Valdevan 90: faxineira confessa ter emprestado CPF para doação | F5 News - Sergipe Atualizado

Eleições 2018
Valdevan 90: faxineira confessa ter emprestado CPF para doação
Ele é investigado por suspeita de captação ilícita de recursos para doações pós-campanha
Política | Por Will Rodriguez 11/12/2018 10h20 - Atualizado em 11/12/2018 15h09


O Ministério Público Federal em Sergipe (MPF/SE) quer saber a origem dos recursos correspondentes a 86 doações feitas ao deputado federal eleito Valdevan Noventa (PSC), preso na operação Extraneus, após a campanha eleitoral deste ano. A Procuradoria Regional Eleitoral do MPF deve concluir ainda esta semana o procedimento de investigação que apura a suspeita de captação ilícita de recursos que teria sido orquestrada pelo candidato para quitar o valor pendente na prestação de contas apresentada por ele à Justiça Eleitoral, cujo julgamento ainda não ocorreu.

Essa investigação corre em paralelo àquela deflagrada pela Polícia Federal em conjunto com a Promotoria Eleitoral (1º grau), que resultou nas prisões preventivas de Valdevan e do seu assessor Evilázio Ribeiro, que embora tenha atuado como coordenador de campanha aparece na prestação de contas como doador e não como prestador de serviços.

Em entrevista coletiva, nesta terça-feira (11), a procuradora Regional Eunice Dantas detalhou os procedimentos já adotados no curso da instrução da investigação na esfera eleitoral. Segundo ela, todas as 86 doações suspeitas no valor de R$ 1.050 cada foram feitas após o primeiro turno da eleição. Elas somaram R$ 90.300 e equivalem a 25% do total de recursos arrecadados pelo candidato R$ 352.183.

“Fomos até as residências de alguns dos doadores, muitos deles com cadastro no CadÚnico – necessário para obtenção de benefícios sociais do Governo – e verificamos a completa incompatibilidade das doações com o perfil dos doadores”, disse a procuradora Eunice Dantas, citando o caso da suposta doadora Erika Heloisa Nunes dos Santos, que disse em depoimento “trabalhar como faxineira em um restaurante e que apenas emprestou o CPF para doação a pedido de Karina Liberal, coordenadora do comitê de campanha de Valdevan”.

No bairro Ponto Novo, zona Oeste de Aracaju, a desempregada Eduarda Soares Santana vive em uma residência cedida por um conhecido e figura como uma das 86 pessoas que fizeram doações sequenciais de R$ 1.050 através de depósitos realizados entre os dias 18 e 29 de outubro, sempre na mesma faixa de horário, conforme destacou a procuradora Eunice Dantas.

Casa de suposta doadora no bairro Ponto Novo, em Aracaju. (Foto: cedida por Magna Santana)

Também são objeto da investigação da Procuradoria Eleitoral as doações feitas por pessoas cujo vínculo empregatício trata-se da mesma pessoa jurídica. É o caso de servidores do município de Arauá, onde o vice-prefeito é sobrinho de Valdevan Noventa, que fizeram doações no mesmo valor, dia e horário através de transferência bancária do Banco do Brasil para o Banese, na agência do município de Estância, base eleitoral do candidato eleito. O MPF aguarda os dados da quebra do sigilo bancário desses doadores para identificar a origem dos recursos. A procuradora também pediu à Justiça Eleitoral que autorize o compartilhamento das informações sigilosas que constam no inquérito da PF.

Valdevan Noventa foi eleito com 45.472 votos. Do total de recursos doados à sua campanha, cerca de R$ 200 mil foram oriundos de pessoas ligadas ao Sindicato dos Motoristas de São Paulo (Sidmotoristas), do qual o deputado eleito é presidente. O baixo valor gasto na campanha também é questionado pela Procuradoria na Representação, que classifica sua prestação de contas como “peça ficcional”.

Um grupo da PF que monitora facções criminosas apontou indícios de envolvimento entre o deputado eleito e a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), segundo informou o Blog Matheus Leitão no Portal G1.

Ao portal paulista Diário do Transporte, o assessor da presidência do Sidmotoristas, Romualdo Santos, disse que Valdevan Noventa é alvo de perseguição política movida por candidatos que foram derrotados pelo sindicalista em Sergipe. “É perseguição política. Não há prova robusta. As acusações não são verdadeiras. Noventa é idôneo”, declarou.

Valdevan segue custodiado na Cadeia Pública de Estância (SE) e poderá ser diplomado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/SE) na segunda-feira (17) através de um representante. A defesa do deputado eleito ainda não se manifestou sobre as acusações. O espaço está aberto para manifestações.  

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