Os porcos e o desenvolvimento sustentável
Cidade no Sul dá exemplo de como somar atividade econômica e respeito ao meio ambiente Editorial | Por Monica Pinto 01/08/2019 13h00 - Atualizado em 01/08/2019 12h55Sempre oportuno lembrar o que significa o conceito de desenvolvimento sustentável: é aquele capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. Em suma, é um padrão de desenvolvimento que não esgota os recursos naturais, permite sua renovação e, assim, alimenta a continuidade da espécie humana na Terra com um mínimo de qualidade.
Ainda que esse propósito pareça perder força, sem grande alarde – o que é lamentável – uma cidade paranaense comprovou recentemente que, sim, é possível transformar em lucro o passivo ambiental de uma forte atividade econômica naquele estado, a suinocultura.
Desde o dia 26 passado, 72 prédios da prefeitura de Entre Rios do Oeste, incluindo escolas, postos de saúde e secretarias, são abastecidos com energia elétrica gerada pelos dejetos de 40 mil suínos de criadores da região, entre os 150 mil animais da suinocultura na cidade. A medida nasceu de uma parceria do poder público com o Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás). Com isso, cerca de 215 toneladas por dia de dejetos de 18 propriedades rurais passaram a ser tratados e se tornaram insumo para a produção do biogás em biodigestores. O gás é transportado por gasodutos até o local da geração de energia e a queima do material aciona um gerador que produz eletricidade.
"A gente está em uma região em que o agronegócio se desenvolveu com muita velocidade e a demanda por energia cresceu muito rápido. Com esse projeto a gente está fazendo o tratamento de 215 toneladas de dejetos de animais por dia, esse resíduo acabaria poluindo o solo, os lençóis freáticos e inclusive os rios que acabam desembocando no reservatório de Itaipu. Com isso, o projeto busca transformar um problema ambiental em um ativo econômico", disse o presidente do CIBiogás, Rodrigo Régis Galvão, à Agência Brasil.
A iniciativa, já chamada de “pré-sal caipira”, se constitui em proveitoso exemplo, a inspirar outras semelhantes, já que também é possível produzir biogás com dejetos de outros animais e com matéria-prima vegetal, como a cana de açúcar. Um caminho para aliar desenvolvimento econômico à sustentabilidade ambiental, sem o que não existe verdadeiro progresso.