O hexa foi adiado, mas o Brasil está longe de ser uma terra arrasada | Esteves em Campo | F5 News - Sergipe Atualizado

O hexa foi adiado, mas o Brasil está longe de ser uma terra arrasada
Seleção brasileira para novamente nas quartas de final da Copa do Mundo
Blogs e Colunas | Esteves em Campo 11/12/2022 13h08 - Atualizado em 11/12/2022 13h33

Resolvi aguardar para escrever essa coluna. Às vezes, no calor do momento pós eliminação de uma competição que você era tido como favorito pode prejudicar e muito a análise. Como eu acabei vendo algumas avaliações caindo em discursos reducionistas que “se perdeu deu tudo errado” ou que esse time “nem era isso tudo”. Vamos com calma. 

O Brasil não fez o melhor dos jogos diante da competitiva e calejada seleção croata. Na verdade, a seleção brasileira acabou sendo muito bem anulada. No amarrado primeiro tempo, Casemiro foi bem marcado e não conseguiu através do seu excelente passe e visão de jogo encontrar Neymar, Raphinha ou Vinicius Junior.

O ataque do Brasil encontrou muitos problemas para produzir. Richarlison se viu encaixotado pela forte defesa da Croácia, nas pontas Raphinha fez um jogo de escolhas ruins e Vini Jr mesmo com alguns bons lampejos refletiu a atuação nervosa do Brasil. 

Neymar chegou a abrir o placar para o Brasil já na prorrogação. O caminho para as semifinais estava desenhado. Mas, faltou combinar com os croatas. Que na única finalização certa da partida encontrou o gol com Petkovic. 

Nos pênaltis, os europeus levaram a melhor e eliminaram o Brasil. Na bola. Em sua estratégia bem executada com muitos méritos. Isso não quer dizer que a seleção brasileira não tenha errado. Desde as escolhas das substituições questionáveis, a estratégia mal sucedida de segurar o jogo depois de fazer o gol e até mesmo a decisão de começar as cobranças de pênaltis com Rodrygo ao invés do seu melhor batedor, Neymar. 

Foi um jogo de más escolhas da comissão técnica. Talvez tenha sido o jogo que mais refletiu o quanto a irredutibilidade de Tite, em alguns momentos, pode ser prejudicial. 

E a Copa do Mundo não dá uma segunda chance. Mesmo o Tite tendo duas. Depois da eliminação em 2018 diante da Bélgica, a impressão que fica é que essa contra a Croácia tem sido mais dolorida. O Brasil é mais time agora do que era há quatro anos e o adversário, em teoria, era inferior aos belgas. Mas, futebol funciona assim. Agora Tite deixa o comando depois de dois ciclos de insucessos em Copas. 

Isso quer dizer que o balanço da seleção em seu comando técnico foi um fracasso? Não mesmo. O treinador teve muito mérito de recuperar a autoestima do Brasil e do brasileiro após o fiasco da Copa de 2014. Recolocou o Brasil entre os melhores, com muito domínio, talento e plano de jogo. Isso sem falar na recuperação do orgulho do brasileiro em torcer pra seleção. 

Ademais, ele deixa a seleção com uma espinha dorsal de bons atletas jovens que têm tudo para brilhar nos próximos anos com a camisa verde e amarela. Richarlison, Vini Jr, Antony, Paquetá, Rodrygo, por exemplo, devem continuar no próximo ciclo da Copa. 

Existe vida após a eliminação. Para o brasileiro, a esperança é a última que morre. A Copa de 2026 vem aí. O sonho do hexa segue vivo.  

Antes de encerrar essa coluna, é válido uma menção da excelente e histórica Copa do Mundo que o Marrocos tem feito. Com autoridade e futebol no mais alto nível, a equipe se torna a primeira seleção africana a chegar nas semifinais do Mundial.

Com técnica, talento, organização e brilho, depois de despachar Portugal (e conquistar o troféu ibérico já que havia derrotado a Espanha nas oitavas), não é aceitável tratar esse time como “zebra” nessa altura do campeonato. Se chegou na semi não foi por acaso. 

O Brasil caiu e mais do que nunca, por aqui, a União Brarrocos segue viva. 
 

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Jornalista formado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS). Pesquisador em jornalismo esportivo e racismo. Professor da primeira disciplina focada em Jornalismo Esportivo do Departamento de Comunicação Social da UFS. Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM-UFS) e membro da Rede Nordestina de Pesquisa em Mídia e Esporte (Reneme). Co-criador, produtor e comentarista do podcast 45 de Acréscimo, primeiro podcast jornalístico de futebol do estado de Sergipe. Repórter do portal F5 News.

Análises sobre futebol e outros esportes sem nunca deixar de lado a perspectiva social do mundo que os cerca. A coluna é sobre o campo de ação, não apenas dentro das quatro linhas. Seja para falar sobre o esporte (resultados, personagens, grandes jogos), seja para falar sobre a sociedade como todo. O esporte é uma importante lente para entender o mundo, você está disposto a estar em campo para perceber?
 

E-mail: emersonmesteves@gmail.com

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