Confira os riscos à saúde da chamada Geração Tik Tok
Consumo compulsivo de vídeos curtos gera impactos negativos que merecem atenção Cotidiano | Por F5 News 24/08/2022 20h00Sair com a família e com os amigos, pesquisar, escutar música, assistir a filmes. Podem parecer ações comuns do nosso dia a dia, mas essa rotina se altera radicalmente entre gerações.
Imagine sair com amigos e família sem dar aquela pausa para conferir o celular, pesquisar só com livros e sem a ajuda do Google, comprar CDs e DVDs para só assim conseguir escutar uma música e assistir a filme.
Para muitas pessoas da chamada geração Y ou Millennials - os nascidos 1981 a 1996 -, viver cada minuto era uma experiência. Já os jovens da Geração Z, nascidos entre 1997 e 2010, e da Alfa, a partir de 2010, estão muito mais intímos do ambiente virtual. E estes últimos formam a também chamada "Geração Tik Tok", cujo consumo demasiado de vídeos curtos pode representar riscos.
A maior parte dos nascidos a partir dos anos 90 não sabe o que é viver sem a presença do smartphone como elemento fundamental à rotina. A discussão mais recente surge a partir desse modelo de comportamento. O Tik Tok é uma plataforma que “explodiu” no mundo inteiro pela produção de conteúdo rápido e, para alguns, viciante.
Então surge o termo Geração Tik Tok, com um sentimento crítico de que algo sobre o “futuro da sociedade” está em jogo.
Mas o que é a Geração Tik Tok e por que ela anda causando dores de cabeça em algumas pessoas?
O Tik Tok é uma rede social de 2016, que permite a produção de vídeos curtos com elementos sonoros, em sua maioria músicas ou áudios para dublagem. Em 2020, durante a pandemia, devido ao tempo livre e à solidão que o isolamento causou, ganhou destaque e se tornou uma febre entre adolescentes e jovens adultos.
Você provavelmente conhece alguém que fica horas na frente do celular assistindo aos vídeos curtos da plataforma do Tik Tok. João Pedro Ferreira, estudante de 13 anos, é um deles. O jovem se dedica a assistir a vídeos dos Tik Tok cerca de 8 horas por dia. “Eu vou para a escola e na volta, daí tem tipo uma pausa, só que quase o dia todo eu assisto”, contou João ao F5 News.
Porém, estudos apontam que esse comportamento, cada vez mais frequente, não é saudável e causa sérios impactos.
De acordo com pesquisa de 2021, divulgada na revista científica EuroImagine, os vídeos curtos do Tik Tok são mecanismos especialistas em se tornarem “viciantes”, condicionando as pessoas a ficar cada vez mais vidradas, independentemente do conteúdo.
O estudo foi realizado na China, local de origem do aplicativo, e indica que os impactos causados pelo Tik tok são os mais graves, uma vez que podem gerar no cotidiano comportamentos indesejados, como uso excessivo, falta de controle, negligência no trabalho e na vida social, dentre outros.
A pesquisa explica que isso acontece porque os vídeos curtos estimulam a área do cérebro que libera dopamina, neurotransmissor responsável por regulações de humor, estresse, funções motoras, de memória e até de concentração. Quando a dopamina atinge o córtex pré-frontal, provoca a sensação de prazer, fazendo com que ao fim de cada vídeo, o espectador sinta uma sensação quase como de recompensa, satisfação.
“Essa onda de dopamina leva o jovem a não conseguir desprender a atenção da experiência acelerada para outras tarefas que sejam mais complexas e não promovam a sensação de prazer de forma tão rápida”, explicou a neurologista Letícia Sampaio, coordenadora do departamento científico de Neurologia Infantil da Associação Brasileira de Neurologia (ABN) para a Agência O Globo.
A mestre em Psicologia Social Larissa Leal Moura disse ao F5 News que o indivíduo se acostuma tanto a receber a sensação de prazer de uma forma tão rápida que acaba não tendo estímulo para realizar outras atividades que demandam mais tempo.
“Isso é muito complicado porque a gente já tem toda uma geração de TDH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), de dificuldade de concentração, ainda mais com essas tecnologias que estão contribuindo pra isso. Vai criando uma geração muito impulsiva, que não consegue lidar com tédio, não consegue lidar com a falta de estímulo, já que está o tempo todo sendo constantemente estimulada”, disse a psicóloga em seu depoimento ao portal.
Ela ainda ponderou que é extremamente necessário não chegar ao ponto de não se divertir sem estar olhando para uma tela. “Você precisa equilibrar, para que você consiga também fazer outras atividades e não se torne refém de algo que você deveria ter de uso. Isso gera uma dificuldade de interação com as pessoas. Às vezes, você sai com outros indivíduos para fazer uma refeição e está mexendo no celular. Qual o propósito de se encontrar pessoalmente com essas pessoas se você não vai usufruir da presença delas?”, questiona a mestre em Psicologia Social.
A psicóloga alerta para a importância do equilíbrio no uso das redes sociais, e que os pais devem sempre estar atentos.