Samba de Pareia da Mussuca contagia público na Vila do Forró
Em pares, as brincantes dançam ao som de atabaques, ganzás e porca, instrumento percussivo que se assemelha a uma cuíca. Entretenimento | Por Agência Sergipe 15/06/2024 09h22A Vila do Forró foi palco nesta sexta-feira (14), de uma apresentação da cultura popular, que surgiu há mais de 300 anos e se mantém viva e forte até hoje. Trata-se do Samba de Pareia, do povoado Mussuca, em Laranjeiras, uma comunidade remanescente de quilombo, símbolo de resistência da cultura afro-brasileira. Em pares, as brincantes dançam ao som de atabaques, ganzás e porca, instrumento percussivo que se assemelha a uma cuíca.
O som das pisadas dos tamancos dá o ritmo da dança e contagia quem assiste, a exemplo do casal de turistas catarinense Adriano da Silva e a esposa Eliane da Silva. “Estou encantada com a organização do Arraiá, a decoração, segurança e a diversidade cultural que tem aqui. Pretendemos voltar mais vezes” afirmou Eliane, ao lado do esposo Adriano, que destacou que conhecer uma cultura diferente é enriquecedor.
O anfitrião do casal, o professor Fábio Zoboli, disse que já acompanha o trabalho do Samba de Pareia há alguns anos. “É uma alegria muito grande encontrar dona Nadir e ver esse reconhecimento ao trabalho dela, em vida. Ano passado, peguei a apresentação do grupo aqui, e este ano, por coincidência, assisto novamente”, destacou Fábio.
Aos 76 anos de idade, dona Nadir, mestre quilombola, guardiã da cultura popular e de tradições centenárias herdadas dos seus antepassados fez questão de dizer como foi sua chegada no Samba de Pareia. “Comecei ainda criança, aos 10 anos, através do meu pai, José Paulino, e dos meus avós. Só vou deixar de dançar quando morrer. A minha sobrinha está seguindo os meus passos, a minha música, tem o grupo dos idosos e o Grupo de Pareia mirim”, comemorou dona Nadir, que também é cantora e compositora.
Único homem no grupo, Acrísio Paulo, conhecido como seu Mangueira da Mussuca, é responsável por tocar o atabaque. Assim como a irmã dona Nadir, o brincante começou no grupo quando ainda era criança, também levado pelo pai. “Noite de São João, a gente saía no escuro, com a luz de candeeiro e só voltava no amanhecer do dia. Meu pai me levou para o grupo São Gonçalo e, de lá pra cá, não parei, e nem quero parar mais”, conclui seu Mangueira.
Para a fisioterapeuta, Bianca Mello, a programação cultural da Vila do Forró é importante porque resgata e valoriza as nossas raízes. “É importante que ainda criança se conheça a nossa cultura, para que, na fase adulta, saiba falar sobre nossas tradições em qualquer parte do país”, completou Bianca.
A Vila do Forró, na Orla de Atalaia, vai funcionar até o dia 31 de julho, de terça-feira a domingo, das 17h até às 23h. A entrada é gratuita.