Com um olhar atento às lentes da câmera, jovens com Síndrome de Down aprendem os conceitos e as técnicas de fotografia através do projeto Galera do Click, em Aracaju (SE). Manusear a máquina parece difícil, mas para essa galera o interesse ultrapassa qualquer limite ou condição.

A partir da iniciativa da fotógrafa Sandra Reis, que tem um filho com a síndrome e começou o projeto em São Paulo no ano de 2015, agora jovens com a mesma condição cognitiva em Sergipe passaram a ter aulas profissionalizantes de fotografia. Após a visita dela à capital a convite do Instituto Luminar ano passado, foi dado o pontapé em Aracaju e os resultados já aparecem.

Desde janeiro deste ano, 14 alunos participam pela primeira vez das aulas em conjunto com o instituto, Associação Sergipana dos Cidadãos com Síndrome de Down (Cidown) e fotógrafos profissionais voluntários. A primeira turma, alojada em uma sala do Yázigi, começa a se familiarizar com a máquina e tem apresentado evolução nas práticas, segundo o jornalista e fotógrafo Saulo Coelho, que articulou o projeto na capital.

“Já estamos na quinta ou sexta aula e a gente já sente a empolgação e o empenho deles. A gente percebe que eles se sentem valorizados. É uma forma de ensino bem mais específica, a gente tem que ter muito cuidado com o processo de aprendizagem, muita prática para que eles internalizem os conceitos e as técnicas, e tem sido uma experiência muito engrandecedora”, diz o coordenador.

Aracaju é o primeiro município fora da capital de São Paulo que recebeu o projeto com a premissa de treiná-los para o mercado de trabalho no ramo da fotografia. “Não é uma terapia ocupacional ou uma distração, mas um curso profissionalizante. O aprendizado é bom para todo mundo e para eles especialmente. Eles interagem com amigos, têm a chance de se manifestar, fazer perguntas, ser espontâneos. O feedback dos pais e do pessoal envolvido no apoio também é muito positivo”, ressalta Coelho.

Em São Paulo, o projeto evoluiu na ideia de levar os jovens ao mercado de trabalho. Segundo Saulo Coelho, alguns já fazem trabalhos fotográficos em eventos, formaturas e até em jogos de futebol, supervisionados pela professora.

“Estamos muito animados e a expectativa é que talvez no segundo semestre a gente já tenha algumas experiências profissionais e exposições das fotografias deles. Muitos já têm um traquejo maior com o manuseio da câmera, o uso das técnicas”, relata o fotógrafo.

A equipe responsável pelo projeto está em busca de apoio financeiro para a compra de equipamentos, câmeras fotográficas e impressoras. Qualquer pessoa ou empresa pode ajudar e se tornar parceiro na divulgação do projeto. A sede da ONG Iluminar fica à rua Poeta José Sales de Campos n° 794, sala 4, bairro Coroa do Meio. Informações: (79) 3021-0757 / 3223-1915 / 99146-3201.

Hoje às 14h, o projeto será divulgado numa audiência pública na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), em comemoração ao Dia Internacional da Síndrome de Down que este ano tem como mote de campanha “Ninguém fica para trás”. Na Praça de Eventos 1 do Shopping Jardins, também em homenagem ao Dia, acontece a exposição da Cidown até domingo (24), com fotos de alunos que foram modelos fotográficos.