Quem são as vítimas de feminicídio neste ano em Sergipe? | F5 News - Sergipe Atualizado

2019
Quem são as vítimas de feminicídio neste ano em Sergipe?
Já somam 21 o número de mulheres assassinadas no estado neste ano
Cotidiano | Por Will Rodriguez e Fernanda Araujo 15/11/2019 12h00 - Atualizado em 15/11/2019 14h07


A história é sempre a mesma, o que muda é a vítima e a classe social. Este ano, 21 mulheres já foram brutalmente assassinadas em Sergipe. Vítimas de violência doméstica, tiveram suas vidas interrompidas pelas mãos de pessoas com as quais, muitas vezes, dividiram a privacidade e suas histórias de vida.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) confirma 15 casos de feminicídio até o começo de novembro em Sergipe, mas um levantamento do portal F5 News mostra que o número de mulheres mortas nos onze primeiros meses de 2019 chega a 21, e já supera o total de feminicídios do ano passado, quando 16 foram notificados, isso porque alguns casos ainda não tiveram a motivação plenamente esclarecida, mas têm características semelhantes. Veja quem são

Luciene dos Santos, morta com golpes de faca no município de Itaporanga D'Ajuda no dia 7 de novembro. José Anselmo dos Santos matou a ex-companheira e depois tirou a própria vida. O crime ocorreu no povoado Nova Descoberta e, segundo a Polícia Civil, foi motivado porque o suspeito não aceitava o fim do relacionamento. Conforme as investigações, o casal estava separado há aproximadamente um mês e, no dia anterior ao crime, ambos participaram de uma audiência para tratar do divórcio. O cime aconteceu na casa do homem, após uma discussão entre os dois, quando a vítima foi à residência para buscar seus pertences.

Dilma dos Santos, 51 anos, foi morta com golpes de faca dentro de sua residência no povoado Carro Quebrado, no município de Japoatã, norte de Sergipe, no dia 20 de outubro. O companheiro da vítima, Joselino dos Santos, fugiu após o crime, mas no dia 23 ele se apresentou à Polícia Civil, foi ouvido e liberado porque o pedido de prisão preventiva, solicitado no dia 21 não foi deferido pela Justiça. O advogado do homem também teria alegado que ele tem problemas psiquiátricos. No dia 7 de novembro ele foi preso, em cumprimento ao mandado de prisão preventiva.

Valdilene Lima Batista, 42 anos, morta no dia 12 de setembro no povoado Mulata, na zona rural de Brejo Grande. De acordo com a Polícia Militar, há a possibilidade de feminicídio, cometido pelo esposo da vítima, Manoel Alonco Santos Batista. A mulher foi encontrada ensaguentada dentro da sua própria residência. Por conta do estado em que foi encontrado o corpo, a polícia não constatou ainda qual o tipo de arma utilizada no crime. Não houve prisão.

Em setembro, Liliane de Santana Santos, 23 anos, foi encontrada morta dentro de uma residência no centro da cidade sergipana de Moita Bonita. Segundo a polícia, a disposição dos corpos encontrados no quarto e os sinais de luta corporal pela casa levam à suspeita de que o crime tenha sido um feminicídio, seguido de um suicídio, praticado pelo seu companheiro, Henrique dos Santos Mendonça, 23. 

Angélica Ferreira de Jesus, 50 anos, assassinada com golpes de faca na cabeça no dia 15 de agosto, no município de Itabaiana, próximo a rodovia João Paulo II, no agreste de Sergipe. O principal suspeito é o ex-genro da vítima. O crime aconteceu na residência da mulher, que fica no bairro Oviêdo Teixeira, periferia do município. Segundo informações da delegada Josefa Valéria, o suspeito, identificado como José Jean da Silva Santos,foi preso pela polícia enquanto tentava fugir no município de São Domingos.  

Em Cristinápolis, Kenildes Lino dos Santos, 35 anos, foi assassinada no dia 6 de julho. O suspeito é o ex-companheiro dela, identificado apenas como Zé Carlos e conhecido como Pieca, que teria esganado a vítima dentro da própria residência, no povoado Bom Sucesso, do município. Após o crime, o suspeito teria ingerido veneno, em uma tentativa de suicídio, mas foi socorrido e preso em flagrante em um sítio próximo ao local em que o corpo da vítima estava sendo velado.  Ainda segundo informações de populares, o casal estava separado há pouco tempo, e Zé Carlos não aceitava a separação.

Jeane Pinho Almeida, 37 anos, morta no dia 4 de junho, em Itabaiana. Ela estava sentada na porta de casa no bairro São Cristóvão, quando foi atingida por vários tiros, disparados de dentro de um carro de passeio. No momento do crime, a vítima estava limpando cebolas para a feira de Itabaiana, onde trabalhava. Seu ex-companheiro, Antônio Carlos de Souza Oliveira, conhecido como Zé da Batata, confessou o crime. De acordo com a delegada Josefa Valéria, do Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV) de Itabaiana, ele passou em um veículo e disparou contra a vítima, que morreu no local. Ele foi preso no dia 5 após buscas realizadas no povoado Taboa em um assentamento, zona rural do município de Malhador. À Polícia, o ex-companheiro da vítima disse que a motivação do crime seria a divisão do imóvel do casal, porém, segundo testemunhas informaram à polícia, ele também não aceitava o fim do relacionamento.

Ana Paula de Jesus Santos, 26 anos, foi morta com golpes de marreta no dia 11 de maio e seu corpo encontrado em cima da cama do seu quarto, dentro de sua residência no conjunto Dom Pedro, zona Oeste de Aracaju. De acordo com a Polícia, Ana Paula estava com o marido e o filho dentro do imóvel e o companheiro, Victor Aragão, relatou que a mulher teria sido morta durante um assalto. Em depoimento, o homem narrou que dois criminosos pularam o muro do imóvel, anunciaram o assalto e agrediram o casal. No entanto, após as investigações, o marido foi acusado de matar a esposa. Ele foi preso no dia 14 de maio, mas no dia 9 de julho a Justiça concedeu alvará de soltura. O juízo da 8ª Vara Criminal de Aracaju considerou desnecessária a conversão da prisão temporária de Victor em preventiva pelo fato de ele não ter antecedentes criminais, e aplicou medidas cautelares, entre elas o monitoramento por tornozeleira eletrônica. O Ministério Público recorreu.

Em Simão Dias, Rosenil Anacleto Nascimento, 48 anos. Um homem identificado pelo prenome de Leandro matou a própria sogra na madrugada no dia 6 de maio. De acordo com a Polícia Militar, a motivação para o feminicídio teria sido o término da relação com a filha da vítima. Uma dia antes do crime, Leandro tentou agredir sua ex-esposa por não aceitar o término da relação, mas os irmãos da mulher o impediram e foram ameaçados de morte. O suspeito esteve por volta das 19h na casa da sogra, acompanhado de outras duas pessoas, e pediu para a esposa voltar, ameaçando toda a família. Depois, às 3h, retornou sozinho e arrombou a porta na tentativa de cumprir a promessa. Como não encontrou a ex-companheira, ele perseguiu a senhora e a matou. A filha de sete anos do homem estava dentro da casa no momento do crime. O homem foi preso após denúncia anônima. Ele estava escondido na casa dos avós, no povoado Salobra, localizado na Zona Rural do município onde o crime ocorreu. O autor confessou o crime e disse que, durante a fuga, jogou fora a arma utilizada para matar a vítima. Os outros envolvidos também foram presos.

A professora Andrea Monte Santo Belizário, 37 anos, no dia 2 de maio foi assassinada a tiros quando chegava na porta da escola onde ensinava, no bairro 17 de Março, Zona Sul de Aracaju (SE). O ex-companheiro, o subtenente do Corpo de Bombeiros Jeferson Mendonça, atirou contra ela e depois se matou. Ela chegou no próprio carro e ao descer teria sido surpreendida pelo ex-companheiro, que chegou de moto. A informação inicial é que eles estariam em processo de separação e ele não aceitava o fim do relacionamento.

Anne Carolyne de Souza Sobral, 26 anos, cujo corpo foi encontrado com marca de disparo de arma de fogo em 14 de abril no antigo Terminal Rodoviário de Carmópolis. Foi morta ao tentar reagir a uma tentativa de estupro. O crime foi atribuído a dois integrantes de uma quadrilha de tráfico de drogas, Caio José da Silva Santos, 22; e Marcos Vinícius Martins da Silva, o "Vini Jeguinho", 19. Segundo o delegado Wanderson Bastos, a vítima tentou reagir a uma tentativa de estupro praticada por Caio e Vinícius, que a mataram com um tiro na cabeça, enquanto dormia no local. "Eles, se valendo do fato de que ela estava sob efeito de drogas e dormindo na Rodoviária, vão até o local e tentam estuprá-la. Ela grita e, diante da reação dela para não ser estuprada, o Vini atira na cabeça da garota e ela morre. Quem levou o Vini até o local foi o Caio", disse o delegado, confirmando ainda que Carolyne era dependente de drogas.  

Uma jovem de 18 anos, identificada como Maria Eduarda Vieira dos Santos, foi morta a tiros no Loteamento Lauro Porto, em São Cristóvão, na região metropolitana de Aracaju (SE), em 28 de abril, quatro dias após seu aniversário. O principal suspeito de ter cometido o crime,  de acordo com a polícia, é o companheiro da vítima. Maria Eduarda trabalhava como manicure e morava no Loteamento Lauro Rocha, na cidade, residindo com o suspeito há pouco mais de um mês, segundo familiares que na época estava foragido.

Maria José do Nascimento, no dia 31 de março, idosa de 69 anos, morta na Barra dos Coqueiros, na Grande Aracaju. O suspeito, enteado da vítima, Carlos Magno de Oliveira, 32, foi preso pouco tempo depois a poucos metros do local do crime, encontrado escondido dentro de uma casa. Ele morava quase em frente à casa de Maria José e, no dia se reuniu com o pai e outras pessoas, consumiu bebida alcoolica e invadiu a casa da vítima armado com a faca. Ele confessou o crime e disse que matou depois de receber da vítima um tapa nas costas.

No dia 3 de fevereiro, em Umbaúba, Laudilene Santos de Jesus, de 36 anos, foi morta a facadas. Ainda de acordo com a PM, o suspeito de ter cometido o crime é o ex-companheiro da vítima, que até então estava foragido, identificado como Michael Santos Bonfim. A motivação do crime seria o término do relacionamento, segundo depoimentos ela sofria ameaças por parte dele. Laudilene e Michael tinham um relacionamento recente e quando a vítima resolveu acabar a relação, Michael não teria aceitado e passou a fazer ameaças. Segundo testemunhas, ambos estavam em uma festa, sendo que ela estava acompanhada de amigas e parentes. Quando a vítima resolveu ir embora, Michael a seguiu e no caminho desferiu vários golpes de faca. 

Maria Jucineide Neres tinha 52 anos e foi morta no dia 9 de janeiro dentro de casa em Estância, região Sul de Sergipe, pelo ex-companheiro, André Passos Santos, de 28 anos, que não aceitava o fim do relacionamento. O autor do crime foi preso pela Polícia Civil de Estância, enquanto tentava fugir para a cidade de Cristinápolis. No interrogatório, ele confessou que assassinou Maria, após apertar violentamente o seu pescoço e disse que ouvia vozes que o mandavam matar a vítima.

Pelo menos em outros seis casos existem a possibilidade de feminicídio, mas que em alguns não houve confirmação na época do fato.

Valdenildes Santana Santos, 37 anos, foi morta no dia 11 de novembro, no bairro Cidade Nova, zona Norte de Aracaju, dentro de mercearia. A vítima estava iniciando um comércio na rua Santa Terezinha e foi executada a tiros, quando um homem ainda não identificado chegou de motocicleta, desceu do veículo e desferiu tiros contra ela, que estava sentada dentro do estabelecimento. Sem prisões. 

Elenice dos Santos, 39 anos, foi agredida com golpes de faca e marreta durante um assalto em uma propriedade rural no município de Frei Paulo (SE). Foi internada no Hospital de Urgências de Sergipe (Huse) desde o crime no dia 22 de outubro e morreu no dia 9 de novembro. Criminosos armados invadiram o imóvel, no Povoado Canbranganza, e fugiram levando uma motocicleta. Antes da fuga, segundo a Polícia Militar, eles usaram as armas brancas para desferir golpes em várias partes do corpo da vítima, que estava sozinha em casa. Investigação em sigilo e nenhuma prisão. 

Marileide da Conceição Santos, de 37 anos, morta no dia 13 de setembro no Povoado Pedra Furada, zona rural de Santa Luzia do Itanhy, no Sul de Sergipe. O corpo apresentava marcas de arma branca, possivelmente golpes de facão, e foi localizado por moradores embaixo de uma árvore. Os peritos constataram ainda que a vítima não foi morta no local onde foi encontrada. Segundo populares, a mulher morava na sede do município e tinha ido passar alguns dias no povoado. A Polícia Civil investiga. Sem prisão.

Em Malhador, Maria da Paixão Silva,  feirante de 23 anos, foi morta no dia 27 de junho a tiros na porta da casa onde residia com a família. O crime ocorreu no povoado Buqueval, uma comunidade localizada entre Malhador e o município de Riachuelo. A família está surpresa e acredita que a jovem foi morta por engano. O segurança Wilton Mota, irmão da vítima, informou que Maria da Paixão tinha uma vida tranquila com a família, trabalhava junto com o marido na zona rural e vendia a produção em feira livre na região. A motivação do crime é desconhecida. Dois homens se aproximaram da vítima em uma motocicleta, dispararam a arma de fogo e, logo em seguida, fugiram.

Uma mulher foi assassinada em 3 de junho, no bairro Atalaia, zona sul de Aracaju. O crime foi praticado na Avenida Monteiro Lobato por dois homens armados, mas não houve prisão na época. Segundo a PM, a vítima transitava pela via em uma bicicleta quando foi surpreendida pelos disparos de arma de fogo pelas costas. O atirador fugiu na garupa de uma motocicleta, segundo o relato de testemunhas , populares informaram que a mulher é conhecida como Dodó e residia em uma vila próxima ao Cemitério Atalaia. Ela era de estatura baixa e aparentava ter 55 anos. Como nenhum familiar compareceu ao local do crime, a vítima não foi oficialmente identificada na época.

Mulher, na época não identificada, morta com golpes de arma branca em Socorro em 12 de abril. Corpo encontrado nas proximidades da linha do trem, no povoado Calumbi. Segundo informações da Polícia Militar, a mulher aparenta ter 40 anos. A comunidade não reconheceu a mulher, e não seria moradora da localidade. Naquela época, não houve prisão e não foi confirmada a motivação.

Imprescritível

No começo de novembro, o Senado Federal aprovou em dois turnos a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 75/2019, que torna o crime de feminicídio imprescritível - ou seja, poderá ser julgado a qualquer tempo, independentemente da data em que o crime tenha sido cometido, impedindo que criminosos escapem se conseguirem fugir da Justiça por um determinado tempo. Atualmente, a imprescritibilidade já existe para os crimes de racismo, por exemplo. Agora o texto seguirá para análise da Câmara dos Deputados. 

Segundo a legislação brasileira, o feminicídio é o homicídio cometido contra mulheres, motivado por violência doméstica ou discriminação de gênero. Na lei atual, o tempo de prescrição para esse tipo de crime varia de acordo com o tempo da pena, que é diferente em cada caso.

 

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