Como lidar com o desafio da socialização das crianças com deficiência | F5 News - Sergipe Atualizado

Direitos Humanos
Como lidar com o desafio da socialização das crianças com deficiência
Saiba como é possível auxiliar o desenvolvimento de todas as crianças de forma plena
Cotidiano | Por Will Rodriguez 12/10/2020 10h32 - Atualizado em 12/10/2020 10h44


O Estatuto da Criança e do Adolescente é claro ao conferir aos brasileirinhos e brasileirinhas “todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral, assegurando-lhes todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade”. Mas, a bem da verdade, o quadro de violação dos direitos humanos de cidadãos com menos de 18 anos no país ainda é desolador. Se esse indivíduo possui uma deficiência, essa realidade pode ser ainda mais dolorosa porque, mesmo quando não faltam oportunidades, esbarra-se no preconceito.

O modelo social de deficiência trazido pela Convenção das Nações Unidas é um desafio compartilhado por todos. Segundo ela, a deficiência é um conceito em evolução e resulta da interação entre pessoas com deficiência e as barreiras atitudinais e ambientais que impedem sua plena e efetiva participação na sociedade em igualdade de oportunidades. Nesse sentido, não se trata de uma tarefa fácil ou simples promover a inclusão, mas esse é um caminho que precisa ser percorrido a começar de casa, abandonando a ideia de isolamento desses cidadãos. 

“Para que a criança com deficiência se desenvolva, ela precisa conviver com pessoas típicas, primos, tios e outros familiares, para que ela consiga aprender a socializar, se comunicar de forma funcional e até futuramente entrar no mercado de trabalho e desenvolver outras habilidades. Elas precisam se apropriar de todos os ambientes sociais”, afirma a terapeuta ocupacional Valesca Fontes.

Ainda sobre a necessidade de esforços para promover o pleno desfrute dos direitos humanos e liberdades fundamentais das pessoas com deficiência, a terapeuta explica que a atuação de um mediador pode ser fundamental no processo de inclusão na infância. “Pode ser o pai ou o educador, que - por exemplo - formule o modelo da pergunta para que a criança comece a interagir com o outro. Isso porque muitas crianças com deficiência têm dificuldade em olhar nos olhos, em atender um comando. É interessante abordar assuntos que sejam do interesse da criança e, se possível, começar estimulando a convivência com pessoas da própria família”, orienta. 

Valesca lembra que o caminho para eliminar todas as barreiras segregadoras das crianças com deficiência é longo, mas considera essencial enxergar primeiro o indivíduo antes de ver a condição ou o preconceito porque, invariavelmente, o que falta é conhecimento. 

“É importante que os pais não reprimam nem isolem por medo ou vergonha. Elas precisam frequentar ambientes diferentes, socializar com outras crianças e o nosso papel é plantar a semente, informar o que se trata e como podemos ajudar. Ao invés de dar ouvidos a alguém que está sendo preconceituoso, é preciso entender que esse processo (de inclusão) vai melhorar a vida da criança, ajudando ela a construir habilidades funcionais e emocionais”, afirma a terapeuta. 

Todos Juntos!

Desde 2017, a rede municipal de São Paulo recebe o Projeto Brincar, uma iniciativa da Fundação Grupo Volkswagen, concebida e executada pela  ONG Mais Diferenças, que propõe a experimentação de práticas pedagógicas inclusivas na Educação Infantil e incentiva a realização de brincadeiras que envolvam todas as crianças, com e sem deficiência.

Com a finalidade de contribuir para o fortalecimento da qualidade da educação, em uma perspectiva acessível e inclusiva, o projeto envolve toda a comunidade escolar para que a criança possa fortalecer vínculos e desenvolver competências essenciais.

“O projeto perpassa um conjunto de ações articuladas que envolvem, além da formação, o acompanhamento nas próprias unidades escolares, oficinas com famílias e a participação de toda a comunidade escolar. Além disso, utiliza múltiplas linguagens, como artes plásticas, cinema, literatura, dança, música e jogos, para favorecer o brincar de todos. Também realiza atividades de assessoria, articulação e comunicação com a SME-SP, além do apoio às diretorias de ensino”, descreve a Fundação. 

Alguns dos materiais educativos do Brincar estão disponíveis gratuitamente. Acesse aqui

Confira também o guia do Brincar Inclusivo desenvolvido pelo Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef) com atividades, brincadeiras e materiais pedagógicos que permitem que todos brinquem juntos independentemente das características de cada um. Clique aqui. 

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