Valdevan 90: testemunhas teriam sido orientadas a mentir sobre doações
Defesa ingressa com habeas corpus para livrar deputado federal eleito da prisão Política | Por Will Rodriguez 10/12/2018 15h00 - Atualizado em 10/12/2018 15h16Os advogados do líder sindical, Valdevan Noventa (PSC), eleito deputado federal por Sergipe , ingressam nesta segunda-feira (10) com um pedido de habeas corpus para tentar livrá-lo da prisão, onde está detido desde a sexta-feira (7) quando foi preso preventivamente no curso da operação Extraneus, que apura supostas irregularidades na prestação de contas da campanha de Valdevan nas eleições deste ano.
O processo contra Valdevan e seu assessor Evilázio Ribeiro, que também está preso, tramita em segredo de justiça na 2ª Zona do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SE).
Uma cópia da decisão que autorizou as prisões, assinada pela juíza Soraia Gonçalves de Melo, a qual o F5 News teve acesso, aponta que os investigadores do Ministério Público concluíram que os acusados agiram “em conjunto, de forma contundente e concreta, a fim de dificultar a colheita de provas, aliciando testemunhas para que mintam quando forem chamadas a depor”.
Durante a investigação, a Polícia Federal identificou informações suspeitas na prestação de contas de Valdevan em mais de 86 doações no valor de R$ 1.050,00 cada, no período de 18 a 29 de outubro. Os titulares dessas doações foram intimados para depor no Ministério Público Federal e, conforme destacou a magistrada em seu despacho, foi verificada a inverossimilhança das doações “através de informações a respeito do patrimônio dos supostos doadores, alguns dos quais beneficiários do Programa Bolsa Família”.
Pela Lei eleitoral, as doações de valor igual ou superior a R$ 1.064,10 só poderiam ser realizadas mediante transferência eletrônica entre as contas bancárias do doador e do beneficiário. A pedido do MPF, a Justiça Eleitoral autorizou a interceptação de conversas telefônicas entre Valdevan e Evilázio (veja abaixo). Nos diálogos, eles citam alguns dos doadores que teriam sido orientados a prestarem informações inverídicas sobre a origem dos recursos.
A Polícia Federal ainda trabalha na análise da documentação e outros aparelhos telefônicos apreendidos durante a operação Extraneus, que teve mandados cumpridos em Sergipe e também no estado de São Paulo, onde o político atua como sindicalista.
No interrogatório, Valdevan se reservou ao direito pelo silêncio e Evilázio prestou informações que, segundo a PF, destoam daquelas apuradas pelos investigadores, que enxergam contornos de uma organização criminosa que teria sido articulada para beneficiar a campanha do candidato. Esta semana, outros assessores começaram a ser intimados para prestar esclarecimentos.
A defesa dos investigados, titularizada pelos advogados Rodrigo Campos e Evaldo Campos, que atuam apenas em relação à prisão preventiva, evitam declarações sobre as acusações e consideram a prisão do deputado federal eleito desnecessária, uma vez que, ele é investigado pelo crime do artigo 350 do Código Eleitoral (falso documento particular), cuja pena é de no máximo três anos.
Mesmo estando custodiado na Cadeia Pública de Estância, Valdevan Noventa poderá ser diplomado na próxima segunda-feira (17) porque o julgamento das suas contas de campanha está pendente no TRE – SE e, conforme entendimento da Corte Eleitoral, o deputado eleito pode enviar um representante, uma vez que não há decisão pela sua não diplomação.
Veja abaixo um trecho de um dos diálogos entre Valdevan e Evilázio, destacado na decisão:
Valdevan: Você tem o nome de todos os doadores?
Evilázio: temos;
Valdevan: Você procurou esse pessoal para conversa?
Evilázio: Olha, Noventa! Tiveram umas duas meninas que elas foram pegas de surpresa.
Valdevan: Ham?
Evilázio: Tiveram duas meninas que foram pegas de surpresa, que foi a Ana Paula e a outra foi quando a gente não tinha nenhum conhecimento que o pessoal tinha vindo aqui interrogar. Entendeu?
Valdevam: Ham, é, mas você tem que conversar com esse pessoal ai. Você, Denise, como tá aqui. Esse pessoal que tá sendo atacado aí. Você tinha que conversar, porra!
Evilázio: Nós conversamos com a maioria, Noventa. O que foi que aconteceu: como nós fomos pegos de surpresa naquele momento em que elas chegaram, ninguém esperava, nós passamos a orientação no dia lá. Oh, é assim, assim, beleza. Só que esse pessoal, essas duas meninas, são as meninas que a gente também orientou, só que no momento elas falaram umas coisas que não era para falar, conforme a gente tinha orientado, mas o restante depois que o pessoal chegou e começou a fazer aquela ronda, aí nós fomos na casa de todos e orientamos! Pessoalmente! Certo? Eu já falei aqui com todo mundo;
Valdevan: Essa história não tá ficando boa não;
Evilázio: Eu conversei com Dr. Guilherme e Dr. Anderson, aqui também;
(…)
Valdevan: Não, mas antes aí você tava falando o meu nome, eu não quero saber detalhes, o que você vai falar, você vai falar detalhes agora? Porra, Evilázio! Acorda aí, seu telefone tá lá na sala do pessoal. O seu telefone está na sala do pessoal! Sabe o que é isso, não?
Evilázio: Sei;
(…)
Evilázio: Essa Érica eu já estive com ela;
Valdevan: E aí?
Evilázio: eu conversei, ela está tranquila e já tá ciente do que vai falar;
Valdevan: então você procure, se atenha ao processo;
Evilázio: ok!
(…)
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