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Barcelona ou Madrid?
Espanha reabre para vacinados a partir de 7 de junho. Brasileiros ficam de fora por causa de variante de covid.
Blogs e Colunas | Passos Pelo Mundo 30/05/2021 08h00 - Atualizado em 24/08/2021 18h52

A Espanha reabriu suas fronteiras para turistas estrangeiros totalmente vacinados contra a covid, a partir de 7 de junho, mas brasileiros ficaram de fora. Preparamos um roteiro completo comparando Barcelona e Madrid assim que o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánches, fez o anúncio de que “todas as pessoas vacinadas e suas famílias serão bem-vindas na Espanha, independentemente do seu lugar de origem. No entanto, nos protocolos divulgados no dia 5 de junho no Diário Oficial, o governo da Espanha decidiu prorrogar as restrições impostas para passageiros vindos do Brasil. A justificativa foi a variante brasileira mais perigosa do que as demais.

Mas já que o roteiro estava pronto, fica aqui a disposição para quem quer planejar a viagem para esse lindo país que é o segundo país mais visitado do mundo para assim que brasileiros estiverem liberados. Lembrando que a Espanha não se resume a Barcelona e Madrid. Tem pequenas cidades e vilarejos, que guardam muitos tesouros.  Se, por algum motivo, você precisar escolher entre uma das duas, preparei um comparativo para te ajudar neste veredito.

Barcelona
Estávamos em Aix en Provence, na França, de onde iríamos pegar um trem para Barcelona. A greve dos ferroviários nos pegou de surpresa, e tivemos que seguir de ônibus. Uma viagem que duraria 4h de trem levou o dia inteiro do ônibus com as muitas paradas.

Depois de termos ouvido grosserias de policiais franceses que nos chamaram de desinformadas por não sabemos da greve, fomos recebidas com tanta atenção na capital da Catalunha por um senhor desconhecido que nos levou a pé da rodoviária até o nosso hotel, cruzando las Ramblas.

No caminho, puxando malas, soubemos de toda a sua história de vida. Seu único filho e sua esposa haviam falecido e ele gostava de conversar com turistas para não se sentir sozinho. 

Além dessa chegada calorosa, nós havíamos deixado o sul da França super calmo no frio de janeiro para chegar em uma cidade um pouco mais quente e badaladíssisma. Las Ramblas, o primeiro lugar que conhecemos são cheias de atrações: restaurantes, bares, cafés, lojas, prédios históricos, museus, praças, artistas de rua, bancas de flores e souvenir e fica lotada de turistas que caminham pelo calçadão central.

Por fim, sentamos em um restaurante simples ao lado do nosso hotel, recomendado pelo recepcionista, e pedimos uma deliciosa paeja e de sobremesa crema catalana, que conhecemos como crème brulée (devido a proximidade com a França, a culinária da Catalunha tem muitas influências  com a francesa). E a bebida para acompanhar não podia deixar de ser a sangria. Detalhe: tudo isso pela metade do preço de um prato principal no sul da França. Imagina se não amamos Barcelona?! Nos dias seguintes comemos muitos frutos do mar, algo muito típico da cidade, destaque para os deliciosos mexilhões de entrada.

Barcelona é essa cidade vibrante, descolada, interessante, bonita e com muitas atrações turísticas, além de belas praias. Podemos dizer que o destino se assemelha ao Rio de Janeiro, enquanto Madrid, a maior cidade do país, se tem um estilo mais parecido com São Paulo.

No dia seguinte, entendemos que se trata de uma cidade que parece ter sido feita para andar a pé. Toda a zona histórica é perfeitamente caminhável: da Rambla você escapa ao Bairro Gótico e de lá chega ao Born sem esforço. Tem tanto detalhe para ver, que mesmo se você se perder no labirinto das ruas, terá feito um belo passeio. Nós tivemos a sorte de ter a companhia de um amigo, que mora na cidade há anos, e nos levou para caminhar por 18 quilômetros, como pudemos conferir pelo aplicativo no final do dia. Nada melhor do que conhecer os recantos da cidade com uma pessoa que vive lá.

No terceiro dia, nos dedicamos a conhecer as principais obras do arquiteto catalão Antoni Gaudí: Parque Güel, Casa Milà e Casa Batlló e a Sagrada Família, um dos monumentos mais visitados da Espanha. 

Depois de vários anos sob influência do neogótico e de técnicas orientais, Gaudí tornou-se parte do movimento modernista catalão, que atingiu o seu apogeu durante o final do século XIX e início do século XX. O conjunto da sua obra transcende o próprio movimento, culminando num estilo orgânico único inspirado na natureza. Gaudí raramente desenhava projetos detalhados, preferindo a criação de maquetes e modelava os detalhes à medida que os concebia. A visita a casa Bartlló é fundamental para entender a sua obra.

E também fomos conhecer a Sagrada Família, um grande templo católico desenhado pelo arquiteto, e considerado por muitos críticos como a sua obra-prima e expoente da arquitetura modernista catalã. Financiado unicamente por contribuições privadas, o projeto foi iniciado em 1882 e assumido por Gaudí em 1883 dedicando-lhe os seus últimos 40 anos de vida, os últimos quinze de forma exclusiva. Gaudí morreu atropelado por um bonde sem finalizar sua grande obra. E se estima a conclusão para 2026, centenário da sua morte.

Por que a Catalunha quer se separar da Espanha?
Outra característica marcante da região é a grande vontade de se separar da Espanha. Nos três dias que passamos na cidade vimos duas manifestações e diversas bandeiras separatistas nas janelas.

A Catalunha é o coração industrial da Espanha – tanto pelo poder de seus portos e comércio têxteis, como, mais recentemente, pelas finanças, serviços e empresas de alta tecnologia. É a região mais rica responsável por 20% do PIB .

Existe uma crença incentivada pelos separatistas segundo a qual os cidadãos gastam mais com o governo central do que recebem de volta. De fato, a região é a que mais paga impostos: em 2016, os catalães pagaram 20,8% dos impostos recolhidos por Madri.  

Porém, especialistas em política espanhola e europeia vêm questionando o argumento, que não segue a complexa lógica da economia global. Muitos acreditam que, como país independente, a Catalunha teria muitos custos extras para arcar. Além disso, perderia boa parte de sua rede de comércio. 

Madrid
Estive nas duas cidades em momentos diferentes. Em Barcelona foi um pouco antes da pandemia. E em Madrid, na primeira vez que saí do Brasil, há mais de 10 anos quando fiz um intercâmbio na Inglaterra. Já falei que minha paixão sempre foi viajar, não é? Desde muito jovem sempre economizei para poder viajar.

Na época, minha melhor amiga na escola inglesa era uma espanhola chamada Maria. Quando acabamos o intercâmbio, eu fui visitar um casal de amigos que moram em Portugal e depois segui para Madrid a convite da Maria. 

Lembro de duas coisas que me impactaram ao chegar na capital espanhola: a primeira foi o quanto eles falavam espanhol tão rápido, de forma que eu não conseguia entender quase nada, mesmo tendo estudado a língua por um ano antes de viajar. Implorava para falarmos Inglês. Ao final de uma semana em Madrid, já conversava tranquilamente. É impressionante como a gente se adapta quando está imerso em uma cultura. 

Outra coisa que me impactou foi a animação dos espanhóis para curtir a noite. Primeiro fomos a um bar comer uns tapas e jamon e depois seguimos de metrô para outro bar onde podíamos cantar no karaokê (com direito também a música brasileira). E por fim fomos a uma boate. Ao final da noite, morta de cansada compreendi por que Madrid é considerada a cidade que nunca dorme.

A capital e maior cidade espanhola é um destino clássico europeu: muitos museus, praças emblemáticas e monumentos pelas ruas. Quem gosta de história vai se apaixonar por Madrid. 
Existem alguns pontos turísticos que você não pode deixar de conhecer: o Parque del Retiro: um enorme e belíssimo parque, onde locais e turistas vão para passear, fazer piqueniques, se exercitar. Já o Museo del Prado é um dos museus clássicos mais importantes do mundo. Já o Palácio Real é a residência oficial da coroa espanhola e a Plaza Mayor é onde acontece o burburinho turístico da cidade, com muitas lojas, restaurantes e monumentos, além de ter uma história incrível. Confira as curiosidades no blog Lugares de Memória sobre a Plaza Mayor.

Conclusão
Não há uma cidade melhor do que a outra. A grande verdade é que são cidades diferentes, que se completam, então vale a pena se programar para chegar por uma e voltar pela outra, realizando um roteiro de viagem por outras cidades espanholas, de carro ou de trem. E também torcer para que a nossa moeda seja valorizada para que a ida a Europa se torne viável.

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Carla Passos é Jornalista, especializada em Turismo e apaixonada por história, flores, textos e coisas inspiradoras. Adora sol, mar, fotografia, doce da padaria, dançar, e sonhar… Na infância, ainda morando em Salvador, meu principal hobbie era ir ao aeroporto ver os aviões partirem. Eu sempre dizia que um dia eu estaria dentro daqueles aviões. Antes de completar 15 anos, eu dizia aos meus pais: não quero festa, quero viajar de avião para o Rio de Janeiro. Foi minha primeira viagem de avião! Trabalhei anos com essa editoria, mas atualmente estou na editoria de política, minha segunda paixão. Assim o turismo virou um hobbie. E de lá pra cá já conheci quase todos os estados do Brasil e 25 países.

Instagram: @passospelomundo_

E-mail: carla.jornalista@hotmail.com

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