Caso Genivaldo: perícia confirma asfixia como causa da morte | F5 News - Sergipe Atualizado

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Caso Genivaldo: perícia confirma asfixia como causa da morte
“Reação inflamatória intensa nas vias respiratórias”, diz laudo concluído pelo IML
Cotidiano | Por F5 News 03/09/2022 15h11


Estão concluídos os laudos periciais sobre a morte de Genivaldo de Jesus Santos, morto aos 38 anos em maio passado durante abordagem desastrosa da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na cidade de Umbaúba. Genivaldo morreu após uma “reação inflamatória intensa nas vias respiratórias”, diz o documento divulgado nesta sexta-feira (02).

“Alguns exames e análises de toxicologia são mais céleres, por serem mais simples, outros demoram mais, pois precisam de uma técnica ou de metodologias específicas. As análises que deveriam ser realizadas foram concluídas no domingo (27/08) e, a partir daí, o laudo pericial foi enviado à autoridade requisitante”, afirmou o perito criminal Ricardo Leal, do Instituto de Análises e Pesquisas Forenses (IAPF).

O perito do IAPF também informou que, após a entrega do material, em cerca de quatro dias, os profissionais trabalharam em laboratório para fazer a análise e a conclusão do laudo pericial.

Conforme Ricardo Leal, no processo de análise e confecção do laudo pericial, também foram verificadas situações de presença ou não de álcool no sangue ou de substâncias medicamentosas. 

“Como todos os casos relacionados ao trânsito, embora não tenha sido acidente de trânsito, seguimos o que fazemos comumente. Verificamos se ele havia ingerido álcool, o que deu negativo. E investigamos o uso de drogas e medicamentos. Encontramos a quetiapina, medicamento utilizado no tratamento da esquizofrenia. Quantificamos e verificamos que a concentração é compatível com a terapêutica", informou.

De acordo com Ricardo Leal, a concentração da substância quetiapina encontrada no sangue de Genivaldo indicou que Genivaldo estava medicado devidamente. “No momento do fato, ele estava sob o efeito do medicamento. Ele não estava tendo um surto, pois estava medicado”, acrescentou.

Conforme o perito, os exames também verificaram se a vítima havia monóxido de carbono em grande quantidade no sangue. “A bomba de gás lacrimogêneo, quando é detonada, forma alguns gases, entre eles o monóxido de carbono, que é tóxico e havia essa suspeita. Realizamos essa análise e verificamos que ele não foi intoxicado por monóxido da bomba de gás lacrimogêneo", mencionou.

Mas, segundo Ricardo Leal, outros gases são formados. “Por exemplo, ácido clorídrico, que é isso que provoca a irritação das mucosas. E essa substância pode ser formada. Com esses resultados todos, concluímos o laudo pericial solicitado pelo IML”, acrescentou o perito do Instituto de Análises e Pesquisas Forenses.

O diretor do Instituto Médico Legal (IML), Victor Barros, explicou que o exame cadavérico já tinha atestado a asfixia mecânica. "Inicialmente, no exame cadavérico, já tínhamos a certeza de que Genivaldo faleceu em decorrência de um processo de asfixia mecânica, isso constatado com as alterações macroscópicas, verificadas a olho nu, analisando tecido do pulmão, das vias aéreas e da traqueia”, detalhou.  

Em seguida, conforme Vitor Barros, foram encaminhadas as amostras do pulmão e das vias respiratórias para o laboratório de anatomopatologia. “Recebemos esse resultado, que indicou que Genivaldo apresentou uma reação inflamatória intensa nas vias aéreas, com predomínio nas vias respiratórias inferiores e essa reação gerou o fechamento da árvore respiratória da vítima, provocando a morte”, disse.

Vitor Barros explicou também que o painel toxicológico encaminhado pelo IAPF identificou que a vítima não permaneceu reinalando monóxido de carbono. "Chegamos à conclusão que o óbito se deu logo no início do processo por uma reação inflamatória intensa, que gerou o fechamento da via aérea com predomínio da via aérea inferior, gerando a morte de Genivaldo", concluiu Vitor Barros.

Relembre o caso

Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, morreu em uma abordagem desastrosa da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na cidade de Umbaúba no dia 25 de maio deste ano.

A PRF se pronunciou à época, por meio de nota, e informou que “foram empregadas técnicas de imobilização e instrumentos de menor potencial ofensivo para sua contenção e o indivíduo foi conduzido à Delegacia de Polícia Civil em Umbaúba”

Genivaldo foi detido pelos agentes por trafegar de moto sem capacete e estava desarmado. 

O Ministério Público Federal (MPF) chegou a abrir um procedimento para investigar uma suposta classificação de “informação pessoal” que a Polícia Rodoviária Federal teria imposto aos processos administrativos que investigam a abordagem da PRF. 

Com informações da SSP/SE

 

Edição de texto: Monica Pinto
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