Como pais influenciam filhos a torcer pelos seus times do coração
O futebol, para eles, virou opção para criar um vínculo afetivo movido a esporte Esporte | Por Emerson Esteves 13/08/2023 17h00Quem nunca leu ou escutou a frase: “É muito errado pai forçar o filho a torcer pelo mesmo time, como sou bom, vou dar duas opções aos meus filhos, ou torcem pro meu time ou saem de casa”. A brincadeira que é dita em comunidades de futebol nas redes sociais, ou pessoalmente em rodas de amigos, revela através do humor um aspecto interessante do futebol: a relação e influência direta do pai na escolha do time dos filhos(as).
Além de esportivamente influenciar no número de torcedores da modalidade, essa relação que é construída desde a infância apresenta um aspecto afetuoso de ligação entre pai e filho.
“Quando eu aprendi a andar e subir escadas, meu pai me levou para o Batistão. Desde então, é o nosso programa de pai e filho nos fins de semana”, declara Caio Ribeiro, de 24 anos, torcedor vermelho do Sergipe. Ele foi influenciado diretamente por seu pai, Silvio Santos.
Memórias com seu pai influenciaram, inclusive, o estudante a seguir o Jornalismo. O esporte deixou de ser uma paixão para se tornar o objeto de sua profissão.
“O futebol pra mim começou como esse evento de ir ao estádio. Então, a gente só ia aos jogos do nosso time. Isso foi fortalecendo meu amor pelo Sergipe. Mesmo depois que peguei gosto pelo esporte, comecei a assistir aos jogos na televisão e busquei acompanhar também outros campeonatos, continuou muito forte essa ligação com o nosso time”, afirmou ao F5 News.Juntos, Caio e seu pai já visitaram mais de 20 estádios de futebol Brasil afora. Em casa, é normal a TV estar ligada em alguma partida, do Sergipe ou não. De acordo com Caio, o futebol e a torcida pelo Sergipe que compartilha com seu pai possibilitam um relacionamento próximo e afetuoso entre ambos.
“O Sergipe é o ponto principal da nossa identidade enquanto pai e filho. É o assunto que eu sei que, se eu puxar, em qualquer momento do dia, a gente vai passar horas conversando. É o nosso momento de aproveitar, sair da rotina. E hoje, apresentado por ele a esse mundo do futebol, trabalho com jornalismo esportivo, então virou também a minha rotina. Até durante o trabalho eu penso ‘olha, essa informação aqui meu pai vai gostar de saber’, ou então ‘pra entender isso aqui, vou perguntar pro meu pai que ele vai saber me responder’”, disse Caio ao portal..
O cabo de guerra da torcida
Não foi fácil para o estudante de Engenharia Ambiental e Sanitária André Pedro Garrido, de 23 anos, seguir o mesmo caminho que seu pai. Em uma família com uma mãe vascaína, um padrinho flamenguista e um pai tricolor carioca, André se viu num verdadeiro cabo de guerra para definir por qual time iria torcer.
“Minha família gosta bastante de futebol. Minha mãe é vascaína, meu pai é fluminense e eu tenho um padrinho que torce pelo Flamengo. Óbvio que cada um queria que eu torcesse para os respectivos times, mas acabou que o Fluminense me atraiu mais”, disse André Pedro ao F5 News.
Embora o pai, André Garrido, nunca tenha influenciado diretamente na escolha, o filho revela que o fato dele acompanhar com frequência o Fluminense - bem mais que sua mãe com o Vasco, por exemplo - fez com que ele fosse despertado um carinho pelo tricolor carioca.
“Meu padrinho me levou para comer na casa dele e lá me deu um kit completo do Flamengo. Depois eu voltei para casa da minha avó, para minha festa de aniversário, com a camisa do Flamengo, com o kitzinho todo - camisa, short, enfim. Na maioria das minhas fotos desse aniversário, eu estou com a camisa do Flamengo. Mesmo com essa insistência toda do meu padrinho, eu acabei escolhendo o Fluminense mesmo”, diz André Pedro.Pai e filho conseguiram ver o Fluminense no estádio uma única vez. Em 2010, o time carioca enfrentou o Confiança pela Copa do Brasil. “Meu pai também é Confiança, além de ser Fluminense, nós torcemos juntos. Foi bem legal esse dia. Meu pai não é muito de estádio, mas ele incentivou”, lembra.
Segundo ele, embora seu pai seja um homem contido, “na dele”, o futebol em geral e o Fluminense especificamente são caminhos para estreitar seus laços.
“O futebol me aproximou bastante do meu pai na infância. A gente se divertia muito jogando PES [ jogo de videogame de futebol], personalizando time, fazendo escudo. Meu pai é um cara reservado. Não é alguém que costuma ficar horas batendo um papo porque ele é muito na dele. Até hoje ele é assim. Mas acabei me apaixonando pelo time”, comenta.