamos discutir com a população para saber se é isso mesmo que ela quer. Afinal, sairemos das pequenas ruas, com semáforos a cada esquina, e passaremos para a lógica da cidade grande, que são os corredores”, afirma.
Fiscalização eletrônica
Para Samarone, as pessoas querem resolver o problema do trânsito por conta própria. “A discussão é muito abrangente, depende para quem estamos direcionando. Nos últimos dias, aconteceu uma situação trágica. Uma senhora, pobre, faz um esforço gigante e compra esses motociclos para o filho, de apenas 16 anos. O garoto se acidentou e hoje está paraplégico em cima de uma cadeira de rodas. Imagine a situação dessa mãe. Qualquer um pode observar que, sem a fiscalização eletrônica, poucos cumprem as leis”, revela.
Respondendo à pergunta de um ouvinte sobre o número de acidentes com a retirada dos radares, o superintendente afirma que as estatísticas mostram um grande aumento na quantidade de acidentes (quase 30%), inclusive com vítimas fatais.
Reclamações
De acordo com o superintendente, os aracajuanos reclamam sem acompanhar a evolução. “Nós precisamos de vias públicas e avenidas para que os veículos circulem. A nossa primeira medida foi retirar estacionamento de todas as vias de grande movimento. Se esses estacionamentos voltarem, a cidade ficará insuportável. No entanto, as pessoas, quando estão circulando livremente, não percebem os benefícios da medida. Muitos só observam quando algo dá errado”, explica.
Rodoviária velha
Sobre o Terminal Luiz Garcia, também conhecido como ‘Rodoviária Velha’, Samarone diz que a situação atual é pior que a de alguns anos atrás. “Na década de 50, Leandro Maciel tirou o Morro do Bonfim daquela área, pois este impedia que a cidade se comunicasse. Hoje, a situação se agravou. Essa semana estive lá para verificar e, até dentro da rodoviária, tem gente com carroça circulando”, afirma. Quando questionado sobre o posicionamento do Estado em retirar a rodoviária daquela área, Samarone diz que a opinião é favorável. “Estamos tentando, há mais de 40 dias, fazer algumas mudanças em relação à entrada dos carros para ver se folga mais o trânsito no local. São 1200 viagens/dia. O fluxo é grande, ninguém aguenta”, ressalta.
Pré-candidatura
Destacando seu conhecimento sobre a cidade e questionado sobre uma possível pré-candidatura nesse ano eleitoral, Samarone foi bem claro e, como bem disse Rosalvo Nogueira, “correu”. “Não falem nisso, senão amanhã tem canhão armado em frente à SMTT. Atenção: não sou candidato” ,brincou o superintendente.
Melhorias
Segundo Samarone, Aracaju será licitada e uma tarifa será estabelecida para a cidade. “Antes, só eram obrigados a ter plano de mobilidade os municípios com mais de 500 mil habitantes, por isso que Aracaju nunca teve. Com a nova lei, já em vigor, todos os municípios com mais de 20 mil moradores vão precisar do plano de mobilidade. Sem ele, o Governo Federal não envia verbas para investimentos”, salienta. Ao final da entrevista, o superintendente destacou o trabalho feito pela SMTT em Aracaju. “Estamos montando uma estrutura técnica para que o nosso trânsito seja bem administrado. Se o trânsito está livre, é porque estamos trabalhando”, finaliza.
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