Peixamento na Lagoa dos Tambaquis pode prejudicar o ecossistema, alertam biólogos | F5 News - Sergipe Atualizado

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Peixamento na Lagoa dos Tambaquis pode prejudicar o ecossistema, alertam biólogos
Especialistas questionam a introdução de tambaquis como controle biológico e apontam riscos de impacto ambiental irreversível na Lagoa Azul, em Estância (SE)
Cotidiano | Por F5 News 15/02/2025 15h00


Ocorreu nesta última sexta-feira (14) o peixamento com alevinos de tambaquis na Lagoa dos Tambaquis, em Estância (SE), uma ação que gerou polêmica entre a população e especialistas. A Prefeitura Municipal divulgou o evento como uma estratégia para atrair turistas, além de alegar que o tambaqui desempenha um papel essencial no controle biológico da lagoa, ajudando a manter a qualidade da água e garantindo mais segurança ambiental. No entanto, a iniciativa foi criticada por biólogos e especialistas, incluindo a bióloga e mestranda em Ecologia e Conservação pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), Rebeca Oliveira.

Em entrevista ao F5 News, Rebeca Oliveira apontou os riscos e questionou a introdução da espécie não nativa em um ecossistema sensível como a Lagoa Azul. Para ela, os tambaquis podem ter um controle biológico eficaz apenas em suas áreas de distribuição nativa, como as bacias amazônicas e do Rio Orinoco. "Introduzir essa espécie em sistemas lacustres, como a Lagoa Azul, pode ter impactos ecológicos imprevisíveis e prejudiciais", afirmou.

A especialista destacou que, até o momento, não há estudos que comprovem que os tambaquis são eficazes no controle dos caramujos transmissores da esquistossomose na lagoa, como a prefeitura afirma. Além disso, Rebeca lembrou que o comportamento dos tambaquis na Lagoa Azul pode não ser o esperado, uma vez que, os peixes estão sendo alimentados todos os dias pelos turistas. "Eles estão condicionados a receber ração, e não saem para procurar suas presas naturais", explicou.

Rebeca ainda fez uma crítica à gestão da Lagoa Azul, que é onde abriga os Tambaquis. Ela considera estar sendo transformada em um "berçário de espécies invasoras". Além dos tambaquis, ela observou a presença de tucunarés, tilápias e carpas, todas espécies não nativas que, segundo ela, competem com os peixes nativos e têm o potencial de reduzir suas populações.

A bióloga também se posicionou contra o uso do peixamento como estratégia de manejo, alegando que não há dados científicos que comprovem a eficácia dessa prática. "O peixamento deve ser considerado uma última opção e, no caso da Lagoa Azul, não há evidências claras de que os tambaquis estejam controlando a população de caramujos", ressaltou.

Além disso, Rebeca defendeu que a verdadeira solução para o problema dos caramujos e da esquistossomose está na melhoria da qualidade da água e na educação ambiental. Ela concluiu que, em vez de introduzir novas espécies, é necessário focar na preservação do ecossistema local e ouvir mais os pesquisadores que estudam esses ambientes.

O F5 News entrou em contato com a Prefeitura de Estância solicitando um posicionamento sobre o assunto, mas, até o momento, não recebemos resposta. O espaço segue à disposição.

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