Marca sergipana apresenta em São Paulo poltrona inspirada no Rio São Francisco
Peça que será apresentada na MADE envolveu quatro comunidades do estado de Sergipe Entretenimento 25/06/2024 12h18Para criar a poltrona Proteção, peça exclusiva da Casa de Marimbondo que será apresentada na MADE, a multiartista e artesã Naná Oliveira e a arquiteta Giovanna Arruda mergulharam no São Francisco e nos territórios quilombolas que circundam o rio até a sua foz. O conceito veio da necessidade de falar sobre a preservação desse território, perpassando suas questões ambientais, culturais e sociais.
“A Casa de Marimbondo nasceu com a perspectiva de resgate e preservação da memória estética e social do povo nordestino, em especial do povo sergipano. Dentro desse contexto político, entendemos que as carrancas do Velho Chico existem para proteger os rios e os navegantes, mas são os quilombolas que exercem essa função atualmente. Assim, criamos a ‘Proteção’, onde fizemos uma releitura sobre a crença do que protege o rio”, explica Naná.
Segundo a arquiteta Giovanna Arruda, a poltrona traz um olhar contemporâneo para a carranca, figura mitológica muito presente na bacia do São Francisco e no imaginário do povo brasileiro. A peça foi estruturada a partir das madeiras maracatiara e angico e nela foi realizado um trabalho de entalhe e acabamento com fibra de taboa.
Ao todo, o trabalho para a criação e confecção da peça envolveu quatro comunidades de diferentes regiões do Sergipe. Sua concepção foi feita do município de Brejo Grande, ao lado de Chicão, liderança do Quilombo da Resina, lugar onde é travada uma intensa luta territorial.
A produção da poltrona foi iniciada na oficina de Jhones Santos, um jovem negro que trabalha dentro de umas das mais complexas periferias de Aracaju, o bairro de Santa Maria. Na terceira etapa, foi esculpida e entalhada a figura de proteção pelo Mestre Nivaldo Oliveira - entalhador, escultor e xilogravador -, na cidade de São Cristóvão.
A “Proteção” foi finalizada no povoado do Tigre, na Pacatuba, onde foi instalada a fibra da taboa beneficiada e trançada pelas artesãs Marizete Domingos dos Santos e Jozinete dos Santos. “É necessário retomar aos territórios de nossa origem e nos reconhecer. Saber de onde vem todas as formas, texturas, cores, mitos, crenças e qual é nossa herança histórica. A Proteção é esse manifesto em cada detalhe”, conclui Giovanna.
A apresentação da poltrona “Proteção” da Casa de Marimbondo tem a feliz coincidência de acontecer no mesmo período do lançamento da campanha “Eu viro Carranca para defender o Velho Chico”, que traz o mesmo elemento simbólico central.
Desenvolvida pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), a iniciativa busca dar visibilidade à necessidade de proteção e revitalização do Rio São Francisco, fortalecendo o sentimento de pertencimento à uma bacia que tem uma riqueza absolutamente diversa, tanto em biodiversidade quanto em recursos hídricos e de energia.
Mais de 20 milhões de brasileiros (IBGE, 2020) vivem em toda a bacia do Rio São Francisco, que engloba 505 municípios. O São Francisco também é o maior rio brasileiro, com bacia que corresponde a 8% do território nacional e abriga os biomas Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica.
Fonte: Assessoria de Imprensa