Conhecida popularmente como um dos sete pecados capitais, a gula está marcada no imaginário e no cotidiano de muitos brasileiros. Mas você sabia que em nosso calendário anual há um dia específico dedicado a ela? 26 de janeiro é o escolhido, mas o objetivo para essa data existir é mais sério do que você imagina.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 4,7% dos brasileiros sofrem de compulsão alimentar, um distúrbio que consiste no consumo excessivo de alimentos em pouco tempo, mesmo que a pessoa não sinta fome ou necessidade de comer. Portanto, a data busca conscientizar a população a respeito dos perigos desse transtorno para a nossa saúde.

O F5 News conversou com o nutrólogo Francis Vinícius Fontes de Lima, presidente da câmara técnica de nutrologia do conselho regional de Medicina de Sergipe. Ele explica que a compulsão alimentar pode trazer uma série de riscos para a saúde. 

Nutrólogo Francis Vinícius Fontes de Lima - Acervo pessoal

“O desenvolvimento de obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares, esteatose hepática (gordura no fígado) e até alguns tipos de câncer”, afirma Lima.

“Além disso, a alimentação descontrolada pode causar problemas emocionais, como ansiedade, compulsão alimentar e baixa autoestima, perpetuando um ciclo de desequilíbrio físico e mental”, complementa ao portal.

Em adição à fala do nutrólogo, a psicóloga Thais Barreto Lopes Guimarães, membro também da Abeso (Associação Brasileira de Estudos da Obesidade), explana que é importante saber quais são os principais sintomas do Transtorno de Compulsão Alimentar (TCA) e buscar orientações profissionais para tratamento.  

Psicóloga Thais Barreto Lopes Guimarães - Acervo pessoal

“Paciente apresenta episódio de comer volume excessivo de alimentos em curto período de tempo (10 a 15 minutos geralmente dura uma compulsão), com sensação de vergonha, culpa ou arrependimento posterior, com sensação ou não de náusea, estufamento, desconforto gástrico”, informa Thais.

“É importante uma avaliação profissional criteriosa para proporcionar bem-estar ao paciente, tratamento adequado e suporte emocional. O tratamento padrão ouro para TCA é a psicoterapia e uso de medicação, adiciona a psicóloga Thais Barreto Lopes Guimarães ao F5.

Mas talvez você deva se perguntar: como alcançar o equilíbrio alimentar diante de tudo isso? Francis Vinícius descreve que práticas simples podem nos fazer alcançar esse objetivo.

• Priorizar alimentos naturais e minimamente processados, como frutas, vegetais, proteínas magras e grãos integrais.
• Planejar as refeições para evitar exageros e escolhas impulsivas.
• Respeitar os sinais de fome e saciedade do corpo.
• Manter a hidratação adequada ao longo do dia.
•  Entender que não é necessário restringir completamente os alimentos que gosta, mas consumi-los com moderação.

“A orientação de um profissional capacitado, como um nutrólogo ou nutricionista, é fundamental para personalizar as estratégias e atingir resultados de forma saudável”, assegura ao F5 News.

Nutricionista x nutrólogo: qual a diferença?
“A diferença entre um nutrólogo e um nutricionista começa pela formação. O nutrólogo é um médico que se especializou em Nutrologia e, por isso, tem formação para diagnosticar, tratar e prevenir doenças relacionadas à alimentação, incluindo o uso de medicamentos e tratamentos clínicos. Já o nutricionista é um profissional formado em Nutrição, especializado na elaboração de planos alimentares personalizados, sem atuar com diagnósticos médicos ou prescrição de medicamentos. Ambas as áreas se complementam e são essenciais no cuidado com a saúde alimentar, intestinal, metabólica e hormonal”, esclarece o profissional.

Vale a pena lembrar que a gula deve ser levada a sério. O autocuidado alimentar é essencial para que tenhamos de fato bem-estar e qualidade de vida.

“É importante reforçar que cuidar da alimentação não é apenas uma questão estética, mas de saúde e longevidade. Investir em hábitos saudáveis, como uma boa nutrição e a prática de atividades físicas, é o caminho para uma vida mais plena e com qualidade. A prevenção é sempre mais eficaz do que tratar doenças já instaladas”, ressalta o nutrólogo Francis Vinícius ao portal F5 News.