A greve dos caminhoneiros completa hoje (30) nove dias em Sergipe. A paralisação prejudica diversos setores da economia, dentre eles o agropecuário, que depende dos veículos de carga para o recebimento de matéria-prima e para o escoamento da produção.

Agropecuária sofre prejuízos com paralisação dos caminhoneiros

Segundo o coordenador da área econômica da Federação das Indústrias do Estado de Sergipe (FIES), Rodrigo Rocha, ainda não existem dados seguros sobre quais segmentos foram mais afetados, porém fica claro que todo o setor industrial está em prejuízo. 

“Muitas empresas, principalmente as menores, poderão enfrentar dificuldade para honrar seus compromissos financeiros, em especial o pagamento dos funcionários, por não terem conseguido realizar suas entregas e receberem seus pagamentos antes do dia 1º de junho”, relata o coordenador.  

Ele ainda completa que as empresas a enfrentarem tal situação devem encontrar formas de negociar com seus fornecedores, bem como buscar fontes de financiamento para superar a crise causando o menor dano possível aos seus credores e, consecutivamente, à sua imagem no mercado.

O presidente da FIES, Eduardo Prado de Oliveira, encaminhou ofício ao governador Belivaldo Chagas, solicitando aumento do prazo para o recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do prazo das notas ficais, com o objetivo de tentar amenizar os transtornos enfrentados pelas indústrias.

Já o presidente da Federação de Agropecuária de Sergipe (Faese), Ivan Sobral, ressalta a urgência da escolta de suprimento para a pecuária, o que evitaria o início da mortalidade de milhões de aves e suínos e, consequentemente, o desabastecimento da população. Ele diz ainda que é necessário também o suprimento de fertilizantes e combustíveis para as atividades agrícolas.

“Sergipe, na última década, transformou-se num celeiro de produção de aves de corte. Nosso rebanho ultrapassa a ordem de três milhões de aves alojadas. Possuímos dois frigoríficos que abastecem o mercado interno e externo. O caos está instalado neste setor. Os estoques de ração nas principais granjas e integradoras estão chegando ao fim e parte deles não pode ser transportada para as granjas integradas", alerta Ivan Sobral.

[blockquote] "Há hoje, cerca de 300 mil aves sem suprimento de ração e cometendo a autofagia (canibalismo)". [/blockquote]

Ainda segundo Sobral, outra área que foi prejudicada é a de produção de grãos,  na qual Sergipe tornou-se, na última década, destaque nacional, tendo um crescimento de aproximadamente 225%.

 “Vários produtores necessitam fazer a aplicação dos defensivos agrícolas devido a pragas, mas encontram dificuldades, pois os produtos encontram-se impedidos de ser distribuídos pelos caminhões. Parte dos nossos produtores já não dispõe de óleo diesel nas propriedades e, sem ele, não há funcionamento das máquinas  agrícolas que promovem a aplicação nas lavouras”, completa o presidente da Federação Agropecuária.

Sergipe é conhecido nacionalmente na área de grãos pela posição estratégica no Nordeste e pela condição de abastecer uma região que é deficitária na relação produção x consumo.

Somente estas duas atividades, juntas, representam 30% do Valor Bruto da Produção (VBP) do Estado, cerca de R$ 450 milhões. Segundo as entidades consultadas, toda a perda causada pela paralisação dos caminhoneiros irá afetar os custos das empresas e penalizar a sociedade com os possíveis aumentos de preços.

*Estagiária sob orientação da jornalista Aline Aragão