Ela não sabe andar? | Amanda Neuman | F5 News - Sergipe Atualizado

Ela não sabe andar?
Blogs e Colunas | Amanda Neuman 21/02/2021 12h00

Faz pouco mais de um mês que minha filha aprendeu a andar sozinha, com um ano e dois meses de idade. Antes disso, segurando na mão da gente, empurrando um banquinho pela casa ou apoiada pelas paredes, ela ensaiava uns passinhos, mas não andava sozinha.

No dia da festinha pra comemorar seu primeiro ano, nossa expectativa era de que ela soubesse andar ou, pelo menos, ficar em pé com segurança. As fotos ficariam lindas, já que a fantasia de super heroína seria vista com perfeição. Mas ela não andou. Saiu linda nas fotos, ajoelhada, de cócoras, no nosso colo, sempre sorrindo e curtindo o momento. “Só faltou ela estar andando hoje, né?”, ouvi repetidamente. “Mas nem precisava, ela está linda assim mesmo”, sempre respondi com um sorriso.

Inúmeras vezes li que bebês evoluem em ritmos diferentes. Minha filha é tagarela, repete tudo o que a gente diz, dá tchauzinho pra cumprimentar as pessoas, manda beijos e sorri pra todo mundo. Ela é incrivelmente perfeita e tem todos os marcos de desenvolvimento ideais para a idade dela. Mas por que uma coisinha só que ela ainda não fazia parecia fazer tanta falta? Expectativas. A gente cria sobre os outros e sobre nós mesmos. Talvez como a expectativa das pessoas para ver um bebê andar pela primeira vez, a expectativa dos outros sobre o que não lhes diz respeito caminha junto com o perigo de não desfrutar das coisas boas e incríveis que já estão acontecendo.

A grande questão que muita gente esquece é que nem todo mundo precisa andar na mesma hora. Enquanto uns andam, outros correm e há aqueles que dão os primeiros passos segurando nas paredes. Todos estão saindo do lugar, mas, como bebês, evoluem em ritmos diferentes. Fica mais fácil quando a gente para de comparar nossa caminhada com a trajetória de quem vai do lado ou na frente. Nossas experiências pessoais são únicas e, por causa disso, nossa jornada também será.

Num belo dia das nossas férias, depois de acordar da soneca da tarde, minha filha parou de engatinhar, apoiou as mãos no chão, ficou em pé e deu os primeiros passinhos em direção ao pai. Eu filmei, é claro. E depois dali ela nem quis engatinhar mais. Agora anda pra todo lugar e até ensaia correr com suas pernas gordinhas quando a gente brinca de que vai pegar ela. Acho que ela nem lembra de quando não sabia andar e, acredite, nem parece que há poucas semanas não tinha a agilidade que tem hoje.

O tempo passa rápido demais e ela aprende coisas novas mais rápido ainda. Eu sei que, em breve, vão perguntar se ela já deixou de usar fraldas ou se já aprendeu a ler. Quem está de fora sempre vai nutrir expectativas sobre o que não deveria. Isso deve acontecer por aí também. Então, quando insistirem que você já deveria estar andando em outro lugar, lembre-se que você já sabe sorrir, dar tchauzinho e seguir em frente. As expectativas dos outros sobre você são apenas as expectativas dos outros. 

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Amanda Neuman

Jornalista (UNIT) há 10 anos, mestra em Comunicação (UFS), doutoranda em Sociologia (UFS), pesquisadora na área de redes sociais e influenciadores digitais, e mentora de marketing para empreendedores e Influenciadores. Na internet, como mulher plus size que descobriu o amor próprio e auto estima além dos padrões, compartilha sua vida e vivências com outras mulheres e as encoraja a se amarem como são.

E-mail: amandaneuman.an@gmail.com

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