Qual é a idade certa para começar a usar celular? Psicóloga explica
Uso inadequado de telas pode prejudicar a capacidade intelectual das crianças Cotidiano | Por F5 News 12/01/2025 06h30Os tempos mudaram. Para quem viveu a virada dos anos 2000, a realidade atual é completamente outra. A presença da internet causou e causa efeitos percebidos nas relações de trabalho, na forma como transferimos nosso dinheiro e até nas relações sociais, atingindo, inclusive, nossas crianças e adolescentes.
Uma recente pesquisa divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que um em cada sete adolescentes sofre de alguma doença mental, dado preocupante que levanta um debate sobre a relação entre o uso inadequado das redes sociais, frutos da internet, e a saúde psíquica dessa geração.
O F5 News conversou com a psicóloga clínica Bianca Galindo. Ela explica que a exposição constante a informações e estímulos, muitas vezes inadequados, pode levar ao desenvolvimento de hábitos digitais prejudiciais, como o vício em redes sociais e a dificuldade de concentração.
“A falta de mediação e a ausência de limites podem transformar uma ferramenta poderosa em um fator de risco para a saúde mental”, afirma Bianca ao portal.
A vigilante Clédja Batista dos Santos vivencia esse cenário em sua rotina. Com duas filhas adolescentes em casa, ela diz que o celular está presente a todo o momento com as meninas.
“Acordam e já pegam o telefone, vão para o banheiro com o telefone, comem com o telefone do lado, e a maior parte (do dia) é com o telefone", comenta Clédja.
Sobre esse assunto, a também terapeuta com foco em gestão emocional e relacionamentos exemplifica que um estudo brasileiro mostrou que, quanto mais o uso de telas no dia-a-dia, menor será a capacidade intelectual, menos o intelecto estará sendo chamado para trabalhar.
“Outros estudos também revelaram, mais especificamente sobre as redes sociais, que estas repercutem predominantemente de forma negativa na autoimagem corporal de seus usuários, aumentando os níveis de insatisfação corporal e gerando impacto negativo no estado de humor e na autoestima”, acrescenta Bianca ao F5.
Em relação ao ato de estabelecer limites por parte dos responsáveis, a psicóloga explicita que crianças e adolescentes precisam de acompanhamento, supervisão e orientações constantes e quanto maior for o engajamento dos pais, menor o risco daqueles terem problemas com as tecnologias.
“É essencial estabelecer limites de tempo para o uso da tecnologia, buscar atividades alternativas que os interessem, como hobbies ou exercícios físicos, desenvolver mais momentos de conexão em família e procurar apoio profissional de psicólogos e, em alguns casos, de psiquiatras”, diz ao F5 News.
Seguindo esse princípio, o motorista e torcedor nato do botafogo Hênio Souza de Araújo, que também é pai de duas adolescentes, em parceria com sua esposa, coloca um limite de uma a duas horas de internet para suas filhas, com o objetivo de evitar que os riscos do uso indadequado de telas afetem suas filhas.
“A gente sempre, em termos de internet, celulares, mantém um prazo de estipulação para elas acessarem, porque hoje o conteúdo da internet está liberado para tudo e temos que ter o maior cuidado", relata ao portal.
Perguntada sobre uma idade mínima para o uso de telas, Bianca Galindo esclarece que, para a Sociedade Brasileira de Pediatria, o tempo de tela recomendado por idade é: até 2 anos: sem exposição, até 5 anos: uma hora, entre 6 e 10 anos: até duas horas, a partir de 11 anos: até três horas. Em todos os casos, o tempo de tela deve ser acompanhado por um adulto.
“É fundamental restringir o uso de tela o máximo possível (entre 0 e 5 anos), oferecendo o tempo com outras atividades, momentos de ócio e tédio que permitam às crianças espaço para a iniciativa de outros interesses e o descanso. Sabendo que na realidade atual as telas funcionam inclusive como rede de apoio, se faz necessário recomendações de tempo de uso”, orienta a psicóloga.
“Não deixamos os filhos sozinhos na rua, o mesmo deve acontecer com o uso da internet, já que esta contém todo tipo de conteúdo e pessoas. Os filhos devem estar sempre sendo supervisionados e orientados em relação ao uso dos conteúdos da internet, sempre com tempo limitado e pausas”, complementa ao F5 News.