Com petróleo em alta, gasolina começa a ficar mais cara nos postos de Sergipe
Governo discute alternativas para conter aumentos nos preços dos combustíveis Economia | Por Will Rodriguez 09/03/2022 16h27 - Atualizado em 10/03/2022 17h19Com o preço do barril do petróleo em disparada, os motoristas sergipanos já começam a sentir o preço da gasolina ser pressionado na hora de abastecer. A curva de desaceleração que vinha sendo mantida desde o final do ano passado tem mudado de trajetória e o litro do combustível voltou a ser encontrado a quase R$ 7, em Aracaju e no interior do estado, conforme sondagem do F5News. E as projeções não são animadoras.
A última alta na gasolina e no diesel anunciada pela Petrobras foi no dia 12 de janeiro, ou seja, há quase 60 dias. Mas o contexto desfavorável de instabilidade geopolítica e comercial por conta da guerra na Ucrânia afeta a estabilidade dos preços.
O levantamento mais recente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no período entre 27 de fevereiro e 5 de março, indicava um preço médio de R$ 6,47 no litro da gasolina vendida nos postos sergipanos.
Mas, motoristas consultados pela reportagem nesta quarta-feira (9) afirmam que já estavam encontrando o combustível oscilando R$ 6,98 a R$ 6,99 na capital sergipana. Em Tobias Barreto, no centro-sul sergipano, o litro está custando R$ 6,95. Já em Siriri, no leste do estado, há postos vendendo a R$ 6,39.
O mercado sergipano sofre ainda influência da política de preços da Refinaria de Mataripe, antiga Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, que foi vendida pela Petrobras ao fundo de investimento árabe Mubadala. Nela, a gasolina já está custando 27,4% a mais do que a vendida pela estatal, segundo estimativas do Observatório Social da Petrobras (OSP), organização ligada à Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
O nível do aumento dependerá de outros fatores, como o câmbio e medidas nacionais e internacionais para conter a disparada, mas especialistas são unânimes na afirmação de que as altas nos postos são inevitáveis, e com reflexos também em outros setores.
"Se dividirmos o mundo em setores por países, a Rússia é digamos que o ‘posto de gasolina’ da Europa, pois seu óleo e gás natural abastecem a rede energética europeia. Com o ‘posto’ fechado para o mercado local, a compra de petróleo de fora levará a um disparo dos preços por lá e também por aqui. E como o Brasil é a ‘fazenda’ do mundo, por ter uma produção essencialmente agrícola, isso vai acarretar em aumento direto no custo dos alimentos tanto para exportação, quanto para consumo interno. Pois o transporte brasileiro de mercadorias é majoritariamente rodoviário e seu custo impacta em quase 20% do preço do produto final. Então, devemos nos preparar não somente para o aumento dos combustíveis, como dos preços generalizados dos produtos", aponta o analista de economia do F5News, Márcio Rocha.
Em meio a tantas incertezas, muitos consumidores aracajuanos iniciaram uma verdadeira corrida aos postos, formando filas para abastecer seus veículos com os preços ainda praticados nesta quarta-feira.
Freio
No governo federal, a equipe econômica busca alternativas para tentar conter - ou pelo menos postergar - o aumento dos combustíveis aqui. Uma missão quase impossível.
Os preços da gasolina e do diesel vendidos pela Petrobras estão com uma defasagem que já passa dos 40% no caso e 50% para o segundo em relação ao mercado internacional, conforme cálculos da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis).
No Palácio do Planalto, a criação de um programa de subsídio direto aos combustíveis, por um prazo de três a seis meses, é considerada a alternativa mais "viável". A intenção é ter um valor fixo de referência para a cotação dos combustíveis e subsidiar a diferença entre esse valor e a cotação internacional do petróleo.
Um projeto que tramita no Senado, e pode ser votado nesta quarta-feira, cria uma conta de estabilização para reduzir a volatilidade dos preços dos combustíveis, que seria abastecida com a arrecadação de um imposto de exportação de petróleo bruto.
Outro projeto que pode ser votado nesta quarta-feira no Senado é o que modifica a cobrança do ICMS nos combustíveis, passando a ser cobrado por litro de combustível, e não mais sobre o preço final, como atualmente.