Entenda o caso de racismo registrado durante roda de samba em Aracaju
A Polícia Civil já identificou envolvidos na ocorrência e vai intimá-los a depor Cotidiano | Por Will Rodriguez 25/03/2022 15h30 - Atualizado em 27/03/2022 10h14Uma denúncia de racismo durante a última edição do Sarauzin, uma roda de samba promovida no sábado (19), em Aracaju, tem repercutido nas redes sociais.
Em um relato publicado em seu perfil no instagram nessa quinta-feira (24), a jovem Paula Evangelista narra as circunstâncias do crime. Ela conta que uma advogada - não identificada na postagem - pediu que ela olhasse sua bolsa enquanto ia pegar bebida. Poucos minutos após a volta, a advogada percebeu o desaparecimento do seu telefone da bolsa e começou a acusar Paula. Ela confirmou as informações ao F5News.
“Não bastasse toda aquela situação de humilhação, a referida mulher, não satisfeita, dirigiu-se aos amigos para dizer que eu havia roubado o celular dela, os quais, apontando para mim, perguntaram-lhe: ‘Foi a neguinha?’, ao que ela, balançando a cabeça em sentido positivo, respondeu ‘Foi a neguinha!’”, relatou.
Um boletim de ocorrência foi registrado e Paula ainda enfrenta o trauma da situação vexatória a qual foi exposta. “Eu vivenciei, da pior forma possível (se é que existe escala de intensidade para isso), o impacto brutal do racismo e, com isso, descobri como a pessoa vítima dele 'perde o chão'; fica sem saber o que fazer, sentindo-se totalmente impotente e ignorante”, diz.
O advogado Wesley Santana, que atua na defesa da vítima, informou ao F5News que a produção do evento procurou Paula nesta sexta-feira (25) e informou que se comprometeu a fornecer as imagens das câmeras de monitoramento, que já foram solicitadas à administração do shopping onde o evento ocorreu.
Pelas redes sociais, o Clube do Samba, produtor do evento, fez uma publicação na qual afirma não tolerar e recriminar “toda demonstração de preconceito de quaisquer natureza”. A postagem diz ainda: “Meu Samba é plural, é diverso, feito de amigos, para amigos e será sempre assim”.
Ao F5News, a Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado pelo Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV). De acordo com as informações policiais, no dia do fato, após a acusação, a autora do crime puxou a vítima para abrir a bolsa dela. “Os autores do fato foram identificados e irão prestar depoimento ao DAGV”, disse.
Desde o ano passado, a injúria racial passou a ser tipificada como crime de racismo, aumentando a sanção penal de três para cinco anos. O crime de racismo é inafiançável e não prescreve, determina a Constituição.