Aids avança entre idosos em Sergipe
Programa Estadual de DST/Aids registra 263 casos Cotidiano 16/10/2011 09h00Por Sílvio Oliveira
A união entre camisinha, gel lubrificante e informação continua fornecendo ingredientes preciosos na luta contra o HIV. Porém, a não utilização desses, digamos, ingredientes tem feito crescer o número de casos de idosos contagiados pelo vírus da Aids em Sergipe. Para se ter uma ideia de como a Aids avança nesta faixa etária, entre os anos de 1987 a 2011, o Programa Estadual de DST/Aids registrou cerca de 263 casos, número que pode ser bem maior devido aos sub-registros e aos doentes não identificados.
A questão cultural em não utilizar a camisinha, aliada à melhor qualidade de vida da faixa etária acima dos 60 anos, tem aumentado a atividade sexual, tanto quantitativamente como qualitativamente, o que, por consequência, também gera maior vulnerabilidade ao contágio com o vírus HIV.
“Além da qualidade de vida, o homem tem usado medicamentos para disfunção erétil e as mulheres, reposição hormonal, aumentando a atividade sexual. Esses homens e mulheres não foram acostumados com o uso da camisinha em sua iniciação sexual”, completa Almir Santana, gerente do programa estadual de DST/Aids.
Para Santana, o comportamento do “ficar”, ou seja do sexo sem compromisso nesta faixa etária também é um dado relevante, já que o sexo casual torna os indivíduos mais expostos ao contágio pelo HIV.
Um fato que também preocupa o profissional é a identificação tardia da doença. “O diagnóstico do HIV é mais complicado em idosos porque é tardio. Às vezes, por conta da idade, o médico não pensa em realizar exames, fica mitigando e pensando em outras doenças e, quando vai identificar, é muito tarde”, afirma.
Almir Santana explica ainda que, nessa faixa etária, o uso do lubrificante é indispensável, devido ao ressecamento vaginal apresentado com a idade. Fato esse em que a não utilização de um lubrificante poderá causar ferimentos, tornando o sexo mais vulnerável ao contágio.
O médico informa que a Secretaria de Estado da Educação intensificou o trabalho de divulgação do uso da camisinha em associações comunitárias e grupos de idosos, além da distribuição da camisinha e do gel lubrificante.
Criminalizando a discriminação
O médico Almir Santana lembrou que desde 2005 vem lutando para que a bancada federal de Sergipe opere no sentido de colocar em votação um projeto de lei sugerido por ele, que define como crime a discriminação ao portador do vírus HIV.
A PL 6124/05 é de autoria da senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) e fixa pena de reclusão de um a quatro anos para quem discriminar o portador do vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e o doente de Aids, em razão da sua condição de saúde. A proposta também define a aplicação de multa para quem praticar a discriminação, mas não estipula o valor.
De acordo com o projeto, serão puníveis as seguintes condutas discriminatórias:
- recusar, procrastinar, cancelar ou segregar a inscrição ou impedir que permaneça como aluno em creche ou estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado;
- negar emprego ou trabalho;
- exonerar ou demitir de seu cargo ou emprego;
- segregar no ambiente de trabalho ou escolar;
- divulgar a condição do portador do HIV ou de doente de Aids, com intuito de ofender-lhe a dignidade;
- recusar ou retardar atendimento de saúde.
Foto: Júlio Cardoso - Pastoral do Paraná
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